Entenda a diferença entre os testes disponíveis atualmente para detecção do novo coronavírus. Resultados falsos negativos preocupam autoridades da saúde
Por Folha Vitória
Várias cidades iniciam a volta às atividades em níveis controlados. Nesse momento, é ainda mais importante realizar testes em massa de forma segura para mapear a disseminação do novo coronavírus. Alguns estudos apontam que aproximadamente 80% das pessoas contaminadas não apresentam sintomas da covid-19, mas podem disseminar a doença. Este é mais um motivo para a realização da testagem em massa da população.
Contudo, alguns testes apresentam grandes chances de “falso negativo” se não aplicados corretamente, e principalmente, por não serem capazes de detectar o vírus a partir do primeiro dia de contágio. O mais indicado para a realização de testes para detecção da fase aguda da pandemia de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), é o teste PCR, que detecta com quase 100% de precisão a presença do vírus SARS-CoV-2 já a partir do primeiro dia de contágio.
“Sem a testagem pelo método PCR, que permite detectar vírus SARS-Cov-2 já a partir do primeiro dia de contaminação, o vírus continuará se alastrando no País de forma descontrolada”, afirma a biomédica Alexandra Reis, diretora Científica da Testes Moleculares. Ela explica que o efeito pode ser o contrário do que se espera com a aplicação em massa de testes rápidos, pois, em vez de controlar, se dará a percepção de falsa segurança, fazendo com que as pessoas continuem contaminando umas às outras.
A questão é que ainda há um desconhecimento grande sobre quais são as características de cada um dos testes e sua eficácia real. “Falta informação sobre qual a melhor metodologia para conduzir a testagem em massa. Muitas vezes a opção é pelo teste de menor custo, mas, ao final, isso pode ter um ônus enorme para a saúde e segurança da população”, acrescenta Alexandra.
Entenda a diferença entre os testes rápidos e o teste molecular
Teste PCR: detecta a presença do vírus SARS-CoV-2 em tempo real, ou seja, a partir do dia primeiro de infecção. Este teste corresponde ao exato momento da presença do vírus no corpo do paciente. Não requer coleta de sangue e é considerado o exame padrão-ouro para o diagnóstico da presença do RNA viral do SARS-CoV-2.
Imunoensaio: os imunoensaios são testes usados para detectar a presença de anticorpos ou antígeno para o patógeno em questão, ou seja, para avaliar a resposta imunológica do indivíduo. Este método é indicado para estágios mais avançados da doença, entre 09 a 10 dias após a infecção pelo vírus, pois ele não é detectado no período de janela imunológica. Nesse prazo, o paciente já desenvolveu os sintomas, e pode ter disseminado para outras pessoas.
Ele é necessário em uma fase mais avançada da pandemia, principalmente para mapeamento epidemiológico, e, considerando que há muito a entender sobre a permanência da resposta imunológica das pessoas frente a este vírus.
Teste rápido: Os testes rápidos por imunocromatografia, que detectam proteínas próprias do vírus na amostra (partícula viral a partir do quinto dia de apresentação de sintomas), é considerado um teste com baixa sensibilidade por ter uma grande chance de apresentar um resultado falso negativo. Isso pode expor a população e contribuir disseminar o vírus mais rapidamente.
Foto: Agência Brasil