Estudo publicado no ‘JAMA Psychiatry’ mostra que monitoramento de região do cérebro pode ajudar a avaliar quais pacientes vão se beneficiar mais de tratamentos para a depressão. A pesquisa está em fase inicial
Por G1
m dos maiores desafios da medicina é a medição da eficácia de tratamentos para doenças complexas como a depressão. A condição envolve questões multifatoriais, que vão desde a genética ao meio que um indivíduo vive; por esse motivo, não são todas as pessoas que respondem 100% a tratamentos com antidepressivos.
Em estudo publicado no “JAMA Psychiatry”, no entanto, cientistas acreditam ter encontrado um método para prever quais pacientes vão ter alta ou baixa probabilidade de responder ao tratamento. O artigo está disponível on-line e deve ser publicado em junho de 2018.
Na pesquisa, a equipe de cientistas do Hospital McLean (EUA) descreve que a atividade de uma área específica do cérebro, a ACC (sigla em inglês para “córtex singulado anterior”), pode ajudar a medir se, no início do tratamento, os pacientes com depressão vão ter benefícios no longo prazo.
A região ACC tem a forma de colar e está envolvida em áreas como o controle da pressão arterial e batimentos cardíacos. Alguns estudos também associaram a região ao circuito de funções mais complexas, como a tomada de decisões.
Para chegar a essa conclusão, cientistas testaram 300 pacientes que fazem uso do medicamento sertralina em quatro locais diferentes nos Estados Unidos. “Nós mostramos que o ACC rostral [região do cérebro] conseguiu mostrar se o paciente estava respondendo ao tratamento oito semanas depois”, diz Diego Pizzagalli.
O pesquisador considera que, com base nessa resposta, médicos poderiam prever qual paciente irá se beneficiar do medicamento no longo prazo. Em estudo anterior, os cientistas já haviam observado que, quanto maior a atividade dessa região antes do início do tratamento, melhor a resposta clínica de antidepressivos.
Um próximo passo do estudo é a combinação desses dados com outros — como informações de psicoterapia, dados clínicos e demográficos. Um outro passo é a avaliação da possibilidade de uma nova droga capaz de atingir especificamente essa área.
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