Para psicóloga da UnB, há atraso nas ações de saúde mental durante pandemia

A psicóloga e diretora de Atenção à Saúde da Universidade de Brasília (UnB) Larissa Polejack comentou a quarta onda, fase relatada por estudiosos como pós-pandêmica

Por Correio Braziliense

Em entrevista ao CB.Saúde, edição especial do programa CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília —, a psicóloga e diretora de Atenção à Saúde da Universidade de Brasília (UnB) Larissa Polejack comentou a quarta onda, fase relatada por estudiosos como pós-pandêmica. Segundo a especialista, a etapa retratará os efeitos da atual realidade que a sociedade vive, com pressão, estresse, angústia e sem o cuidado mental necessário. “Temos buscado fortalecer as ações de prevenção e promoção da saúde, justamente para criar condições e dar estrutura para que as pessoas não adoeçam mentalmente”, explica.

Durante a pandemia, como está a saúde mental da população? Tem afetado muito as pessoas?
Está afetando por várias razões. Na UnB, nós temos um subcomitê de saúde mental e apoio psicossocial, que é vinculado ao comitê gestor do plano de contingência da universidade. Estamos acompanhando a questão da saúde mental antes de a pandemia ter sido considerada comunitária aqui no DF. Fizemos um plano de contingência e percebemos que, nas últimas duas semanas, houve um aumento nos pedidos de atendimento. Isso se dá por várias razões. Primeiro, pelo tempo que temos de isolamento. Então, é natural que sintamos esse cansaço, seja pelo relato de home office, seja pelas preocupações financeiras. É importante entender que falamos de saúde de forma integral. Têm muitas pessoas sentindo esse impacto, com medo. Tivemos, recentemente, a ameaça de volta às aulas para as crianças, e isso também gera ansiedade enorme.

Sabemos que, para o governo tomar decisões durante a pandemia, é difícil. Mas pelo que a senhora está falando, a comunicação é um aspecto fundamental para tranquilizar as pessoas.
Um dos aspectos importantes é compreender o que estamos vivendo e qual tipo de precaução ou comportamento devemos ter para se sentir mais segura e resguardar a minha saúde. Estamos no momento agora da fase de transmissão comunitária acelerada. É importante entendermos o que precisamos fazer e por qual motivo precisamos ter essa informação correta, à medida que o cenário de epidemia pede distanciamento físico, uso da máscara e higiene. Mas o que isso traz para a saúde mental? Quanto mais eu entendo o que está acontecendo no cenário e tenho elementos para reagir a isso, mais eu me sinto seguro e confiante. O tipo de informação contraditória pode gerar mais ansiedade.

Como está o atendimento aos pacientes? Como a UnB colabora para que esses pacientes internados e isolados tenham maior conforto emocional?
Desde o início, nós estamos trabalhando próximos à gerência de psicologia da Secretaria de Saúde, que faz parte do nosso comitê. Uma preocupação nossa, em especial à covid-19, é que, ao ser internada, a pessoa fica sem a oportunidade de ter um acompanhante, o que gera angústia para todos. Para resolver a situação, conseguimos alguns tablets para que ocorresse a visita familiar virtual. Foi superempolgante e importante, deu supercerto. Dentro da campanha “Você não está sozinho”, abrimos uma outra, em parceria com a Secretaria de Saúde, que é a UnB Solidária. Nessa campanha, pedimos doações de tablet, celulares ou chips para serem oferecidos aos hospitais da rede pública.

O quanto descobrimos da importância da psicologia nos hospitais?
Independentemente da pandemia, o fato de estarmos internados e passarmos por algum problema de saúde já nos deixa vulneráveis psicologicamente, pois sentimos isso no nosso corpo. Então, é importante que haja esse acompanhamento psicológico e, dependendo da patologia, mais ainda. No caso da covid-19, temos aprendido muito, pois ela trouxe para nós uma série de questões que precisamos adaptar na própria psicologia. Também estamos aprendendo novas formas de intervenções. É muito importante, nesse momento, fortalecer o cuidado dos profissionais que estão na linha de frente. É preciso ter condições para estar ali. Não só o adoecimento físico, mas temos ouvido muita queixa de adoecimento psicológico, de não aguentar ver tanto sofrimento e perder tanto paciente. É importante que, dentro do plano de ação do governo, exista o eixo do cuidado psicológico com os profissionais da saúde.

Houve sempre uma preocupação psicológica no atendimento às pessoas e aos profissionais de saúde, ou ainda estamos começando a ir atrás disso?
Estamos vivendo uma emergência, então, precisamos correr atrás de respiradores. Mas, do ponto de vista geral, estamos atrasados nas ações de saúde mental, e vamos pagar um preço por isso. Se aprendermos com a realidade dos outros países que estão um pouco mais à frente na situação, alguns artigos vão chamar de quarta onda, que é a da saúde mental. São os efeitos de como vivemos isso, com pressão, estresse, angústia e sem o cuidado necessário. Por isso, buscamos olhar os possíveis níveis de intervenção nas nossas ações. Temos buscado fortalecer as ações de prevenção e promoção da saúde, justamente para criar condições e dar estrutura para que as pessoas não adoeçam mentalmente. Sabemos que há pessoas que estavam adoecidas e que uma das questões importantes de saúde mental é sentir que fazemos parte de algo, que podemos ser protagonistas de algum processo. Então, temos fortalecido ações e solidariedade. Tudo é feito com base na ciência, na leitura sobre saúde coletiva, nos estudos realizados em outros países. A ciência vem em nosso favor.

Foto:Ana Rayssa/CB/D.A Press

Covid-19: 80% das pessoas contaminadas não apresentam sintomas

Entenda a diferença entre os testes disponíveis atualmente para detecção do novo coronavírus. Resultados falsos negativos preocupam autoridades da saúde

Por Folha Vitória

Várias cidades iniciam a volta às atividades em níveis controlados. Nesse momento, é ainda mais importante realizar testes em massa de forma segura para mapear a disseminação do novo coronavírus. Alguns estudos apontam que aproximadamente 80% das pessoas contaminadas não apresentam sintomas da covid-19, mas podem disseminar a doença. Este é mais um motivo para a realização da testagem em massa da população.

Contudo, alguns testes apresentam grandes chances de “falso negativo” se não aplicados corretamente, e principalmente, por não serem capazes de detectar o vírus a partir do primeiro dia de contágio. O mais indicado para a realização de testes para detecção da fase aguda da pandemia de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), é o teste PCR, que detecta com quase 100% de precisão a presença do vírus SARS-CoV-2 já a partir do primeiro dia de contágio.

“Sem a testagem pelo método PCR, que permite detectar vírus SARS-Cov-2 já a partir do primeiro dia de contaminação, o vírus continuará se alastrando no País de forma descontrolada”, afirma a biomédica Alexandra Reis, diretora Científica da Testes Moleculares. Ela explica que o efeito pode ser o contrário do que se espera com a aplicação em massa de testes rápidos, pois, em vez de controlar, se dará a percepção de falsa segurança, fazendo com que as pessoas continuem contaminando umas às outras.

A questão é que ainda há um desconhecimento grande sobre quais são as características de cada um dos testes e sua eficácia real. “Falta informação sobre qual a melhor metodologia para conduzir a testagem em massa. Muitas vezes a opção é pelo teste de menor custo, mas, ao final, isso pode ter um ônus enorme para a saúde e segurança da população”, acrescenta Alexandra.

Entenda a diferença entre os testes rápidos e o teste molecular
Teste PCR: detecta a presença do vírus SARS-CoV-2 em tempo real, ou seja, a partir do dia primeiro de infecção. Este teste corresponde ao exato momento da presença do vírus no corpo do paciente. Não requer coleta de sangue e é considerado o exame padrão-ouro para o diagnóstico da presença do RNA viral do SARS-CoV-2.

Imunoensaio: os imunoensaios são testes usados para detectar a presença de anticorpos ou antígeno para o patógeno em questão, ou seja, para avaliar a resposta imunológica do indivíduo. Este método é indicado para estágios mais avançados da doença, entre 09 a 10 dias após a infecção pelo vírus, pois ele não é detectado no período de janela imunológica. Nesse prazo, o paciente já desenvolveu os sintomas, e pode ter disseminado para outras pessoas.

Ele é necessário em uma fase mais avançada da pandemia, principalmente para mapeamento epidemiológico, e, considerando que há muito a entender sobre a permanência da resposta imunológica das pessoas frente a este vírus.

Teste rápido: Os testes rápidos por imunocromatografia, que detectam proteínas próprias do vírus na amostra (partícula viral a partir do quinto dia de apresentação de sintomas), é considerado um teste com baixa sensibilidade por ter uma grande chance de apresentar um resultado falso negativo. Isso pode expor a população e contribuir disseminar o vírus mais rapidamente.

Foto: Agência Brasil

Fumantes são mais propensos a desenvolver casos graves da Covid-19, alerta OMS

Organização lançou programa para ajudar fumantes a largarem o tabaco durante a pandemia.

Por G1

Durante a coletiva de imprensa semanal da Organização Mundial da Saúde (OMS) desta sexta-feira (10), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que é urgente que fumantes parem de fumar com a pandemia do coronavírus.

“As evidências mostram que as pessoas que fumam são mais vulneráveis que as que não fumam a desenvolverem casos graves da Covid-19”, informou Tedros, lembrando que o tabaco mata cerca de 8 milhões de pessoas.

A Organização lançou nesta sexta um programa gratuito para ajudar mais de 1 bilhão de usuários de tabaco a pararem de fumar e reduzirem os riscos relacionados ao coronavírus.

“Essa iniciativa ajudará as pessoas a acessar gratuitamente os recursos necessários para deixar o tabaco, como terapia de reposição de nicotina e acesso a um profissional de saúde digital para aconselhamento [sobre Covid-19 e nicotina]”, informou o diretor-geral.

Pandemia fora de controle
Mais de 12 milhões de casos de coronavírus foram relatados desde o início da pandemia, sendo que metade deles foram relatados somente nas últimas seis semanas.

“Nas últimas 6 semanas, os casos mais que dobraram”, disse Tedros.

Na quinta-feira (9), durante a reunião dos estados membros, a OMS alertou que a pandemia continua se acelerando pelo mundo e que maioria dos países não conseguiu controlá-la.

“Mais de 544.000 vidas foram perdidas. A pandemia ainda está se acelerando”, alertou Tedros.

Foto: Ralf Kunze/Pixabay

Médicos alertam para queda de cirurgias urológicas devido à pandemia

Covid-19 tem sido prioridade, mas é preciso atenção a outras doenças

Por Agência Brasil

A covid-19 tem sido a prioridade na área da saúde neste ano, mas médicos alertam para a necessidade de prestar atenção a outras doenças, como as urológicas. Pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com 800 associados de todo o país, mostrou que cerca de 90% dos participantes informaram ter tido redução igual ou maior que 50% nas cirurgias eletivas e 54,8% relataram diminuição de pelo menos 50% no número de cirurgias de emergência devido à pandemia.

Esse panorama acendeu o sinal de alerta na entidade de que boa parte dos pacientes com doenças urológicas (como cânceres, hiperplasia de próstata, incontinência urinária, entre outras) adiou o tratamento pelo receio de contrair o novo coronavírus. Para conscientizar a população sobre a importância de manter o cuidado com a saúde, a SBU lança uma campanha, chamada Trato Feito, na semana do Dia do Homem, celebrado em 15 de julho.

O objetivo da ação é mostrar que há doenças urológicas que não podem esperar e que quanto antes forem diagnosticadas, melhor será o resultado de seu tratamento. Entre elas estão o câncer de próstata, de pênis, de testículo, a hiperplasia benigna da próstata, a incontinência urinaria e a bexiga hiperativa.

A campanha online terá vídeos e podcasts com especialistas debatendo diversos temas, um hotsite com vasto material de apoio dentro do Portal da Urologia e conteúdo para as mídias sociais da entidade (@portaldaurologia).

Segundo o presidente da SBU, Antonio Carlos de Lima Pompeo, os pacientes não devem se afastar do tratamento médico para que seu quadro de saúde não se agrave. “Quem tem um tumor de bexiga avançado, não pode adiar muito o tratamento. A evolução da doença pode ser rápida e na hora em que for intervir pode ter passado do ponto de uma cirurgia mais oportuna. Isso também pode acontecer num câncer de próstata mais avançado, mais agressivo. É muito grave adiar tratamentos que não deveriam ser postergados”.

Ele chama a atenção para sinais de alerta na área urológica em que é preciso buscar atendimento médico imediato, como a presença de sangue na urina, dor intensa e dificuldade ao urinar com febre, pois há suspeita de infecção urinária.

Segundo a SBU, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre os homens, seguidas pelos cânceres, sendo o de próstata o mais incidente. “A disfunção erétil é um marcador para a doença coronariana. O calibre da artéria peniana é um terço do tamanho da artéria cardíaca, então é obstruída primeiro e todos os urologistas estão orientados para que se o homem procura ajuda para tratar disfunção erétil, deve fazer um check-up cardíaco. Por isso sempre ressaltamos a importância de não se automedicar nessa situação”, disse o secretário-geral da SBU, Alfredo Canalini.

Principais problemas
Câncer de próstata – estimam-se 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022 (dado do Instito Nacional do Câncer, Inca). Não apresenta sintomas em estágio inicial, quando suas chances de cura beiram 90%. Sua detecção ocorre por meio de anamnese, exame de toque retal e dosagem do PSA no sangue. Quem estava para realizar exames complementares, como a biópsia, após suspeita levantada por exames anteriores, não deve postergá-la.

Câncer de testículo – O tumor de testículo é o câncer mais comum em homens entre os 20 e 40 anos. O fator de risco mais comum é a criptorquia (crianças que nascem sem que o testículo tenha “descido” para dentro da bolsa escrotal). Mais de 95% dos tumores testiculares são curáveis, porém é importante todo homem e todos os pais e mães de crianças do sexo masculino prestarem atenção a um eventual aumento do volume da bolsa escrotal, mesmo que seja indolor.

Câncer de pênis – Acomete em geral indivíduos com mais de 50 anos de idade e tem como causas: as altas taxas de infecções sexualmente transmissíveis, principalmente do vírus HPV, a má higiene e a presença de fimose. Pode-se prevenir o câncer de pênis com medidas eficazes: higiene genital, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e o tratamento cirúrgico de portadores de fimose.

Hiperplasia benigna da próstata- Essa alteração apresenta relação direta com o envelhecimento, presença de hormônios sexuais e genética. Cerca de 50% dos indivíduos acima de 50 anos terão HPB. Aos 90 anos, essa condição afeta cerca de 80% dos pacientes. Embora tenha alta prevalência, nem todos os portadores de HPB apresentam sintomas clínicos. Entre os sintomas estão: diminuição da frequência urinária, diminuição da força e do calibre do jato urinário, vontade de urinar diversas vezes à noite, entre outros.

Incontinência urinária – No Brasil, 15% dos homens, acima de 40 anos, apresentam incontinência urinária. A perda involuntária de urina gera ansiedade, depressão, redução na produtividade no trabalho e afastamento do convívio social e da intimidade com o parceiro. O tratamento para a incontinência urinária inclui mudanças comportamentais e de estilo de vida até tratamentos cirúrgicos.

Bexiga hiperativa – É a necessidade urgente de urinar. Essa urgência é de difícil controle e pode estar associada à incontinência urinária (perda involuntária de urina). Quem sofre desse problema costuma acordar à noite para urinar e o sono é prejudicado. Além disso, é comum necessitar ir ao banheiro para urinar mais de 7 vezes em 24 horas.

ISTs – As infecções sexualmente transmissíveis são causadas por dezenas de vírus e bactérias durante o contato sexual, sem o uso de camisinha, com uma pessoa que esteja infectada. O Ministério da Saúde informa que o uso do preservativo vem caindo com o passar do tempo, principalmente entre o público jovem. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) todos os dias ocorre cerca de 1 milhão de novas infecções sexualmente transmissíveis.

Foto: Agência Brasil/Tânia Rego