A pesquisa dizia que bebês geneticamente modificados pelo cientista chinês He Jiankui viveriam menos
Por Galileu
O cientista chinês He Jiankui chocou o mundo em novembro de 2018, quando anunciou que, por meio da técnica de edição de genes CRISPR, teria tornado dois bebês resistentes ao vírus HIV. Em julho deste ano, foi revelada ainda a possibilidade de que um terceiro bebê geneticamente modificado teria nascido.
O caso teve mais desdobramentos quando uma dupla de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, publicou um estudo que dizia que os recém-nascidos chineses com genes alterados teriam vidas mais curtas. Mas, agora, os especialistas admitem que estavam errados.
O cientista Rasmus Nielsen, de Berkeley, foi alertado pelo pesquisador David Reich, da Universidade Harvard, também nos EUA, sobre um erro no banco de dados UK Biobank, do Reino Unido, no qual o estudo se baseou. Nielsen e o outro co-autor do estudo, Xinzhu Wei, analisaram milhares de genomas e registros de saúde provenientes do banco de informações britânico.
“O que todos os cientistas mais temem é descobrir que um grande resultado que eles publicaram foi baseado em dados errôneos”, Nielsen escreveu no Twitter. Agora, ele e um time de cientistas já editaram e se retrataram em uma publicação científica da Nature Medicine.
A pesquisa havia considerado informações de 409 mil pessoas de ascendência britânica, coletadas no Biobank. Os cientistas analisaram se essas pessoas teriam a mutação D32, que é a variante modificada do gene CCR5 – a mesma que foi inserida nos cromossomos dos bebês por He Jiankui em 2018.
Com isso, os pesquisadores haviam considerado que indivíduos que tinham a mutação possuíam 21% maior probabilidade de morrer antes dos 76 anos. O problema é que a metodologia adotada fez com que o número de pessoas com a mutação D32 fosse contado de maneira equivocada, o que comprometeu o resultado.
Outros estudos, porém, já contestavam a ideia por não terem encontrado evidências de que a mutação diminuiria a expectativa de vida. Há, ainda, cientistas que argumentam que estudos como esse não serão capazes de dar muitas informações sobre a saúde dos bebês geneticamente modificados.
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