O número de notificações na cidade já chega a 85, sendo quatro mortes confirmadas e dois pacientes infectados. Ainda há 79 casos suspeitos sendo investigados
Por EM
Representantes do Ministério da Saúde apresentaram ontem um estudo feito em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, sobre a febre maculosa. A cidade passa por um surto da doença, que é transmitida pelo carrapato-estrela. Neste ano, já são 85 notificações. Quatro mortes pela doença e dois casos da enfermidade foram confirmados. O restante dos registros está sendo investigado. A análise do ministério apontou que é preciso reforçar a orientação aos moradores sobre a enfermidade. A Prefeitura informou que a recomendação será adotada e que vai manter o monitoramento das áreas de risco e banhos de carrapaticidas em animais de grande porte.
Equipes do Ministério da Saúde chegaram à cidade no início do mês para realizar um estudo sobre as ações que devem ser implementadas na cidade com o objetivo de conter o surto de febre maculosa. “A partir desse diagnóstico, os técnicos montaram questionários que visam não só traçar ações práticas, mas ao conhecimento e ao controle da doença. Além de mapear a percepção da população sobre os possíveis casos que ocorreram na região”, explicou José Renato Rezende, superintendente de vigilância e saúde de Contagem.
Segundo ele, a orientação da população sobre a moléstia será reforçada. “Fica cada vez mais evidente para nós que é preciso melhorar as estratégias de controle de modo geral, com ênfase na informação e na educação”, disse. Ele traçou um paralelo com a dengue, lembrando que todo mundo já conhece a forma de eliminar o Aedes aegypti, mas que ainda assim as campanhas de educação devem continuar. “Precisamos imbuir nas pessoas o conhecimento sobre as formas de evitar o contato com os carrapatos em áreas abertas e eliminá-los da residência”, disse José Rezende.
Notificações aumentam
As notificações de febre maculosa continuam aumentando em Contagem. Já são 85 registros, sendo que seis foram confirmados, quatro deles com óbitos. Outros 79 casos suspeitos seguem em análise. As investigações para detectar a contaminação dos moradores, principalmente do Bairro Nacional, onde o principal foco do surto foi detectado, continuam. Na terça-feira, a Funed enviou o resultado das análises feitas em carrapatos coletados na regional, os resultados deram negativo para a bactéria causadora da febre maculosa, a Rickettsia rickettsii, transmitida aos humanos pela picada do parasita.
De acordo com o superintendente de vigilância e saúde de Contagem, outras ações, como monitoramento dos terrenos em áreas de risco para a doença, mapeamento de córregos e das capivaras vão continuar. Assim como os banhos carrapaticidas nos cavalos. “Vamos continuar, especialmente, com os animais de grande porte até agosto. Serão banhos quinzenais nos ecopontos. Já em relação aos animais de pequenos porte, como cães, gatos e outros, temos orientado neste momento que as pessoas procurem o médico veterinário de sua confiança para que, então, indiquem o melhor carrapaticida a ser utilizado nos bichos”, disse.
Bactéria em BH
Um dos principais pontos turísticos de Belo Horizonte, a Lagoa da Pampulha, volta a ser foco de preocupação para o risco de transmissão da febre maculosa. Depois de seis anos de novela para o manejo das capivaras, roedor que é um dos hospedeiros do carrapato-estrela, vetor da doença, a bactéria que provoca a enfermidade voltou a ser encontrada em parasitas na orla do cartão-postal. Pelo mesmo motivo, o risco se estende à Cidade Administrativa, sede do Governo de Minas, na Região de Venda.
Foto: Raquel Portugal/Fiocruz Imagens