Estudo publicado na “Nature Structural & Molecular Biology”
Uma equipa de investigadores descobriu uma molécula que bloqueia o progresso da Alzheimer quando a doença se encontra num estado crucial do seu desenvolvimento.
O estudo conduzido pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, pelo Instituto Karolinska, Universidade de Lund e Universidade Sueca de Ciências da Agricultura, na Suécia, e pela Universidade de Tallinn, na Finlândia, vem abrir caminho para a possível identificação de outras moléculas que possam exercer um efeito idêntico sobre aquela doença.
Uma “chaperona” molecular, que é um tipo de molécula que ocorre naturalmente em humanos, poderá desempenhar um papel inibidor no processo molecular que se pensa causar a doença de Alzheimer, quebrando o ciclo de eventos que os investigadores consideram que conduz à doença.
A acumulação de proteínas mal enroladas ou com funcionamento deficitário, um fenómeno denominado fibrila amiloide, constitui uma das etapas chave do desenvolvimento da Alzheimer e de outras doenças degenerativas. As fibrilas amiloides formam acumulados tóxicos que ajudam a doença a espalhar-se pelo cérebro.
A molécula agora descoberta, chamada Brichos, adere aos segmentos de fibrilas amiloides e evita que as mesmas entrem em contacto umas com as outras, quebrando assim a reação tóxica em cadeia.
Estudos recentes sugerem a existência de uma segunda etapa que é também fundamental no desenvolvimento da doença de Alzheimer. Após a fibrila amiloide se formar a partir de proteínas mal enroladas, estas ajudam outras proteínas que entram em contacto consigo a enrolarem-se de forma incorreta e formarem pequenos aglomerados denominados oligómeros. Os oligómeros são altamente tóxicos para os neurónios e pensa-se serem responsáveis pelo efeito devastador da Alzheimer.
Esta segunda etapa é denominada nucleação secundária e parece desencadear uma reação em cadeia que acelera a progressão da doença. Com este estudo foi demonstrado que a Brichos bloqueia de forma eficaz a nucleação secundária e interrompe a reação em cadeia que acelera a progressão da Alzheimer.
A molécula Brichos ajuda a proteína a evitar um mau enrolamento. Em laboratório foi observado que quando a molécula entra em contacto com uma fibrila amiloide adere-se à superfície desta última, formando uma camada que impede a fibrila amiloide de ajudar outras proteínas a efetuarem um mau enrolamento e à nucleação de oligómeros tóxicos.
“O nosso estudo demonstra, pela primeira vez, um desses processos críticos a serem especificamente inibidos e revela que ao fazê-lo podemos impedir os efeitos tóxicos da agregação de proteínas que está associada a esta horrível doença”, avança Samuel Cohen, autor principal do estudo, investigador na Universidade de Cambridge.
“É incrível que a natureza – através de “chaperonas” moleculares – tenha evoluído para uma abordagem semelhante à nossa, ao focar-se em inibir muito especificamente as etapas chave que conduzem à Alzheimer. Agora, uma boa tática é procurar outras moléculas que possuam este efeito altamente exclusivo e ver pode ser utilizado como ponto de partida para o desenvolvimento de futuros tratamentos”, conclui o investigador.
ALERT Life Sciences Computing, S.A.
Fonte: http://www.alert-online.com/
Foto: El Coleccionista de Instantes, Flickr