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No fim da gestação, grávidas ficam mais sensíveis a ameaças que se aproximam da barriga, diz estudo

Durante o terceiro trimestre, cérebro cria uma ‘bolha de proteção’ e reconhece ameaças a uma distância maior. Objetivo é despertar reação de defesa que resguarde o feto

Por G1

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (13), na revista Scientific Reports, mostra que grávidas no terceiro trimestre da gestação desenvolvem uma espécie de bolha de proteção ao redor delas. Segundo o estudo, o cérebro se adapta às modificações do corpo e aumenta a percepção de espaço e de sons. Dessa forma, a mulher passa a ter uma reação mais rápida a elementos potencialmente perigosos que se aproximem da barriga dela.

Todos nós temos o chamado “espaço peripessoal”: é a zona ao redor do corpo cujo perímetro pode medir, por exemplo, o tamanho do nosso braço. Qualquer objeto que chegue perto dessa região desperta respostas de defesa no organismo.

O que esse estudo reforça é que esse tal “espaço peripessoal” é dinâmico e pode ficar maior dependendo do contexto. No caso das grávidas, ele é ampliado para provavelmente proteger o feto. O cérebro percebe que o corpo adquiriu rapidamente outra forma, com o crescimento da barriga, e amplia a bolha de proteção.

Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores aplicaram testes de reação a estímulos táteis e auditivos, a diferentes distâncias das mulheres. Eram três grupos: grávidas no segundo trimestre da gestação, no terceiro e nos primeiros meses do pós-parto. Os resultados foram comparados a não-gestantes. Apenas as que estavam no terceiro trimestre demonstraram alteração nas percepções sensoriais – provavelmente, pelo tamanho da barriga.

E quem engorda? Também modifica essa bolha de proteção? Segundo o estudo, sim, há uma alteração, mas menor do que na gravidez. A hipótese é que o organismo se defenda mais na gestação por causa da vulnerabilidade do feto e da necessidade de protegê-lo.

Pessoas cegas

Não é a primeira vez em que a ciência prova que o “espaço peripessoal” é dinâmico. No caso de cegos que usam bengala, por exemplo, a zona de proteção é ampliada. O cérebro passa a considerar a ferramenta de apoio como uma nova parte do corpo humano. Com isso, o que está relativamente longe da pessoa é interpretado como próximo a ela.

Um objeto potencialmente perigoso que esteja se aproximando do indivíduo é detectado antes pelo cego que usa a bengala do que por alguém que não tenha deficiência visual.

Medo de cachorro

Um exemplo curioso que comprova a flexibilidade do espaço peripessoal foi descoberto em um estudo de 2014, conduzido por Marine Taffou e Isabelle Viaud-Delmont.

As cientistas mostraram que pessoas com fobia de cachorro detectam o latido do animal a uma distância maior do que as que não têm o medo. A bolha de proteção aumenta para essa situação específica – com isso, as reações de defesa são acionadas em um raio ainda maior. É como se o cérebro se organizasse para salvar o ser humano do perigo.

 

Foto: Reprodução/Pixabay

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