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Brasil paralímpico: falhas na saúde causaram a maioria das deficiências

Os atletas brasileiros que começam a competir nesta quinta-feira (8/9), nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, são um retrato fiel das questões de saúde pública no Brasil. Um levantamento feito pelo jornal O Globo com dados do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) na América Latina, mostra o quanto a falta de acesso a saúde básica, principalmente ao pré-natal e condições ideais de parto, foram responsáveis pelas deficiências de quase 25% dos atletas paralímpicos do país.

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Até 1990, quando praticamente toda a delegação já era nascida, as complicações no parto representavam o quarto maior número de mortes por habitantes no país. Já as anomalias congênitas, na maioria das vezes ligadas a falhas no pré-natal, eram a décima causa de óbitos de brasileiros.

Dos 286 atletas convocados para os Jogos, 72 têm paralisia cerebral causada por má oxigenação ou por problemas decorrentes do parto ou por malformação não genética — esta última se refere às causas externas, não hereditárias e comumente ocorridas pela falta de acesso à saúde desde o começo da gravidez.

Foram excluídas dessa soma as doenças congênitas, as de causa desconhecidas, e as que foram adquiridas pela mãe durante a gravidez e passadas ao bebê (como rubéola e toxoplasmose) e que não tem relação com a falta ou falha no pré-natal. Eventuais erros médicos também foram retirados dessa soma de 25%. Segundo especialistas, não entram nessa conta a chamada “geração talidomida”, prejudicada por um remédio que causava malformação de membros e só foi proibido na década de 70.

“Com esses dados é possível dizer que isso é um retrato de uma geração que não tinha acesso à saúde pública. Tem duas coisas importantes a serem pontuadas: a falta de acesso ao pré-natal e a ausência de investigação. A primeira faz com que a mãe, que muitas vezes não sabe da gravidez, não tome cuidados específicos como não tomar determinados medicamentos, fumar, beber, se expor a fatores externos. Além disso, há também uma não investigação profunda de problemas genéticos dessas crianças. Mas, a grande maioria é por problemas externos”, explica Alysson Muotri, professor da Universidade da Califórnia (EUA), especialista em genética e síndromes do neurodesenvolvimento.

No começo dos anos 2000, segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 57% das gestantes do país tinham acesso ao pré-natal ainda no primeiro trimestre. Hoje, com o um avanço nos tratamentos e do pré-natal (82% de cobertura no primeiro trimestre em 2014) o número tende a diminuir nos próximos ciclos olímpicos.

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Foto: Gazeta Esportiva/Twitter

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