A tecnologia está cada vez mais presente no universo da medicina. Impressoras 3D que criam implantes com cartilagem humana, videoconferências médicas, dispositivos “vestíveis” em prol da saúde e beacons são apenas algumas das aplicações possíveis. Agora, startups querem revolucionar o mundo das imagens biomédicas.
Atualmente, os diagnósticos por imagem são planos, mas empresas inovadoras querem levar esses resultados para um ambiente tridimensional. A EchoPixel, por exemplo, anunciou que recebeu autorização da FDA (Food and Drug Administration, uma espécie de ANVISA norte-americana) para utilizar o software chamado True3D Viewer para diagnóstico e planejamento cirúrgico. O grande diferencial do True3D Viewer é que ele possibilita a visualização das imagens em forma de holograma – ou quase isso.
Atualmente, a maioria das técnicas de imagens biomédicas exige que os médicos criem visualizações tridimensionais a partir de uma série de dados coletados em imagens 2D, que geralmente são obtidas com equipamentos como scanners de tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassom. Mas esse sistema é imperfeito e nem sempre representam com precisão o tecido ou órgão afetado devido a buracos na junção das imagens. A holografia pode ajudar a corrigir esse problema fornecendo aos médicos uma imagem 3D completa de um corpo ou órgão específico. Os médicos poderão mover as imagens, dar zoom e manipulá-las de diversas formas.
Porém, a EchoPixel prefere chamar a tecnologia de “imagem 3D” e não de holografia, uma vez que ela traz uma visão estereoscópica, parecida com aquelas que vemos em filmes 3D ou no Nintendo 3DS. Já empresas como a Zebra Imaging e RealView Imaging criam verdadeiros hologramas, no melhor estilo Tupac Shakur no Coachella 2012.
Independente do termo adotado, o fato é que o objetivo continua o mesmo: dar aos médicos e pacientes uma sensação muito mais clara da dimensão física e forma da anatomia humana em exames de imagem. Os hologramas podem ser um grande trunfo para a identificação de problemas com órgãos muito complexos, como o coração ou cérebro, onde anomalias podem ser bem sutis e quase passarem despercebidas pelos exames atuais.
Para entender melhor a atual situação desse mercado, conheça algumas empresas que já trabalham no desenvolvimento de tecnologias holográficas para imagenologia biomédica:
True 3D Viewer (t3D), da EchoPixel
A EchoPixel é uma startup de Mountain View, Califórnia, e o seu software, o t3D, converte imagens 2D em uma imagem com efeito estereoscópico 3D. Os cirurgiões e radiologistas podem cortar a estrutura virtual criada pelo software em qualquer ângulo que desejarem, criando um número infinito de seções transversais, além de rodar a imagem para a posição mais adequada para simular a cirurgia, por exemplo.
Até agora, o t3D foi utilizado apenas em estudos preliminares na Universidade da Califórnia, Stanford e no centro médico acadêmico Cleveland Clinic, mas a EchoPixel pretende expandir a tecnologia rapidamente agora que ela tem a aprovação da FDA.
ZScape Holographic Motion Display, da Zebra Imaging
O ZScape é um excelente exemplo de como a holografia pode compensar a escassez de cadáveres para alunos de medicina utilizarem em dissecações. Capaz de produzir os verdadeiros hologramas, o ZScape possui um design próprio para ser visualizado em cima de uma mesa, onde os alunos podem andar em torno do corpo projetado inteiramente para vê-lo de todos os ângulos, deslocando-se através das camadas de pele, sistema muscular, cardiovascular e esquelético.
No final do ano passado, a Zebra Imaging fechou uma parceria com o Zygote Media Group, proprietário de uma das maiores coleções do mundo de modelos médicos e anatomia 3D para instalar a sua tecnologia em diversas escolas médicas dos Estados Unidos.
RealView Imaging
A empresa israelense RealView Imaging também cria hologramas verdadeiros em uma escala portátil, diferente do ZScape. O RealView é capaz de digitalizar hologramas em tempo real e é direcionado quase que exclusivamente a médicos durante cirurgias. Eles serão capazes de puxar hologramas dos órgãos de pacientes na mesa cirúrgica e girar a imagem e manipulá-la com uma simples caneta.
A empresa arrecadou US$ 10 milhões numa rodada de financiamento liderada por investidores chineses, embora o dispositivo ainda esteja em fase de testes preliminares e aguardando a aprovação da FDA.
3D Cell Explorer, da NanoLive
A NanoLive tem uma proposta diferente das apresentadas anteriormente. Ela criou uma espécie de microscópio 3D que utiliza algoritmos holográficos para criar visualizações estereoscópicas detalhadas de células e micróbios. É possível puxar imagens a partir de um tablet, ou outro dispositivo com display touchscreen, e brincar com elas de diversas formas.
O 3D Cell Explorer ainda não chegou a muitos ambientes médicos, mas a NanoLive espera que seu aparelho possa ajudar pesquisadores, médicos e pacientes a conseguir uma melhor compreensão de como as doenças e distúrbios de nível microscópico se manifestam.
Fonte: http://canaltech.com.br/
Foto: Mary, via Flickr