Cientistas encontraram em tabagistas e portadores de DPOC níveis mais altos de molécula conhecida por ser a ‘porta de entrada’ do coronavírus no órgão
Por R7
Um estudo publicado nesta quarta-feira (8) no periódico científico European Respiratory Journal mostra que pessoas com DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e fumantes podem ter níveis mais altos de uma molécula que “facilita” a entrada do coronavírus nos pulmões.
Os pesquisadores analisaram 249 pessoas, incluindo 21 com DPOC, 21 sem DPOC, fumantes, não fumantes e ex-fumantes.
A conclusão foi que fumantes e portadores de DPOC, doença comumente causada pelo tabagismo por longo prazo, apresentavam níveis mais altos de uma molécula, chamada ACE-2 (conversora de angiotensina II) nos pulmões.
Pesquisas anteriores já mostraram que a ACE-2, que fica na superfície das células pulmonares, é o “ponto de entrada” que permite que o coronavírus se instale no órgão, provocando uma infecção que pode evoluir para quadros graves e até morte.
A pesquisa foi liderada pela médica Janice Leung, da Universidade da Colúmbia Britânica e do St. Paul’s Hospital, em Vancouver, no Canadá.
“Os dados emergentes da China sugerem que pacientes com DPOC correm maior risco de ter piores resultados com a covid-19. Nossa hipótese é que isso pode ocorrer porque os níveis de ACE-2 em suas vias aéreas podem estar aumentados em comparação com pessoas sem DPOC, o que poderia facilitar com que o vírus infecte as vias aéreas”, afirma a cientista.
A constatação foi semelhante em relação aos fumantes, explica a pesquisadora.
“Descobrimos que pacientes com DPOC e pessoas que ainda fumam têm níveis mais altos de ECA-2 nas vias aéreas, o que pode colocá-los em risco aumentado de desenvolver infecções graves por covid-19.”
Já os ex-fumantes tinham níveis de ACE-2 semelhantes às pessoas que nunca fumaram. “Isso sugere que nunca houve um momento melhor para parar de fumar para se proteger da covid-19”, acrescenta.
Estima-se que cerca de 15 milhões de brasileiros sejam fumantes. O número, embora tenha caído nos últimos anos, ainda representa em torno de 10% da população acima de 18 anos no país.
Foto: Florion Goga/Reuters