Asefe Cavalcanti teria sido vítima de violência obstétrica, que ocasionou sequelas neurológicas graves.
Uma ação civil pública do MPE (Ministério Público Estadual) irá investigar suposta violência obstétrica que ocasionou sequelas neurológicas graves ao bebê Asafe Cavalcanti.
A jovem Vanessa Cavalcanti de Oliveira, 27 anos, mãe da criança, foi internada em outubro do ano passado em trabalho de parto, com a recomendação do médico de que só poderia fazer parto de forma cesariana, mas os médicos plantonistas do Hospital Regional a forçaram ter o bebê sem o procedimento.
Segundo Vanessa, todos os exames pré-natal foram feitas na UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) do Jardim Antártica, e totalizaram 12 consultas. “Eu fui acompanhada pelo médico o tempo inteiro. Ele (Asefe) estava grande e saudável, mas o meu médico só recomendou que o parto fosse cesariana porque o bebê permanecia atravessado, não virava”, relembrou.
O drama começou na manhã do dia 20 daquele mês, quando as primeiras dores do parto começaram. “A Vanessa deu entrada no Hospital Regional às 14 horas, fizeram o toque e deixaram ela lá, depois voltaram às 18h. Só que às 21 horas a médica voltou para fazer o toque, onde acabou rompendo a bolsa”, explica a advogada da Avems (Associação das Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul), Eliane Potrich.
Mesmo sabendo que a paciente só poderia ter o bebê através de procedimento cirúrgico, a médica do hospital deixou Vanessa aguardando para realizar o parto normal. “Ela viu que havia feito alguma coisa erradas às nove horas da noite e ainda chamou um médico para tirar a dúvida, mas mesmo assim disse que ia esperar até meia noite, se eu não tivesse normal ela ia fazer a cesariana. Quando foi meia noite, fazia três horas que eu estava ali esperando com a bolsa estourada, um médico passou e viu a minha situação. De forma desesperada, ele fez a equipe de enfermeiros tirar o bebê”, relata Vanessa.
Por conta da demora, Asafe veio ao mundo com o coração parado e sem oxigênio no cérebro, o que ocasionou a paralisia cerebral. “O que mais me revolta é que ele era saudável, esperei para ter um filho por dois anos. Era para ele estar bem hoje, um menino normal, mas agora eu larguei tudo para cuidar dele e não tenho previsão nenhuma se ele vai poder ser normal”, desabafa.
A Promotora de Justiça Jaceguara Dantas da Silva Passos, titular da 67ª Promotora de Justiça da Comarca de Campo Grande, entrou com a ação civil pública nº 13/2014 para apurar o que aconteceu no hospital. “Nossa primeira luta é tentar recuperar o prontuário da criança, que não foi entregue à família mesmo sendo direito deles”, explica Valdemar Moraes.
Com as consequências da violência sofrida por Vanessa, a jovem teve que abandonar o emprego de secretária. “Entendemos que é uma família desprovida financeiramente, o bebê só se alimenta por sonda e já possui problemas motores. Nós vamos entrar com o pedido de tutela antecipara para que todas as necessidades dessa família sejam supridas”, concluiu Eliane.
Fonte: http://www.topmidianews.com.br/
Foto: Parker Knight, via Flickr