VIII Encontro de Direito Médico de Rondônia fortalece a relação médico-paciente, diz Viriato Moura

Renomado ortopedista diz que atendimento médico humanizado é imprescindível

 

Porto Velho – Saber medicina é apenas uma parte exigida de um médico. É fundamental se aprofundar no conhecimento também do aspecto psicológico e emocional do paciente. Este é o ponto de vista do médico Viriato Moura, atuante há 40 anos e especialista em ortopedia, traumatologia, medicina do esporte, medicina do trabalho e diretor-presidente do Hospital Central, uma das instituições apoiadoras do VIII Encontro de Direito Médico de Rondônia.

“O incrível”, continua Viriato, “é que as faculdades de Medicina não têm a disciplina Psicologia na grade curricular. O profissional desta área precisa ser não apenas bem formado, mas melhor informado. O emocional é importante. Médico deve exercer sua profissão com paciência. O médico não pode ser um bom profissional apenas tecnicamente. Toda vez que há judicialização de uma questão médica ficam sequelas que põe em cheque a credibilidade indispensável para que o profissional exerça bem a medicina”, argumenta.

Moura enaltece e parabeniza o advogado Cândido Ocampo pela iniciativa de realizar o encontro e por sua militância nesta área. “Eventos como este, afirma o médico, contribuem sobremaneira para a classe médica e para a população. Ocampo cumpre seu papel e realiza um trabalho profícuo e competente ao convidar profissionais da maior relevância para falar de temas que dizem respeito à relação médico-paciente”, reitera Viriato Moura.

O Encontro de Direito Médico de Rondônia, que chega ainda mais robusto à sua oitava edição, vaiz trazer informações sobre importantes questões para o desenvolvimento do conceito da medicina defensiva. “A intenção não é proteger, mas orientar o médico, que deve registrar e documentar tudo relacionado ao paciente. Todas as informações e condutas devem ser descritas e, de preferência, registrar também a confirmação do paciente. É deste relacionamento que nasce a maioria dos problemas”, disse o ortopedista.

Destacando a importância do atendimento humanizado, o ortopedista finaliza citando frase do médico italiano Augusto Murri – “Se puderes curar, cura. Se puderes aliviar, alivia. Se não puderes curar e aliviar, consola”. Os médicos deveriam levar este axioma até o final. Quando não puder fazer mais nada pelo paciente, então, console-o.

Para o coordenador do evento, advogado Cândido Ocampo, o objetivo é continuar contribuindo para o crescimento – com qualidade – dos serviços de saúde no estado, trazendo à pauta informações pertinentes e esclarecimentos a todos os envolvidos, principalmente no que se refere aos reflexos éticos e jurídicos da relação médico-paciente.

O VIII Encontro de Direito Médico de Rondônia acontece dia 16 de agosto (sexta-feira), no auditório do Tribunal de Justiça, em Porto Velho, e terá como palestrantes a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça; o presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), jurista Raul Canal. Como palestrantes locais, o desembargador Raduan Miguel Filho, do Tribunal de Justiça de Rondônia; e o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremero), Spencer Vaiciunas.

O patrocínio é do Hospital Central de Porto Velho; Instituto São Pelegrino; Hospcor e Unimed Porto Velho. O apoio é do Tribunal de Justiça de Rondônia; da Associação Nacional de Direito Médico e Bioética (Anadem); do Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero); e da Ordem dos Advogados do Brasil-Seccional Rondônia.

Mais informações e inscrição: www.direitomedicorondonia.com

 

Pesquisa: brasileiros desconhecem o perigo do diabetes para o coração

Boa parte dos diabéticos não reconhece a ligação entre sua doença e males cardiovasculares (infarto, AVC), que são as principais causa de morte entre eles

Por Saúde é Vital

Na última edição do Endodebate, evento que reuniu mais de 600 médicos em São Paulo entre os dias 19 e 20 de julho, o endocrinologista e coordenador da iniciativa Carlos Eduardo Barra Couri repetiu uma frase à exaustão: “Falta de informação mata. E mata do coração!” Seu mantra faz referência a uma das principais descobertas de uma pesquisa inédita apresentada no encontro sobre diabetes.

O estudo, feito pela SAÚDE e pela área de Inteligência de Mercado do Grupo Abril, com a curadoria do doutor Couri e o apoio do laboratório Novo Nordisk, detecta a persistência de um desconhecimento sobre o elo entre o diabetes e os problemas cardiovasculares. O achado é alarmante se levarmos em conta que situações como infarto, AVC e insuficiência cardíaca representam hoje a principal causa de morte entre quem precisa tratar a glicose nas alturas.

Para chegar a essa e a outras conclusões, foram entrevistados 1 439 brasileiros de todas as regiões do país por meio de questionários via internet – 611 indivíduos com e 828 sem diabetes tipo 2, a versão mais prevalente da doença.

A pesquisa Quando o Diabetes Toca o Coração escancara percepções equivocadas capazes de repercutir nos cuidados com a saúde. Praticamente dois terços dos participantes sem diabetes não enxergam a doença como algo muito grave e mais da metade dos cidadãos com o problema tampouco a encara como uma condição extremamente séria.

Na comparação entre os fatores de risco para os males do coração, o diabetes é visto como menos impactante em comparação com outros perigos clássicos, caso da pressão alta e do cigarro. Enquanto a maioria esmagadora dos respondentes associa a doença a amputações, um quarto do público com diabetes e quase metade daqueles sem a condição não concordam ou sabem dizer que existe relação direta entre diabetes e infarto. Ora, a sobrecarga de açúcar no sangue – e tudo que vem na companhia dela – é um prato cheio para o entupimento das artérias.

Para Couri, que também é pesquisador da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, reverter esse cenário de desinformação passa por campanhas, compartilhamento de conteúdo de qualidade e muita conversa no consultório. “Os médicos, especialmente diante de alguém com diabetes, têm o dever de esclarecer e orientar a prevenção das doenças cardiovasculares”, enfatiza. É um assunto de saúde pública: falamos da principal causa de morte no Brasil e no mundo.

Mas por que o diabetes pesa tanto nessa história? Para resumir uma ópera bioquímica um tanto complexa, anos de açúcar dando sopa na circulação geram um ambiente de estresse e inflamação, que, em última análise, leva à obstrução nos vasos (e, aí, infarto e AVC espreitam) e ao enfraquecimento do coração (lá vem insuficiência cardíaca). “Além disso, o diabetes não costuma vir sozinho. É comum estar atrelado a excesso de peso, colesterol alto, hipertensão…”, nota Couri.

É claro que o paciente, devidamente instruído, tem o seu quinhão de responsabilidade. E a pesquisa mostra que, embora as pessoas tenham boa noção de um estilo de vida saudável, há uma dificuldade ou resistência na incorporação desses hábitos.

Nesse sentido, os números mais preocupantes estão do lado de quem tem diabetes. Menos da metade pratica atividade física na frequência recomendada pela Organização Mundial da Saúde – pelo menos três vezes por semana – e, ainda que o tabagismo esteja em queda, tudo leva a crer que gordura e açúcar aparecem mais do que deviam no cardápio.

A balança também preocupa. Mais de 50% dos indivíduos sem diabetes e 70% dos sujeitos com a doença se consideram acima ou muito acima do peso. E o estudo revela que nem metade dos entrevistados foi submetida a uma medida da circunferência abdominal no último ano. “É um exame simples e barato cujo resultado chega a ser mais importante do que os quilos da balança”, diz Couri. A gordura da barriga está associada ao descontrole da glicemia e a um maior risco cardiovascular.

A pesquisa Quando o Diabetes Toca o Coracão acusa um déficit na realização de consultas e exames de rotina. Mais de 20% dos respondentes sem diabetes admitem não ir ao médico pelo menos uma vez ao ano. O público com a doença se sai um pouco melhor: ainda assim, um em cada dez não vai ao consultório uma vez sequer no período de 12 meses.

Alguns exames importantes para averiguar ou monitorar complicações do quadro também passam batido. Exemplos críticos: só 38% dos pacientes fizeram um teste ergométrico, que apura presença de irregularidades cardíacas, e 47% não realizaram (ou não se lembram de ter feito) uma prova da função renal no último ano.

Lacunas significativas de orientação médica e adesão ao tratamento também foram observadas. Pensando nos pacientes com diabetes, em 44% dos casos o profissional que os acompanha não falou sobre problemas do coração na última consulta e, em 16%, se falou, a orientação foi considerada insatisfatória.

O dado reforça a necessidade de abordar mais e de forma contundente o papel da doença nas enfermidades cardiovasculares em consultório. Inclusive para engajar as pessoas a seguirem o plano terapêutico: 34% dos indivíduos com diabetes revelaram não levar ao pé da letra a prescrição na hora de tomar os remédios.

A pesquisa soa outro alarme: parcela expressiva dos entrevistados relata a presença de sintomas que podem indicar comprometimento nas artérias, como tontura, palpitação e dor nas pernas e no peito. No mínimo, eles pedem uma investigação detalhada junto ao médico.

E tem mais um ponto urgente: entre os 87 participantes diabéticos que já tiveram infarto, AVC ou outro perrengue do gênero, mais de um terço admite não ter começado a se cuidar após o episódio e, para a maioria, o profissional não alterou o tratamento do diabetes. “Isso é gravíssimo, porque são as pessoas mais vulneráveis a esses perigos. Tanto os médicos como os pacientes precisam vencer a inércia”, defende Couri.

 

 

Fotos: Thiago Lyra/ Ilustração/Infográfico/SAÚDE é Vital

Ministério da Saúde lança campanha e reforça importância da amamentação

Segundo a pasta, o aleitamento materno é a melhor forma de nutrição infantil e é capaz de reduzir em 13% a mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos

Por Jovem Pan

O Ministério da Saúde lançou nesta quarta-feira (31) a campanha anual de incentivo à amamentação. O anúncio ocorreu na sede da Organização Pan-Americana da Saúde, em Brasília.

A ação reforça a importância de amamentar até os 2 anos de idade ou mais, sendo de forma exclusiva até os 6 meses de vida do bebê. Segundo a pasta, o aleitamento materno é a melhor forma de nutrição infantil. Além disso, é capaz de reduzir em 13% a mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos, como diarréia, infecções respiratórias e alergias.

Um estudo de 2016 apontou também que 823 mil mortes de crianças e 20 mil de mães poderiam ser evitadas a cada ano com a ampliação da amamentação.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que os primeiros mil dias da vida são definitivos. Segundo ele, foi um estudo feito na Romênia que descobriu a importância desse período na vida de um ser humano. Os bebês que não receberam o aleitamento materno apresentaram problemas de saúde.

“Pela primeira vez, foi feito o vínculo com doenças físicas. Câncer é muito maior, diabetes com índice muito maior do que nas nas crianças que foram regularmente amamentadas”, disse o titular da pasta.

Mandetta também afirmou que pretende retomar o inquérito de amamentação, que foi publicado pela última vez em 2008. Ele disse, ainda, que pretende fazer o levantamento no âmbito do Mercosul, para saber como estão os indicadores de amamentação nos países que compõem o bloco.

“O Ministério da Saúde vai retomar o inquérito sobre amamentação neste ano. Como o Brasil é presidente do Mercosul, quero ver se junto com a OPAS [Organização Pan-Americana da Saúde], da UNICEF, se a gente faz o inquérito de amamentação no âmbito do Mercosul, porque daí a gente teria uma posição de América e acho que isso seria um grande diferencial para chamar a atenção nesses quatro países”, afirmou o ministro.

Na cerimônia, o ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, anunciou a habilitação de 39 unidades hospitalares como Hospital Amigo da Criança. Desse total, 31 terão a habilitação renovada e oito serão habilitadas pela primeira vez. Serão destinados R$ 2 milhões ao ano para o custeio dessas unidades.

 

Foto: Mariana Riscala/Portal Jovem Pan Online

Estilo de vida aumenta o risco de AVC em jovens

O AVC em pessoas mais jovens pode deixar mais sequelas. Veja como saber se uma pessoa está tendo um acidente vascular cerebral

Por G1

O acidente vascular cerebral (AVC) tem aumentado entre os jovens. Uma pesquisa feita em Joinville (SC), apontou que em dez anos, a incidência de AVC na população menor que 45 anos aumentou 62% na cidade. Esse comportamento reflete uma tendência mundial.

De acordo com o neurologista Octávio Pontes Neto, isso tem acontecido porque cada vez mais os jovens têm doenças que são fatores de risco para o AVC, como diabetes, hipertensão, obesidade e uma vida estressante. Além disso, outros fatores também podem aumentar a incidência: uso de drogas, anticoncepcionais orais e reposição hormonal.

“O AVC é mais grave em jovens. Isso porque com o tempo as artérias desenvolvem um fluxo sanguíneo colateral, ou seja, outros caminhos para transportar o sangue são criados. Quanto mais jovem, menos caminhos. Por outro lado, o cérebro jovem tem uma capacidade maior de recuperação”, explica o neurologista.

O AVC é a quarta doença que mais mata no Brasil e é a que mais causa incapacidade no mundo.

Sinais do AVC

No primeiro sintoma, o paciente deve ser levado com urgência ao hospital. Os sintomas aparecem sempre subitamente e são:

Não existe uma ordem e os sinais podem aparecer isoladamente. Lembre-se que eles ocorrem sempre de uma forma súbita, ou seja, do nada.

O pós-AVC

Atividades simples do cotidiano se tornaram desafios para o nutricionista Lincoln Viana Rodrigues. “Eu não conseguia nem falar e nem fazer atividades com o braço direito. Não conseguia ler e nem escrever”. São consequências de um AVC que ele teve aos 32 anos.

O nutricionista pesava 120 quilos, era sedentário e tinha uma rotina estressante. Apesar de ter se formado em nutrição, não comia bem. “Tinha uma alimentação rica em gordura, em alimentos rápidos”.

Logo após o AVC, o maior drama do Lincoln foi a dificuldade de leitura. Era como se todas as palavras tivessem sido escritas em um idioma desconhecido. Isso poderia afetar muito a rotina e a vida profissional dele. O tratamento foi com um método muito simples, mas eficiente: fazendo caça-palavras! “No começo não conseguia achar nada, era frustrante. Depois que você começa a achar é uma vitória”.

Ele fez fisioterapia para recuperar a coordenação motora e sessões de fonoaudiologia para melhorar a fala. Os hábitos também mudaram: a alimentação melhorou, a atividade física entrou na rotina e ele emagreceu 45 quilos!

 

Foto: Arte/TV Globo

Dados sobre casos de câncer no Brasil devem ser aprimorados com urgência

Apesar de já ter sido aprovada, a lei de notificação compulsória do câncer ainda não saiu do papel. E isso impacta a vida de todos os pacientes

Por Saúde é Vital

As tecnologias de combate ao câncer desenvolvidas nas últimas décadas mudaram o paradigma de que essa é uma doença “incurável”. Tratamento baseado em perfil genético do paciente, radio e quimioterapias mais potentes e as imunoterapias elevaram a qualidade do atendimento, oferecendo doses de esperança a pacientes e seus familiares. No entanto, essas inovações, por si sós, não propiciam a democratização dos avanços da oncologia, principalmente no Brasil, país em que os dados sobre câncer são defasados.

Por aqui, é provável que o número de casos da doença seja muito maior do que o registrado oficialmente. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), em 2018 havia uma relação de 200 pacientes para cada 100 mil brasileiros. Mas esse número pode ser muito maior, pois as bases de dados sofrem com a subnotificação e a defasagem de informações.

O problema é que, sem dados confiáveis, não sabemos com precisão onde os pacientes vivem, como foram diagnosticados e como estão sendo tratados.

Em pleno século 21, o Brasil – que ainda penaliza cidadãos dependentes do SUS (Sistema Único de Saúde) pela baixa infraestrutura na maioria dos hospitais públicos – conta com um verdadeiro abismo entre os registros oficiais sobre o câncer e a realidade. Isso torna a doença um dos temas mais complexos que o nosso sistema de saúde enfrenta.

Somente 21% da população brasileira é coberta pelos registros de câncer (sistemas de mapeamento da doença utilizados mundialmente). Outros países com sistemas de saúde unificados similares ao SUS possuem 100% de cobertura, como é o caso do Reino Unido e dos países escandinavos.

Um caso de sucesso entre nações com um sistema equiparável ao nosso é a Turquia. Em menos de 15 anos, esse país aumentou sua cobertura de registros da doença para 62%.

A democratização do acesso à oncologia de ponta para todos os brasileiros somente ocorrerá por completo com planejamento e clareza do que ocorre no sistema de saúde. Precisamos identificar gargalos, mapear onde os casos ocorrem em maior e menor volume e monitorar o que está em funcionamento. A defasagem de dados não nos permite enxergar com clareza o tamanho do problema que o câncer representa.

Partindo desta constatação, foi criada a lei de notificação compulsória do câncer (lei 13.685/18), aprovada pelo Congresso no ano passado com o objetivo de garantir que todos os casos da doença no Brasil sejam obrigatoriamente notificados às autoridades assim que forem diagnosticados. A legislação contribui para que o sistema de dados sobre os vários tipos de câncer no país seja aprimorado. Atualmente, ele é composto por diversos registros que não são integrados e com preenchimento não obrigatório.

O próximo passo é a regulamentação da lei pelo Ministério da Saúde. A pasta irá determinar os responsáveis pelo registro das informações, qual sistema será usado e quais as sanções para quem não cumprir a norma.

No entanto, em junho de 2019, a lei da notificação compulsória do câncer completou um ano engavetada, sem que o ministério fornecesse esclarecimentos sobre como estão os debates internos referentes ao tema. Cabe destacar que, uma vez publicada no Diário Oficial da União, essa lei teria 180 dias para ser regulamentada, o que não ocorreu.

Como reação à falta de transparência e morosidade do poder público na condução dessa pauta, organizações da sociedade civil vêm se mobilizando para pressionar os governantes e chamar a atenção de toda a sociedade. As inciativas são diversas, mas uma que merece destaque é a campanha #MeuDadoImporta, que busca ressaltar a relevância das informações sobre casos de câncer para formulação e aprimoramento de políticas públicas.

A regulamentação da lei da notificação compulsória do câncer é urgente e sua aplicação contribuirá para que as tomadas de decisão dos gestores públicos sejam embasadas em melhores avaliações sobre a realidade. Os pacientes também saem ganhando, porque terão acesso ao tratamento de maneira mais ágil.

Não adianta nos vangloriarmos por termos desmistificado o câncer como uma doença “incurável”, colocando-a entre as “recuperáveis”, se ainda não sabemos nem mesmo quantos pacientes necessitam de tratamento em nosso país.

 

Foto: Science Photo Library (SPL), com ilustração de Ana Cossermelli/SAÚDE é Vital

App que detecta doença renal em minutos é testado no Reino Unido

Tecnologia permite que médicos e enfermeiras recebam sinais de alerta quando exames de sangue dos pacientes indicam doença

Por BBC

Um aplicativo de celular acelerou a detecção de uma doença renal que pode ser fatal em pacientes hospitalizados.

A equipe descreve a tecnologia como um “salva-vidas em potencial”, já que fornece diagnósticos em minutos, em vez de horas.

A lesão renal aguda é causada por problemas graves de saúde, incluindo a sepse – também conhecida como infecção generalizada – e afeta uma em cada cinco pessoas que dão entrada em hospitais no Reino Unido.

A lesão é mais comum em pacientes idosos e, se não for tratada rapidamente, pode afetar outros órgãos.

No Reino Unido, onde o aplicativo é testado, a condição é responsável por cerca de 100 mil mortes todos os anos.

Durante um teste no Royal Free Hospital de Londres, médicos e enfermeiras receberam sinais de alerta por meio de um aplicativo de celular – em uma média de 14 minutos – quando os exames de sangue dos pacientes indicaram a doença.

Normalmente, isso levaria algumas horas.

O novo sistema de alerta, conhecido como Streams, desenvolvido pelo hospital com a empresa de tecnologia DeepMind – que foca em pesquisas e desenvolvimento de máquinas de inteligência artificial – envia resultados diretamente para os médicos em um formato com dados e gráficos fáceis de ler.

Um dos exames de sangue procura por altos níveis de creatinina, uma substância que normalmente é filtrada pelos rins.

Informações sobre outros indicadores do exame de sangue que podem ajudar a tratar pacientes também são disponibilizadas rapidamente para os especialistas por meio do aplicativo.

A empresa DeepMind é parte do conglomerado Alphabet, que controla o Google.

Os administradores do hospital disseram que houve uma redução no custo do tratamento.

Mary Emerson, chefe de enfermagem do Royal Free, disse à BBC que o sistema fez uma grande diferença em seu trabalho e que é o primeiro sistema que se encaixa com a forma que os profissionais dessa área atuam.

“É uma grande mudança poder receber alertas sobre pacientes em qualquer parte do hospital”, disse ela.

“Este é o primeiro dispositivo que me permitiu ver os resultados de uma forma móvel e em tempo real.

O que é a lesão renal aguda?

Fonte: NHS UK

A University College London avaliou dados de cerca de 12 mil alertas sobre lesão renal aguda usando o novo sistema.

Os resultados, publicados na revista Nature Digital Medicine, apontam que não houve “mudança radical” nas taxas de recuperação dos pacientes, mas houve “melhora significativa” no reconhecimento da lesão renal aguda rapidamente.

Os autores do estudo pediram uma avaliação mais aprofundada do sistema em vários hospitais.

Especialista em rins do Royal Free, Sally Hamour disse que ainda precisa examinar o sistema por mais tempo, mas afirmou que o projeto tem “potencial para salvar vidas”.

“Precisamos coletar muito mais informações sobre essa tecnologia e precisamos examiná-la por um longo período de tempo”, disse ela.

“Mas certamente, no caso de alguns pacientes que estão muito doentes, a informação chega à equipe correta muito rapidamente e, em seguida, podemos implementar medidas para ajudar esse paciente e reverter o impacto sobre a função renal.”

Um passo além

O Royal Free Hospital foi repreendido pela Comissão de Informação (ICO, na sigla em inglês) em 2017 por ter cedido dados de mais de 1,7 milhão de pacientes à empresa DeepMind. O argumento é que não houve preocupação com a proteção de dados dos pacientes.

A administração do hospital disse que resolveria as falhas apontadas no gerenciamento dos dados.

A publicação da nova pesquisa foi programada para coincidir com um relatório sobre outra pesquisa envolvendo a DeepMind e publicada na revista Nature.

Registros de mais de 700 mil pacientes do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos foram analisados ​​retrospectivamente por um sistema de inteligência artificial, que vai um passo além do aplicativo.

Usando centenas de milhares de dados, incluindo exames de sangue e frequência cardíaca, foi possível descobrir se um paciente desenvolveria uma lesão renal aguda até 48 horas antes de ela ser realmente diagnosticada.

A empresa argumentou que isso representa uma “mudança significativa em como a medicina é praticada”.

 

Foto: BBC