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Mortes por overdose de drogas e suicídio superam as por diabetes nos EUA

Estudo publicado na revista ‘BMJ’ juntou dados americanos por autolesão intencional, no caso do suicídio, e não-intencional, no caso do uso de opioides e outros tipos de intoxicação pelo uso de drogas

Por Carolina Dantas, G1

O número de mortes devido a overdose e suicídio supera as registradas por causa da diabetes nos Estados Unidos, segundo análise de dados públicos feita por um grupo de pesquisadores e publicada nesta segunda-feira (27) na revista “BMJ”.

A pesquisa é liderada pelo Departamento de Epidemiologia da Universidade de West Virginia, em parceria com os Departamentos de Psiquiatria da Universidade de Rochester, em Nova York, e da Universidade Harvard, em Boston.

Os cientistas usam o conceito de “Mortalidade por autolesão” (Self-injury mortality, sigla SIM) que reúne dados relativos às mortes ocorridas por suicídios concluídos por qualquer método e uma estimativa de mortes não-intencionais devido ao uso de opioides e outras intoxicações ligadas ao uso de drogas em geral.

Os dados mostram:

As mortes por suicídio e uso de drogas ultrapassaram as que ocorreram devido ao diabetes nos EUA no ano de 2015
Em 2016, a lacuna entre os números aumentou: ocorreram 29,1 mortes por 100 mil habitantes por uso de drogas e suicídio contra 24,8 mortes por 100 mil devido ao diabetes
O índice de mortes devido ao suicídio e ao uso de drogas cresceu 80% no país desde 2000
Números são puxados pelos homens. Eles abusam das drogas e comentem suicídio mais do que morrem por diabetes desde 2002 no país
Esses são os números mais recentes divulgados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), órgão de saúde americano.

A análise mostra que a recorrência de mortes por suicídio e abuso de drogas está mais ligada à vida dos homens americanos. O número de óbitos entre pessoas do sexo masculino passou o registro de diabetes no país ainda em 2002. O mesmo não aconteceu no caso das mulheres: elas ainda morrem mais por diabetes, mesmo com uma queda na taxa entre os anos de 2000 e 2016.

O artigo lembra que o governo dos Estados Unidos iniciou uma estratégia de prevenção para doenças cardiovasculares, câncer de pulmão ligado ao fumo, HIV e acidentes de trânsito, o que gerou um entendimento epidemiológico sobre esses assuntos e contribuiu para atitudes políticas nos estados. O mesmo, de acordo com os autores, deve ocorrer devido ao abuso de drogas e alta no caso de doenças mentais.

Epidemia de drogas e opioides

Demi Lovato chamou a atenção devido a sua internação por uso de drogas. Ela é uma sobrevivente, mas 142 americanos morrem de overdose por dia, em média. Os opioides já matam mais que os acidentes de carro e os casos de homicídios somados no país. A taxa de mortes apenas pelo uso de drogas cresceu de 6,2 para 19,7 por 100 mil habitantes de 2000 até 2016.

A heroína está entre as drogas ilegais mais consumidas, de acordo com os CDC. Eles chamam a atenção, no entanto, para o número de overdoses pelo consumo de medicamentos comprados com receita médica: eles representam mais da metade dos das mortes pelo uso de drogas nos EUA.

No país, os analgésicos feitos à base de opioides são muito comuns. São fortes e com poder de adicção, fatores apontados para a alta no número de mortes.

Os autores do estudo justificaram porque relacionam as duas estatísticas – mortes por drogas e suicídio. Eles dizem que os médicos legistas usam as classificações de “morte acidental” e “causa indeterminada” para casos de overdose que podem estar relacionados a suicídio.

Existem casos de pessoas deprimidas que injetaram heroína, se embebedaram e deixaram um bilhete para a família – estes, são considerados suicídio. Há casos idênticos: depressivos que usam drogas, abusam do álcool e não deixam bilhetes – são notificados como “mortes acidentais”.

“Essa última classificação como “acidental” ou “não-intencional” é enganosa, no entanto, já que a maioria os opioides injetáveis de forma consciente estão relacionados com um padrão de automutiação repetitiva associada à morbidade e mortalidade significativas”, escreveram.

Foto: Patrick Sison/AP

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