Depressão, remédios e mais: conheça os fatores ligados à enxaqueca crônica

Uma revisão de estudos mostra o que realmente prediz o risco desse tipo de dor de cabeça se instalar de vez na rotina

 

Por Saúde é Vital

 

Enquanto há pessoas que têm uma ou outra crise de enxaqueca no ano, outras sofrem com essas dores de cabeça em mais de 15 dias do mês. Essas últimas são as vítimas da enxaqueca crônica. Mas, de pouco sono a muito café, o que faz um indivíduo com episódios esporádicos do problema passar a enfrentá-los com tanta frequência? É o que responde um estudo publicado recentemente no periódico Cephalalgia, da Sociedade Internacional de Cefaleia.

O trabalho elenca cinco fatores de risco para desenvolver a enxaqueca crônica entre quem já manifesta incômodos ocasionais. Trata-se de uma meta-análise, ou seja, uma revisão criteriosa de pesquisas anteriores sobre um tema. De quase 6 mil artigos publicados sobre esse tipo de dor de cabeça, só 11 foram escolhidos. Excluindo os levantamentos enviesados ou de menor qualidade, os cientistas chegaram aos seguintes vilões:

Depressão

O transtorno psiquiátrico, historicamente ligado à dor de cabeça, aumenta a chance de uma enxaqueca episódica virar crônica em 58%.

Crises frequentes de enxaqueca

Veja: indivíduos que apresentam cinco ou menos dias de dor de cabeça por mês já correm um risco três vezes maior de desenvolver enxaqueca crônica. Mas conviver com as dores de cinco a dez dias eleva em seis vezes a probabilidade de cronificar o problema.

Na prática, essa frequência já é parecida com a da versão crônica, que, aliás, traz um grande impacto na vida emocional e nas funções cotidianas.

Excesso de medicação

Os analgésicos comuns podem ajudar em cefaleias pontuais. Entretanto, o abuso faz a medicação perder parte do efeito, além de catapultar a frequência e a intensidade das crises.

Tomar mais de oito comprimidos ao mês já é problemático, como mostramos em nosso recente especial sobre o tema, que ainda aborda os novos tratamentos contra a enxaqueca.

Alodinia

Essa é uma alteração do sistema nervoso que faz com que a pessoa sinta dor a estímulos normais. O exemplo mais conhecido da condição é uma sensibilidade extrema no couro cabeludo, que pode tornar um suplício o simples ato de pentear o cabelo.

A alodinia já era considerada um dos marcadores do risco de enxaqueca crônica. No trabalho recente, foi associada a um risco 40% maior do problema.

Renda baixa

Ganhar bastante dinheiro (nessa investigação, acima de 50 mil dólares ao ano, ou cerca de 210 mil reais) parece proteger contra a perpetuação da enxaqueca. Quem atinge esse patamar financeiro está 35% menos propenso a padecer com a versão crônica da doença. Ora, com mais recursos, é mais fácil ter acesso à informação e a centros de excelência e agir preventivamente, certo?

 

Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital

Especialista alerta para circulação do sorotipo 2 da dengue no Rio

O alerta é do especialista da Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES-RJ) Alexandre Chieppe

 

Por Agência Brasil

 

O sorotipo 2 do vírus da dengue, responsável pelas epidemias de dengue no Brasil em 2007, 2008 e 2009, deve voltar a circular entre a população do Rio de Janeiro neste verão.

“O sorotipo 2 do vírus da dengue é associado a casos mais graves da doença e, como ele não circula no estado do Rio desde 2008, grande parte da população nunca teve contato com o patógeno, não desenvolveu anticorpos e, por isso, está mais exposta. Temos vírus circulando, um mosquito transmissor adaptado ao ambiente urbano e, agora, a suscetibilidade da população vem completar o tripé que sustenta epidemias de arboviroses, dentre elas as de dengue”, alertou.

Chieppe disse que 2019 foi o segundo ano com o maior número de casos de dengue notificados desde o início da série histórica, em 1975, com um crescimento de 517% em relação a 2018.

“Foram registrados mais de 1,5 milhão de casos da doença, principalmente em Minas Gerais, São Paulo e no Espírito Santo, com 754 óbitos. A reentrada do sorotipo 2 do vírus, após anos de circulação dos sorotipos 1 e 4, é a principal explicação para esse aumento. E esse quadro pode vir a se repetir no Rio de Janeiro”, explicou o especialista.

O diagnóstico precoce e o acompanhamento clínico adequado são decisivos para desfechos favoráveis. Além de intensificar ações para conscientização da população em relação à eliminação de focos do mosquito Aedes aegypti, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio disse que está preparada para atender com agilidade e precisão as pessoas que adoecerem.

De acordo com Alexandre Chieppe, a organização da rede de atendimento à população é fundamental para diminuir o risco de complicações e, consequentemente, o número de óbitos. “O plano de contingência da secretaria conta com equipes de resposta rápida, com médicos e enfermeiros disponíveis 24 horas, fluxo de internação de casos graves, acesso a exames laboratoriais e a teste de diagnóstico”.

 

Foto: ONU/Aiea/Dean Calma

Ministério da Saúde faz alerta sobre febre amarela

Foco é nas regiões Sul e Sudeste após morte de 38 macacos contaminados

 

Por Agência Brasil

 

O Ministério da Saúde alerta quem ainda não se vacinou contra a febre amarela a buscar a imunização contra a doença. O alerta é dirigido especialmente à população das regiões Sul e Sudeste, que estão no centro da atenção dos especialistas depois que 38 macacos contaminados morreram nos estados do Paraná, de Santa Catarina e São Paulo.

Ao todo, 1.087 notificações de mortes suspeitas de macacos foram registradas no país. Os dados são do boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (15) pelo Ministério da Saúde, que apresenta o monitoramento da doença de julho de 2019 a 8 de janeiro deste ano. O alerta se dá porque o Sul e o Sudeste são regiões de grande contingente populacional e baixo número de pessoas vacinadas, o que contribui diretamente para os casos da doença.

O público-alvo para vacinação inclui desde crianças a partir de 9 meses de vida até pessoas com 59 anos de idade que não tenham comprovante de vacinação. Neste ano, as crianças passam a receber um reforço da vacinação aos 4 anos de idade.

Casos em investigação

No mesmo período, foram notificados 327 casos suspeitos de febre amarela em humanos. Destes, 50 permanecem em investigação, e um foi confirmado. A vítima, residente do estado do Pará, faleceu.

Atualmente, o Brasil tem registros apenas de febre amarela silvestre, ou seja, transmitida por mosquitos que vivem no campo e em florestas. Os últimos casos de febre amarela urbana (transmitida pelo mosquito Aedes aegyptii) foram registrados em 1942, no Acre.

Monitoramento

Segundo o Ministério da Saúde, o vírus da febre amarela se mantém naturalmente em um ciclo silvestre de transmissão, que envolve macacos e mosquitos silvestres. A pasta realiza um monitoramento para antecipar a ocorrência da doença e, dessa forma, intervir para evitar casos humanos, por meio de vacinação. Além disso, atua de forma a evitar a transmissão por mosquitos urbanos, com o controle de vetores nas cidades. O macaco, principal hospedeiro e vítima da febre amarela, funciona como sentinela, indicando se o vírus está presente em determinada região.

Vacina

A vacina contra a febre amarela está no Calendário Nacional de Vacinação e é distribuída mensalmente aos estados. No ano passado, mais de 16 milhões de doses da vacina foram distribuídas para todo o país. De acordo com Ministério da Saúde, apesar dessa disponibilidade, é baixa a procura da vacina pela população.

Para este ano, a pasta já adquiriu 71 milhões de doses da vacina, o suficiente para atender o país por mais de três anos. Está prevista para 2020 a ampliação gradativa da vacinação contra febre amarela para 1.101 municípios dos estados do Nordeste que ainda não faziam parte da área de recomendação de vacinação. Dessa forma, todo o país passa a contar com a vacina contra a febre amarela na rotina dos serviços.

 

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Saliva permite medir a porcentagem de gordura corporal

Pesquisadores estudaram a concentração de ácido úrico salivar

 

Por Agência Brasil

 

A saliva humana pode ter uma função importante, além das já conhecidas que incluem lubrificar e diluir o bolo alimentar para facilitar a mastigação e a deglutição, proteger contra bactérias e umedecer a boca. Pesquisadores descobriram que ela também pode ajudar a detectar precocemente riscos de desenvolvimento de doenças pelo excesso de gordura corporal.

Ao medir a concentração de ácido úrico na saliva de adolescentes, cientistas das universidades Federal de São Paulo (Unifesp) e Estadual de Campinas (Unicamp) conseguiram predizer a porcentagem de gordura corporal dos jovens. Dessa forma, identificaram adolescentes que estão com porcentual de gordura acima do ideal, mesmo antes de apresentarem sintomas de doenças crônicas relacionadas à obesidade.

“Constatamos que o ácido úrico salivar é um bom marcador preditivo da concentração de gordura corporal mesmo em adolescentes considerados saudáveis”, disse a professora da Unifesp no campus de Diadema e coordenadora do projeto, Paula Midori Castelo.

O ácido úrico acumula-se no sangue e, em proporções muito menores, na saliva. Apesar de desempenhar função antioxidante, a concentração elevada do composto no sangue e na saliva pode predispor à hipertensão, inflamação e doenças cardiovasculares.

A fim de avaliar se o ácido úrico também poderia ser útil como biomarcador para estimar a gordura corporal, os pesquisadores mediram as concentrações deste composto e de outros, como o colesterol e a vitamina D, na saliva de 248 adolescentes.

Coleta

Os jovens que participaram da pesquisa tinham de 14 a 17 anos. Dos 248 estudantes de escolas públicas de Piracicaba, no interior paulista, 129 eram meninos e 119 meninas. Eles responderam previamente a um questionário sobre o histórico médico e foram submetidos a uma avaliação odontológica a fim de identificar e excluir os que apresentavam cárie ou doença periodontal (inflamação da gengiva).

“Esses fatores influenciariam parâmetros da saliva, como o pH [índice de acidez] e a composição eletrolítica e bioquímica. A cárie e a doença periodontal, por exemplo, estão relacionadas com a secreção de alguns analitos e citocinas na saliva e podem alterar a composição do fluido”, explicou Paula.

Os adolescentes aptos a participar do estudo foram submetidos a uma avaliação antropométrica, que incluiu medidas de altura, peso, porcentagem de gordura corporal e massa muscular esquelética por impedância biolétrica – um aparelho que mede a gordura corporal por meio de uma corrente elétrica de baixa intensidade.

O material foi coletado por meio de um dispositivo chamado salivete, após um jejum de 12 horas. A concentração de ácido úrico e dos outros compostos nas amostras foi medida por meio de um equipamento de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, na sigla em inglês). Esse método de separação de compostos químicos em solução permite identificar e quantificar cada componente em uma mistura.

Método não invasivo

As análises estatísticas dos dados indicaram que os adolescentes que apresentaram concentrações mais elevadas de ácido úrico na saliva também possuíam maior porcentagem de gordura corporal.

Por meio da aplicação de um modelo de análise de regressão linear – que avalia a relação entre variáveis –, os pesquisadores também conseguiram predizer a porcentagem de gordura corporal dos adolescentes a partir da concentração de ácido úrico na saliva.

“A concentração de ácido úrico salivar mostrou-se um bom indicador para detectar o acúmulo de gordura corporal, mesmo em adolescentes que não estavam em tratamento para doenças crônicas, e pode dar origem a um método não invasivo e preciso para monitorar e identificar precocemente alterações no estado nutricional”, afirmou Paula.

A pesquisadora completa: “O que nos chamou a atenção, é que esses adolescentes eram saudáveis e mesmo assim já tinham ácido úrico elevado, [o ácido úrico] é um marcador precoce mesmo. Então, desde cedo, já está mostrando que tem alteração”.

O objetivo dos pesquisadores é identificar na saliva biomarcadores confiáveis, que se correlacionem com os encontrados no sangue, de modo a viabilizar o desenvolvimento de testes rápidos para monitorar o estado de saúde principalmente de crianças.

“A ideia é possibilitar a ampliação do uso da saliva como amostra biológica alternativa para análises clínicas de forma não invasiva, indolor e que pode ser coletada várias vezes, assim como a urina. É interessante para lidar com pessoas jovens, como as crianças”, comparou a pesquisadora.

Os resultados do estudo foram publicados na revista Nutrition Research. O projeto foi apoiado e financiado pela Fapesp.

 

Foto: Ortoline