Baço removido e complicações na vesícula, rins e fígado: paciente acusa ginecologista de negligência

Depois da cesariana ela sentiu diversas dores e recebeu diagnóstico de complicações na vesícula, rins e fígado; com a defesa de escritório credenciado a Anadem o caso foi julgado improcedente

 

Após uma cesariana feita em 2016, K.P.V. queixou-se de dor e, posteriormente, um exame radiológico diagnosticou cólica renal e a presença de corpos estranhos na parte abdominal, com complicações na vesícula, rins e fígado. Foi necessário que a paciente fosse submetida a um procedimento de laparotomia exploradora, tendo seu baço totalmente retirado. Ela alega que o diagnóstico aconteceu por erro do médico ginecologista que realizou o parto. O profissional, que é associado a Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), e o hospital onde foi realizado o procedimento foram requeridos judicialmente por danos morais e estéticos.

O procedimento foi feito e a paciente recebeu alta no dia seguinte. Sentindo dores, resolveu procurar uma UPA, onde foi realizado o exame radiológico. Decidiu retornar ao hospital acusado, onde recebeu orientações quanto ao quadro de cólica renal, mas alega que não apresentou melhora e decidiu procurar outro nosocômio. Encaminhada para uma maternidade e logo após para outro hospital, foram identificadas complicações na vesícula, rins e fígado.

Uma cirurgia de laparotomia explorada foi realizada no mês seguinte, sendo evidenciada lesão esplênica, que resultou na retirada total do baço. Ela afirma que, supostamente, o médico ginecologista tem histórico de erros profissionais e que houve grande abalo decorrente dos problemas ocorridos no pós-operatório, além de uma grande cicatriz.

 

CONDUTA PROFISSIONAL

Na defesa, o hospital argumentou a respeito da responsabilidade da instituição, do ônus da prova, da inexistência de dano moral a ser reparado, do sigilo profissional e da inocorrência de dano estético.
Já a defesa do médico, feita pelo Dr. Wendell Sant’ana, do escritório de advocacia credenciado a Anadem, Sant’ana e Carmo Advogados, afirmou a inexistência de culpa, seja por negligência, imperícia ou imprudência. Ressaltou, também, que a paciente abandonou o tratamento pós-operatório e que a cirurgia é obrigação de meio e não de resultado.

O médico, de acordo com o advogado, assumiu a obrigação de prestar os seus serviços de acordo com as regras e os métodos da profissão, com os recursos de que dispõe, de modo a proporcionar ao paciente todos os cuidados e conselhos tendentes à recuperação da saúde.

Destacaram, ainda, que a cirurgia foi realizada sem intercorrências. A paciente apresentava sangramento e sinais vitais esperados no puerpério normal e evoluiu bem no pós-parto, com sinais preservados, diurese e sangramento normais.

 

LAUDO PERICIAL

Segundo a perícia, não é possível concluir qualquer imperícia ou negligência na conduta do médico, já que a paciente apresentou quadro compatível com infecção puerperal associada a ruptura espontânea do baço, um evento raro, com etiologia não bem definida, podendo ser decorrente de algum tipo de traumatismo ou microtraumatismo e não necessariamente de conduta médica.

O laudo ainda fixou que durante a alta e os retornos os exames solicitados pelo médico e apresentados pela paciente foram de acordo com a literatura médica, inexistindo evidências para atribuir qualquer conduta
culposa aos acusados.

O juiz da 26ª vara cível da Comarca de Goiânia julgou improcedente os pedidos e condenou a autora ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios arbitrados em 10% do valor atualizado da causa.

Pessoas que andam em ritmo lento envelhecem mais rápido, diz estudo

Os pesquisadores também definiram o ritmo ideal de caminhada: 1,75 metro por segundo

Por Veja

Cientistas americanos e ingleses descobriram que a velocidade em que uma pessoa anda no dia a dia pode acelerar no processo do envelhecimento. Quem caminha em ritmo lento, além de aparentar mais velho, tem o organismo afetado: pulmões, e o sistema imunológico tendem a não trabalhar de modo a contento. O estudo foi publicado no periódico JAMA Network Open.

“Este estudo descobriu que caminhar de modo mais lento é um sinal de problema décadas antes da velhice”, disse Terrie. E Moffitt, principal autora da pesquisa, à BBC. Os médicos costumam medir a velocidade de caminhada para verificar a saúde em geral, especialmente em pessoas acima dos 65 anos, pois os resultados ajudam a avaliar força muscular, equilíbrio, qualidade da visão e força pulmonar e da coluna.

Ainda não se sabe exatamente o porquê, mas uma das suspeitas é em relação à própria atividade física. Quem anda mais devagar tende a fazer menos movimentos com o corpo.

Trabalhos anteriores já haviam mostrado que pessoas que andam mais rápido tendem a viver mais, pois reduz o risco de morte por qualquer causa em até 24%. Outros trabalhos revelaram que quem anda devagar está mais propenso a desenvolver demência.

Lentidão no andar

Para chegar a esses resultados, os pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e da King’s College London, na Inglaterra, acompanharam 904 participantes da Nova Zelândia desde a década de 1970. Muitos dos participantes começaram a ser avaliados a partir dos 3 anos de idade e continuaram sendo acompanhados até os 45.

Todos eles realizaram testes de função cerebral durante a infância e responderam a avaliações cognitivas a cada dois anos. Também foram avaliados os resultados de teste de QI (que ajuda a medir a inteligência do indivíduo), incluindo velocidade de processamento, memória de trabalho, raciocínio perceptivo e compreensão verbal. A equipe também mediu a velocidade de caminhada de cada participante e realizou exames físicos, incluindo ressonância magnética do cérebro, níveis de colesterol, aptidão cardiorrespiratória e quantidade de glóbulos brancos – biomarcadores que ajudam a medir o envelhecimento.

Os resultados mostraram que os participantes que andavam mais devagar apresentaram volume cerebral menor e pareciam mais velhos do que sua idade biológica. Em exames físicos, eles também tiveram resultados piores em comparação com aqueles que andavam mais rápido. “Os médicos sabem que pessoas com marcha mais lenta aos 70 ou 80 anos tendem a morrer mais cedo. Mas ficamos surpresos de ver esses resultados em pessoas na casa dos 40”, disse Terrie ao Medical News Today.

Pesquisas anteriores indicam que andar mais rápido beneficia a saúde cardiovascular, reduzindo o risco de doenças do coração. Ou seja, quem anda devagar pode não ter essa proteção e está mais exposto a problemas de saúde.

Velocidade ideal

A análise mostrou que o andar mais lento atinge um média de velocidade de 1,2 metro por segundo (m/s). Já quem anda mais rápido tende a atingir a velocidade média de 1,75 metro por segundo.

Pessoas que andam devagar também apresentaram resultado de QI 12 pontos mais baixo em relação a quem caminha mais rápido.

 

Foto: Duke University/BBC/Reprodução

Gerociência quer ampliar fronteiras do conhecimento sobre envelhecimento

Os mecanismos celulares ligados ao surgimento das doenças crônicas são a mais nova frente de batalha

Por G1

Eventos dedicados ao envelhecimento têm recebido cada vez mais espaço na agenda mundial. Não poderia ser de outro jeito, já que, no meio deste século, haverá mais de 2 bilhões de idosos no planeta. Entre os dias 28 e 30 deste mês, cerca de 120 palestrantes se reunirão em Washington, capital norte-americana, num fórum intitulado “O futuro da saúde”. A questão da longevidade está presente em todo o programa. O peso de doenças como as demências, que hoje atingem 50 milhões de pessoas, mas que alcançarão 82 milhões em 2030, é um dos temas de destaque. Para diminuir os custos com a enfermidade, será preciso garantir oportunidades a todos para manter o cérebro saudável – o que é sinônimo de diminuir a desigualdade.

A desigualdade compromete a longevidade mesmo em matérias básicas como a alimentação. Nos Estados Unidos, quase 45% das crianças que vivem na pobreza estão obesas ou com sobrepeso, enquanto esse percentual cai para 22% entre aquelas com melhores condições socioeconômicas. Como atender ao desafio de prover comida de qualidade, que desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde? O mesmo se aplica para moradias que estejam preparadas para receber idosos com limitações.

Um dos convidados é o médico e pesquisador Nir Barzilai, do Albert Einstein College of Medicine, que se dedica a estudar centenários e como seus genes os protegem contra problemas cardiovasculares, diabetes e Alzheimer. Ele costuma dizer que “o pior cenário é a longevidade com um longo período de doença. Temos que conseguir viver mais com menos anos de doença”. Uma de suas palestras disponíveis on-line trata justamente do tópico e tem o bem-humorado título de “How to die young at a very old age”, cuja tradução, “Como morrer jovem numa idade avançada”, mostra que saúde e velhice podem ser compatíveis.

Nos dias 4 e 5 de novembro, o Third Geroscience Summit ocorrerá em Bethesda (Maryland) sob a coordenação do Departamento Nacional de Saúde (National Institutes of Health) dos EUA. A gerociência investiga os mecanismos celulares e genéticos ligados ao envelhecimento e ao surgimento das doenças crônicas. Embora na mesma linha do outro evento, este será aberto ao público e transmitido. A batalha contra os desafios relacionados à velhice vem acontecendo em nível molecular. Para os pesquisadores, entender o que faz com que alguns indivíduos envelheçam com uma proteção maior contra enfermidades poderá ser a chave para mudar o destino da humanidade.

 

Foto: Divulgação