fbpx

Comer inseto faz bem ao intestino, mostra estudo

Em pesquisa, farelo de grilo contribuiu para a proliferação de bactérias boas no aparelho digestivo

Por Saúde é Vital

O título desta matéria deve ter provocado caretas em muita gente. Mas você não leu errado. Para a nutricionista Valerie Stull, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, não há motivo para rejeitar insetos à mesa. “Eles são ricos em nutrientes, geralmente deliciosos e sua agricultura traz benefícios ambientais”, lista a estudiosa.

Recentemente, ela recrutou 20 adultos para uma experiência. Durante 14 dias, uma parte provou um café da manhã “normal”, enquanto a outra turma consumiu farelo de grilo em forma de bolinho ou shake. Depois, os grupos inverteram os cardápios.

“Queríamos confirmar se o consumo de grilos era seguro e tolerável. Esperávamos que sim, considerando que as pessoas comem esses insetos ao redor do mundo. Mas a intenção era ver isso clinicamente”, informa.

Além da questão da segurança, Valerie tinha a intenção de checar se esse comportamento afetaria a saúde. Por isso, antes do processo e depois de cada uma das intervenções, os cientistas coletaram sangue e amostras de fezes dos voluntários – assim, daria para observar mudanças na composição sanguínea, na função dos rins e alterações na microbiota.

Os resultados

Segundo a pesquisadora, o trabalho trouxe descobertas interessantes. Primeiro, não houve sinal de toxicidade ou intolerância após o consumo dos grilos.

Mas o bacana mesmo foi um aumento significativo de uma espécie de bactéria parceira da nossa microbiota, a Bifidobacterium animalis. “Ela inibe agentes patogênicos e protege contra a diarreia”, conta Valerie.

Suspeita-se de que essas alterações estão associadas ao conteúdo expressivo de fibras encontrado nos insetos. “É possível que essas substâncias ajam como prebióticos, alimentando algumas das boas bactérias presentes na microbiota”, explica a autora.

Evidências também deram a entender que o consumo do farelo de grilo teria a capacidade de reduzir uma inflamação sistêmica no organismo.

“Mas, por favor, note que esse é um pequeno estudo piloto e o primeiro a olhar para o consumo de insetos dessa maneira. O que esses dados nos mostram com certeza é que precisamos de mais pesquisas nessa área”, pede a cientista.

Como surgiu o interesse em insetos

Valerie conta que possui formação em saúde pública e nutrição, mas sempre cultivou interesse especial em agricultura sustentável e no impacto da comida no meio ambiente. Assim, nos últimos cinco anos, seu foco de estudo tem sido especificamente a entomofagia – que é a prática de comer insetos.

“Eles são fascinantes. Embora o homem os tenha consumido durante a história, e aproximadamente 2 bilhões de pessoas ao redor do globo tenham esse hábito hoje, as pesquisas sobre o assunto são relativamente novas”, descreve Valerie.

Vantagens de todos os lados
A cientista explica que os insetos são fontes de proteínas consideradas amigas do meio ambiente. Isso porque eles precisam de menos espaço, ração e água do que o gado tradicional.

Sem falar que emitem menos gases de efeito estufa. Outra vantagem: a criação é de baixo custo, o que não geraria produtos caros para o consumidor. Ela observa que os grilos, por exemplo, gostam de espaços apertados e que cultivá-los verticalmente faz sentido.

Por fim, o principal: a maioria das espécies é rica pra valer em proteínas e outros nutrientes. “E muita gente não sabe que eles contêm fibras, ao contrário de outros produtos animais, como carne, frango e ovo”, acrescenta.

No Brasil, ainda não há legislação aprovando e regulando o cultivo de insetos para consumo humano. Mas, com tantas vantagens, quem sabe eles não aparecem no menu dos restaurantes logo mais… E aí, você provaria?

 

Foto: Ajcespedes/iStock/SAÚDE é Vital

Opções de privacidade