Estudo aponta que o sarampo causa amnésia imunológica
Em crianças, a doença elimina até 73% das células de defesa, fazendo com que o corpo não consiga mais combater micro-organismos causadores de infecções passadas. Segundo especialistas, o resultado reforça a importância da vacinação
Por Correio Braziliense
Uma das consequências conhecidas do sarampo é o enfraquecimento do sistema imune. Mas especialistas não entendem completamente as causas do comprometimento das defesas naturais. Na tentativa de decifrar esse efeito, um grupo internacional de pesquisadores, divididos em dois grupos, analisou amostras sanguíneas de crianças antes e depois de elas serem infectadas pelo vírus da doença. Em ambos os trabalhos, os investigadores identificaram que o micro-organismo causa uma espécie de amnésia imunológica. A longo prazo, os glóbulos brancos vão diminuindo a ponto de o corpo esquecer a forma de lutar, fazendo com que sua defesa se torne semelhante à de um bebê. Os dados foram publicados nas revistas Science e Science Immunology.
Em pesquisas realizadas em 2015, cientistas constataram o quanto o sarampo é um vírus poderoso. Ele consegue suprimir o sistema imunológico das pessoas infectadas por dois a três anos, as tornando suscetíveis a outras doenças. O efeito foi descoberto por acaso, enquanto os pesquisadores buscavam testar a eficácia de uma nova tecnologia para a análise de vírus diversos. Foram analisadas amostras sanguíneas de 51 crianças não vacinadas antes e depois de um surto de sarampo que atingiu uma comunidade holandesa. A intenção era analisar a eficiência do aparelho VirScan, que consegue identificar todos os vírus que infectam um indivíduo usando apenas uma gota de sangue.
Ao analisar o material, porém, a equipe descobriu que, dois meses após a infecção, o sarampo havia eliminado entre 11% e 73% dos anticorpos anteriormente presentes nas crianças e que ajudavam a evitar outras doenças. “Foi uma surpresa. Estávamos tentando descobrir como o VirScan trabalhava com sarampo e, então, fizemos essa descoberta. Quando o sarampo atinge (o corpo), os anticorpos simplesmente desaparecem”, conta ao Correio Stephen Elledge, pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes, nos Estados Unidos, e autor de estudo divulgado na revista Science. Os pesquisadores repetiram o experimento em quatro macacos — dessa vez, coletando amostras de sangue antes e até cinco meses após a infecção. Os macacos my-pharm-blog.com de 40% a 60% dos anticorpos que os protegiam de outros patógenos.
Genes sequenciados
Na segunda pesquisa, divulgada na Science Immunology, outro grupo de cientistas sequenciou genes de anticorpos de 26 crianças antes e de 40 a 50 dias após a infecção pelo sarampo. A equipe também observou que células específicas de memória imune criadas contra outras doenças e presentes antes do sarampo desapareceram. “Esse estudo é uma demonstração direta, em seres humanos, de amnésia imunológica, em que o sistema de defesa esquece como responder às infecções encontradas anteriormente. Mostramos que o sarampo causa diretamente a perda de proteção para outras doenças infecciosas”, destaca Velislava Petrova, principal autora do estudo e pesquisadora da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Em uma segunda etapa, Petrova e sua equipe testaram a amnésia imunológica diretamente em furões, mostrando que a infecção por um vírus semelhante ao sarampo reduziu o nível de anticorpos contra a gripe nas cobaias previamente vacinadas contra a gripe. Os furões também apresentaram piores sintomas de gripe após serem acometidos por infecção semelhante ao sarampo.
“Mostramos que vírus semelhantes ao sarampo podem excluir a memória imune da gripe preexistente. Mesmo depois que os furões foram vacinados contra a gripe, o vírus semelhante ao sarampo reduziu os níveis de anticorpos contra a gripe, resultando em animais novamente suscetíveis à infecção e apresentando sintomas mais graves. Isso sinaliza que o sarampo pode reverter os efeitos da vacinação contra outras doenças infecciosas”, detalha Paul Kellam, também autor do artigo e pesquisador do Imperial College de Londres.
Segundo os cientistas, o vírus do sarampo redefine o sistema imunológico para um estado tão imaturo que ele só pode produzir um repertório limitado de anticorpos. “Pela primeira vez, vemos que o sarampo redefine o sistema imunológico, fazendo com que ele se torne mais parecido com o de um bebê. Em algumas crianças, o efeito é tão forte que é semelhante a receber drogas imunossupressoras poderosas”, ilustra Colin Russell, pesquisador da Universidade de Amsterdã, na Holanda, e autor do trabalho.
Foto: Fernando Lopes/CB/D.A Press
Beber café faz bem para o seu intestino, indica estudo
Pesquisadores dos Estados Unidos sugerem que tomar a bebida regularmente ajuda a manter bactérias intestinais saudáveis
Por Galileu
Um novo estudo realizado por pesquisadores dos Estados Unidos mostrou que tomar café regularmente pode fazer bem para o intestino, já que a cafeína melhora a saúde dos microrganismos que vivem no trato digestivo.
Durante exames endoscópicos realizados em 34 pessoas, os cientistas coletaram amostras de bactérias intestinais do cólon, a parte central do intestino grosso.
Os participantes que beberam dois ou mais copos de café por dia durante um ano tinham microrganismos intestinais em maior quantidade e melhor distribuídos pelo intestino. Tinham também menos chances de desenvolverem bactérias Erysipelatoclostridium, ligadas à obesidade.
Os pesquisadores ainda não sabem como o café pode ter influência no intestino, mas têm uma hipótese: algum componente do café, como a cafeína, impacta o metabolismo das bactérias.
“Nós ainda precisamos aprender mais sobre como as bactérias e o hospedeiro [corpo humano] interagem, impactando a nossa saúde”, disse em comunicado Li Jiao, do Baylor College of Medicine, nos EUA.
Segundo Hana Kahleova, diretora clínica do Comitê de Médicos em Medicina Responsável dos EUA, o café tem antioxidantes e compostos bioativos chamados de polifenóis, que podem estar por trás dos benefícios da bebida no intestino.
Esses benefícios, de acordo com Kahleova, também são absorvidos com o consumo de outros alimentos. “Todas as plantas em estado natural são ricas em fibras, polifenóis e antioxidantes e pode nos ajudar a combater o câncer, diabetes e doenças cardiovasculares”, ela informou.
Foto: Pixabay
Anvisa aprova registro de remédio para malária em dose única
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta semana o registro para o medicamento Kozenis (succinato de tafenoquina) em dose única para o tratamento da malária
Por Agência Brasil
O Kozenis foi registrado pelo laboratório GSK e será comercializado em embalagens de 150 mg de tafenoquina com duas unidades.
Segundo a empresa farmacêutica, o remédio é indicado para “a cura radical (prevenção de recidiva) de malária por Plasmodium vivax, em pacientes com 16 anos de idade ou mais que estejam recebendo cloroquina como terapia para a infecção aguda por P. vivax”.
A empresa poderá comercializar o produto no mercado nacional, seja nos setores público ou privado. O registro da Anvisa significa que o medicamente teve sua indicação, eficácia e segurança aprovadas para o país.
Como dose única, a tafenoquina pode facilitar a adesão do paciente. Segundo o laboratório, o novo remédio será uma alternativa ao tratamento padrão com primaquina que deve ser administrada por 7 ou 14 dias.
Conforme a farmacêutica, o Brasil se tornou o primeiro país com malária endêmica a aprovar a tafenoquina. Antes de a medicação ser disponibilizada à população em geral, o Ministério da Saúde, em parceria com a Medicines for Malaria Venture, “conduzirá um estudo de viabilidade com o objetivo de testar a tafenoquina com o teste da enzima G6PD no cenário de vida real”.
“Este estudo, denominado TRuST, será realizado nos municípios de Manaus e Porto Velho. Sua conclusão está prevista para o primeiro trimestre de 2021 e seus resultados ajudarão o Ministério da Saúde na decisão sobre a melhor forma de disponibilizar a tafenoquina em áreas endêmicas de P. vivax. Até que esta decisão seja tomada, a tafenoquina estará disponível apenas aos participantes do estudo”, informa o laboratório.
Foto: GETTY IMAGES
Consumo de gordura trans pode aumentar o risco de Alzheimer, diz estudo
Altos níveis de gordura trans no sangue foram ligados ao aparecimento de demência na fase adulta.
Por Huffpost
Gorduras trans estão presentes nas chamadas “junk foods”, como ultraprocessados, comidas congeladas, batatas fritas e fast-food. Um estudo brasileiro revelou, inclusive, que esta gordura está presente até mesmo em alimentos que alegam ter “zero” gordura trans em sua composição. A caça às gorduras trans se deve ao seu efeito negativo à saúde do coração e, agora, um novo estudo sugere que ela também pode aumentar o risco de demência.
O estudo, publicado no jornal científico Neurology no final de outubro, mostrou que ter altos níveis de gordura trans no sangue pode aumentar o risco de ter Alzheimer entre 50% e 75%, em comparação às amostras de sangue com baixos níveis da gordura.
Pesquisadores acompanharam mais de 1,6 mil pessoas no Japão por 10 anos para averiguar o impacto da dieta na saúde.
Todos os participantes iniciaram o estudo sem sinal de demência. Também foram feitos testes no sangue dos pacientes para acompanhar os níveis de gordura trans na corrente sanguínea.
Em vez de submeter os pacientes a questionários frequentes, os pesquisadores utilizaram exames de sangue, “o que aumentou a validade científica dos resultados”, observou Dr. Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção de Alzheimer na Cornell Medicine em Nova York e co-autor do estudo. “Esse estudo é importante porque ele mostra evidências de que a o consumo frequente de gordura trans pode aumentar o risco de Alzheimer”, acrescentou Isaacson à CNN.
“Este estudo demonstra que há um resultado negativo para nosso cérebro, além do impacto ao coração, que está relacionado à dieta rica em gordura trans”, acrescentou o neurologista Dr. Neelum T. Aggarwal, também envolvido no estudo.
Durante o estudo, 377 participantes desenvolver algum tipo de demência e o alto nível de ácido elaídico, que é a gordura trans, no sangue foi significativamente associado a maior risco de desenvolver demência. “Os resultados sugerem que o ácido elaídico [gordura trans] mais elevado no sangue é um possível fator de risco para o desenvolvimento de demência por todas as causas em idade adulta. As políticas de saúde pública para reduzir a gordura trans produzida industrialmente podem ajudar na prevenção primária da demência”, concluiu o estudo.
Os pesquisadores afirmam que os participantes que tinham o costume de consumir doces industrializados tiveram um aumento do nível de gordura trans no sangue. Outros alimentos que são “fortes contribuidores” são margarina, doces industrializados, croissants e outros pães industrializados, sorvetes de massa e biscoitos vendidos em supermercados.
Por que gordura trans é perigosa?
Enquanto especialistas aconselham o consumo da gordura insaturada, a famosa “gordura boa”, e liberam a gordura saturada com moderação, encontrada nas carnes e manteiga, nenhum especialista encoraja o consumo da gordura trans.
Por aumentar o colesterol “ruim” (LDL) e ainda reduzir o colesterol “bom” (HDL), o que pode acarretar diversos problemas cardiovasculares, não há quantidade segura para ser consumida. Estudos comprovam que a gordura trans está relacionada ao aumento do risco de doenças cardíacas, como derrame, infarto, entre outros males.
Com tantas evidências de que essa gordura não é saudável, a indústria tem diminuído sua utilização de forma expressiva. Mas ela ainda é usada porque “é mais barata, dá mais sabor ao alimento e aumenta o prazo de validade”, conforme explicou a nutricionista do Idec, Laís Amaral, ao HuffPost em junho deste ano.
A gordura trans é formada por um processo químico no qual óleos vegetais são transformados em ácidos graxos trans. Esse processo confere sabor e crocância marcantes.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão que regulamenta o setor, discute formas de restringir o uso da gordura trans em alimentos. No ano passado, houve uma reunião para discutir sobre o tema e a agência prevê uma consulta pública ainda para este ano.
A agência tem duas opções em análise: a primeira é impor limites máximos de gordura parcialmente hidrogenada e a segunda é a total proibição.
Foto: DZEVONIIA VIA GETTY IMAGES
O alto consumo de álcool reduz o tamanho do cérebro? A ciência responde
Novo estudo confirma a existência de uma forte relação entre esses dois fatores
Por Veja
O consumo excessivo de álcool já é conhecido por afetar negativamente a saúde, incluindo problemas cardíacos e hepáticos, risco aumentado de câncer e maior possibilidade de desenvolver depressão. Além disso, muitas pesquisas sugerem que a alta ingestão de álcool está associada a uma redução no tamanho do cérebro. Agora, novo estudo confirma a existência de uma forte relação entre esses dois fatores. Os pesquisadores descobriram que pessoas com cérebros menores estão mais propensas a desenvolver alcoolismo.
“O menor volume cerebral em regiões específicas pode predispor uma pessoa ao maior consumo de álcool”, explicou Ryan Bogdan, coautor do estudo, ao Medical News Today. O estudo, publicado recentemente no periódico Biological Psychiatry, ainda indica que o abuso de álcool poderia reduzir ainda mais o volume cerebral.
Fator genético
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão depois de realizar três estudos por meio de análise de imagens cerebrais. Na primeira investigação, a equipe recrutou gêmeos e irmãos não-gêmeos que apresentavam diferentes comportamentos em relação ao consumo de álcool. O segundo estudo analisou pessoas que não foram expostas a bebidas alcoólicas. Na terceira pesquisa foram avaliados tecidos de órgãos doados para determinar a expressão gênica no cérebro.
Por meio das observações, a equipe descobriu que os participantes que consumiam maiores quantidades de álcool tinham menor volume de massa cinzenta no córtex pré-frontal dorsolateral e na ínsula. Essas regiões do cérebro exercem papeis importantes na emoção, recuperação da memória, ciclos de recompensa e tomada de decisão.
Os resultados ainda mostraram que o menor volume nessas regiões do cérebro era provocada por uma composição genética, que, por sua vez, também está associada a um risco aumentado de alcoolismo tanto na adolescência quanto na idade adulta. “O estudo fornece evidências de que existem fatores genéticos que levam a volumes mais baixos de massa cinzenta e aumento do uso de álcool”, disse David Baranger, principal autor do estudo, ao Medical News Today.
Álcool reduz volume cerebral?
De acordo com os cientistas, o atual estudo traz uma perspectiva que até então não havia sido explorada pela comunidade científica: como a genética pode provocar menor volume cerebral ao mesmo tempo em que aumenta a predisposição ao alcoolismo. A equipe salientou, no entanto, que esses resultados não refutam a ideia de que o consumo de álcool possa interferir no tamanho do cérebro — especialmente em quem já apresenta o fator genético.
“Nossos dados levantam a possibilidade de que reduções provocadas geneticamente no volume do cérebro podem promover o uso excessivo de álcool, o que, por sua vez, pode levar à atrofia acelerada em diversas regiões do cérebro”, concluíram no estudo.
Excesso de álcool
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade máxima recomendada de álcool por semana varia de acordo com o sexo da pessoa. Para homens, é possível consumir até 12 latas de cerveja (350 ml) ou 19 taças de vinho (90 ml) ou 10 doses de destilados (35 ml).
No caso das mulheres, a orientação é não ultrapassar 8 latas de cerveja ou 12 taças de vinho ou 7 doses de destilados. Qualquer valor acima disso já pode ser considerado consumo excessivo de álcool.
Foto: Thinkstock/VEJA/VEJA