Adoçantes: mitos e verdades

Desde seu surgimento, surgiram boatos e acusações sobre os adoçantes. O endocrinologista Walmir Coutinho esclareceu mitos e verdades sobre eles

 

Por Walmir Coutinho
publicado na Veja Online

 

Quando apareceram no mercado, os adoçantes pareciam milagre e foram rapidamente adotados por milhões de pessoas que viviam às voltas com problemas de peso. Os anos foram passando e todos começaram a entender que só trocar o açúcar pelo adoçante não era garantia de sucesso em um tratamento para emagrecer.

Surgiram boatos e acusações. Riscos de doenças graves eram atribuídos ao aspartame, ao ciclamato e a vários outros. Mais recentemente, começaram a aparecer resultados de pesquisas sugerindo que o adoçante engorda. Fica difícil para o consumidor entender o que existe de fato por trás disso tudo.

Adoçantes são substâncias de baixo valor energético que conferem a um alimento o gosto doce. Entre os mais usados no Brasil estão a sacarina, o ciclamato, o aspartame, a stevia e a sucralose.

 

Mitos e verdades

A primeira grande dúvida diz respeito aos riscos. Quando pesquisamos os bancos de dados de publicações científicas, não encontramos comprovação de que os adoçantes causem doenças como câncer e artrite reumatoide. Se usados com moderação, não parecem trazer riscos para a saúde. Uma exceção é a fenilcetonúria, problema metabólico que proíbe a utilização de aspartame pelas pessoas afetadas.

A outra grande incerteza, surgida mais recentemente, vem de alguns trabalhos científicos que levantam a suspeita de que o uso dos adoçantes em um programa de emagrecimento pode não ajudar tanto quanto se acreditava antes. Algumas dessas pesquisas são feitas com ratinhos de experimentação e outras envolvem o acompanhamento de pessoas usando adoçantes ao longo de anos.

Os principais achados levantam a suspeita de que, mesmo com teor baixíssimo de calorias, os adoçantes podem também levar a ganho de peso, por mecanismos ainda não muito bem esclarecidos.

Algumas hipóteses foram levantadas. O cérebro poderia ser enganado, por receber a informação do sabor doce sem as calorias correspondentes, sendo então induzido a estimular o organismo a consumir mais alimentos. Outra possível explicação seria uma diminuição do gasto metabólico pelo consumo de adoçantes.

Enquanto estas dúvidas não estiverem devidamente esclarecidas, o bom senso sugere que os adoçantes sejam consumidos com moderação. Trocar o adoçante pelo açúcar, parece um péssimo negócio. Este sim continua sendo o principal vilão para quem luta contra o excesso de peso.

Foto: istock/Getty Images

Pesquisadores dos EUA iniciam segunda fase de testes de vacina contra zika

Resultados preliminares podem ser produzidos até o final de 2017

 

Por Julie Steenhuysen, Reuters

 

Pesquisadores começaram a segunda fase de testes de uma vacina contra o vírus da zika, desenvolvida por cientistas do governo dos Estados Unidos, em um experimento que pode produzir resultados preliminares já no final de 2017. O Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (Niaid), disse nesta sexta-feira (31) que o experimento de 100 milhões de dólares já foi financiado e irá seguir adiante, independentemente dos 7 bilhões de dólares em cortes no orçamento dos Institutos Nacionais da Saúde dos EUA (NIH) propostos pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, durante os próximos 18 meses.

Em entrevista coletiva a repórteres, Fauci não comentou sobre as propostas de cortes de gastos porque ainda não é certo qual será o orçamento real. O diretor dos NIH, Dr. Francis Collins, deve conversar com Trump posteriormente nesta sexta-feira. “Irei com certeza conversar com Francis Collins quando ele voltar da Casa Branca”, disse Fauci.

O zika tipicamente causa sintomas leves, mas quando o vírus infecta uma mulher grvida, ela pode passa-lo ao feto, causando uma variedade de más-formações congênitas, incluindo microcefalia, no qual a cabeça do bebê nasce menor do que o normal.
Fauci disse que a atual candidata à vacina contra o zika passou por barreiras preliminares de segurança e agora irá entrar em testes de eficácia, que irão ocorrer em duas fases.

A primeira fase irá continuar testando a segurança e avaliando a habilidade da vacina de estimular o sistema imunológico para desenvolvimento de anticorpos na luta contra o zika. Ela também irá testar diferentes dosagens, para ver qual funciona melhor. A segunda fase, marcada para começar em junho, irá tentar determinar se a vacina pode realmente prevenir a infecção do zika. Diversas companhias estão desenvolvendo vacinas contra o zika, incluindo a Sanofi SA, GlaxoSmithKline Plc e Takeda Pharmaceuticals.

No estudo do Niaid, pesquisadores buscam alistar ao menos 2.490 voluntários saudáveis em áreas com transmissões ativas possíveis ou confirmadas do zika por mosquitos. Isso inclui partes continentais dos Estados Unidos, Porto Rico, Brasil, Peru, Costa Rica, Panamá e México. Eles irão receber a vacina ou um placebo e serão monitorados por dois anos.

Caso pessoas suficientes sejam expostas ao vírus, Fauci disse que podem receber um sinal de eficácia tão cedo quanto o fim deste ano. Os testes são esperados para serem finalizados em 2019. Fauci disse que o governo já está em discussões com companhias farmacêuticas que irão compartilhar os custos do estágio final de testes e lidar com a fabricação.

O zika é primariamente transmitido por mosquitos, mas também pode ser transmitido sexualmente. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, 5.182 pessoas em áreas continentais dos EUA foram infectadas pelo Zika localmente ou em viagens a áreas onde o vírus se espalha. Outros 38.303 casos foram relatados em territórios norte-americanos, incluindo Porto Rico.

 

Foto: Kateryna Kon / Science Photo Libra / KKO / Science Photo Library