Estudo foi publicado nesta segunda-feira e é parceria entre universidades e instituições brasileiras
Por Carolina Dantas
do G1
Uma parceria entre universidades e instituições de pesquisa do Brasil conseguiu identificar mais de 500 proteínas que são modificadas devido à ação do vírus da zika no cérebro humano. De acordo com o professor Stevens Rehen, que assina o artigo publicado nesta segunda-feira (23), a descoberta pode ajudar a criar novos alvos de terapia contra a infecção antes da morte das células.
O mesmo grupo de pesquisadores já havia percebido que as células-tronco neurais morriam até uma semana após a infecção pelo vírus da zika. Desta vez, eles resolveram entender como as células reagiam antes de morrer.
Para conseguir isso, usaram “minicérebros” precoces, em fase inicial – em laboratório, é feita uma reprogramação celular por meio de células-tronco. Pequenas estruturas de neurônios crescem e recriam, em certa medida, o funcionamento do órgão mais complexo do corpo humano.
O grupo coletou o vírus da zika de um paciente brasileiro e o usou para infectar tais “minicérebros”. Comparando células infectadas e não infectadas, eles observaram a expressão gênica e das proteínas. Os cientistas analisaram as características das células pouco antes de morrer para entender como o zika compromete o cérebro fetal – identificando mais de 500 proteínas modificadas.
“O principal fato do trabalho é ter chegado a este mapa de 500 proteínas que são úteis como pistas para se buscar estratégias de entender, primeiro, como funciona todo o processo degenerativo causado pela infecção, mas também tentar buscar formas de reverter”, disse o professor Stevens Rehen.
A pesquisa é uma parceria de especialistas do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Campinas (Unicamp), Instituto Evandro Chagas, Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal do Pará.
Foto: D’Or Instituto de Pesquisa e Educação (IDOR)