Nas nações pobres e de renda média, são as doenças cardiovasculares que matam mais, enquanto, nas ricas, câncer é a principal causa de morte
Por Bem Estar
Dois levantamentos de interesse para os mais velhos foram divulgados no começo do mês. O International Research Network on Dementia Prevention, que trabalha com os fatores de risco e como prevenir a doença, alertou que o número de casos de demência vem crescendo a uma taxa de mais de 20% ao ano e a maioria deles ocorre nos países de renda média ou baixa. Para os pesquisadores, 30% dos casos de demência na velhice estão relacionados a fatores de risco que podem ser modificados, como obesidade, isolamento social, além de problemas relacionados ao sistema vascular, como diabetes e o vício de fumar. Mais recentemente, outros foram incorporados à lista: mau funcionamento dos rins, doença pulmonar obstrutiva crônica, distúrbios do sono e até poluição do ar – partículas em suspensão na atmosfera estão associadas ao aumento do risco cardiovascular.
De acordo com o estudo, em países como Brasil, Portugal e Moçambique, de 24% a 40% dos casos de demência estão relacionados a sete fatores de risco que podem ser modificados, a saber: falta de atividade física, hipertensão, obesidade, depressão, fumo, diabetes e baixa escolaridade. Se houvesse redução de 20% de cada fator de risco por década, em 2050 o Brasil teria reduzido em 16,2% o número de casos da enfermidade, enquanto esse índice seria de 12,9% em Moçambique e 19,5% em Portugal. Sem políticas públicas voltadas para a questão, dificilmente conseguiremos reverter o quadro.
A falta de atendimento primário e de foco em prevenção levam ao cerne do segundo estudo, divulgado pela revista “The Lancet”. Enquanto o câncer se tornou a principal causa de morte nos países ricos, as doenças cardiovasculares ainda são responsáveis por 40% das mortes nos países pobres e de renda média – exatamente como ocorre aqui. A pesquisa acompanhou, entre 2005 e 2016, 162 mil adultos, entre 35 e 70 anos, habitantes de quatro países de renda alta; 12 de renda média; e cinco de baixa renda. O Brasil, onde 400 mil pessoas morrerão em 2019 de doenças do coração, estava na lista.
A triste constatação: 70% dos casos de doença cardiovascular estão ligados a fatores de risco modificáveis. “O trabalho de longo prazo de prevenção e as estratégias de manejo da enfermidade se mostraram exitosas nos países de alta renda, o que deveria ser seguido pelos demais governos”, afirmou o doutor Salim Yusuf, professor de medicina da McMaster University e responsável pelo estudo.
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