Pesquisadores desenvolvem tecido capaz de matar o vírus da covid-19

O estudo está sendo efetuado por institutos brasileiros

 

Por Agência Brasil

 

Dentro de dois meses, pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio) vão apresentar um tecido antiviral para máscaras que oferece maior proteção aos profissionais da área de saúde contra a covid-19. A informação foi dada hoje (7) à Agência Brasil pela professora Renata Simão, dos Programas de Engenharia de Nanotecnologia e de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe. O tecido está sendo produzido no Laboratório de Engenharia de Superfícies da Coppe/UFRJ.

Renata esclareceu que, no momento, os pesquisadores estão desenvolvendo, na verdade, produtos que vão ser colocados em um tecido normal de algodão, para fazer com que esse tecido comum tenha propriedades aprimoradas e atinja, até, o nível de uma máscara similar à N95. “O que a gente está fazendo não é desenvolver o tecido e, sim, estamos modificando o tecido para garantir que ele tenha propriedades aprimoradas pelas modificações que fazemos nele”, explicou. As pesquisas envolvem também a inclusão de papel entre esses produtos. “A gente inclui também partículas que são antivirais, que vão matar o vírus”.

Para Renata, a grande vantagem é que, por se tratar de um algodão comum, que é biodegradável, o material que for descoberto não vai fazer mal à natureza. Além de ser descartável, ele poderá ser reutilizável e, mesmo quando for descartado, é biodegradável, ou seja, ainda assim não gera lixo.

“Esse é um ponto que, para a gente, é muito fundamental e importante”.

Tecido hidrofóbico

O tecido que vem sendo desenvolvido é chamado hidrofóbico (impermeável). O vírus, normalmente, é transportado através de gotículas, como de saliva, por exemplo, que a pessoa expele. Essas gotículas, ao entrar em contato com esse tecido que está sendo desenvolvido, não conseguem penetrar e vão escorrer. “E se, por acaso, penetrarem, tem uma camada interna que vai conter, com nanopartículas que vão matar o vírus”.

A princípio, os pesquisadores pensam em fazer uma máscara com três camadas, sendo a primeira de conforto, perto do rosto; a segundo no meio, incluindo nanopartículas; e a terceira, externa, com um recobrimento hidrofóbico, “que também é biocompatível e biodegradável”, reforçou Renata. Disse que algumas camadas podem ser feitas também com papel modificado. “A gente pensa na externa e na do meio com papel”.

Testes

Os testes para a caracterização e constatação da eficácia das nanopartículas estão sendo realizados no Laboratório de Microscopia Eletrônica do Inmetro. Carlos Achete, especialista em Metrologia de Materiais do Inmetro e coordenador do projeto denominado Tecidos Hidrofóbicos e Ativos para Substituição do TNT Hospitalar, comentou que “caso seja comprovada a eficácia (do tecido), o país poderá ter acesso a uma tecnologia que proporcionará mais segurança e risco reduzido da contaminação, inclusive em ambiente hospitalar, onde é mais frequente. E o melhor: a um custo-benefício acessível à sociedade”.

O processo de testes e sua verificação, visando a certificação do produto, são responsabilidade da coordenadora da Central Analítica do Departamento de Química do Centro Técnico Científico (CTC/PUC Rio), professora Gisele Birman Tonietto. Gisele aposta que o importante “é atendermos às demandas da sociedade, com toda ‘expertise’ que a universidade tem. Em um momento de urgência, poder viabilizar um conhecimento acadêmico em prol dos profissionais de saúde só reafirma o valor que deve ser dado à ciência e à pesquisa no Brasil”.

Os testes de respiração e saturação de CO2 (dióxido de carbono) têm sido feitos em parceria com laboratório da Coppe. Renata Simão informou que 15 pesquisadores das três instituições, entre professores e alunos, participam do projeto.

Produção industrial

Ela afirmou que a partir da conclusão do tecido, prevista para daqui a dois meses, ele já estará pronto para iniciar a produção industrial. A pesquisa já tem um projeto piloto correndo em paralelo, para “tentar produzir o mais rápido possível. Mas ainda este ano, com certeza”, manifestou. A empresa parceira para a produção já foi prospectada.

Renata disse que o custo da máscara para os profissionais da saúde pode ser reduzido com a descoberta desse tecido modificado, em comparação com uma N95 ou outra máscara existente no mercado que oferece maior proteção. “A gente acredita que vai entrar com grande competitividade”. A meta é fabricar, “no mínimo”, 500 máscaras de tecido hidrofóbico por semana para serem doadas.

Na avaliação da professora da Coppe/UFRJ, o mais importante no desenvolvimento desse tecido especial é a parceria da pesquisa no Brasil. “A gente está agregando diferentes competências de diferentes instituições e fazendo com que o produto nasça dessas diferentes competências. Eu acho que isso é a coisa mais importante, além do apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que é indispensável”.

Acrescentou que nesse momento de pandemia e de negacionismo da ciência, as fundações de amparo à ciência do Brasil inteiro estão demandando e financiando a pesquisa, o que é extremamente positivo. Segundo Renata Simão, havia uma certa resistência, inclusive, em se trabalhar em equipe, em rede, com outras instituições. Esse projeto do tecido antiviral mostrou que isso pode ser possível. A ideia não veio de uma universidade ou instituto em especial. “Veio da união de três projetos que já aconteciam e que só puderam tornar real o produto que vai sair daqui a dois meses a partir da parceria. Se eu tentasse fazer sozinha, ia demorar dois anos”.

 

Foto: Diário do Poder

Nova Friburgo vai ganhar Centro de Pesquisa e Inovação em EPIs

Projeto receberá apoio e recursos da Faperj

 

Por Agência Brasil

 

O município serrano de Nova Friburgo ganhará um Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Esses equipamentos têm sido usados por profissionais da área de saúde que atuam na linha de frente da pandemia da covid-19.

O objetivo é garantir qualidade aos produtos feitos no Brasil e dar suporte à indústria para adaptação de linhas de produção, uso de tecnologia e capacitação.

O projeto foi um dos contemplados pelo edital Ação Emergencial Projetos para Combater os Efeitos da Covid-19, do governo fluminense, e terá apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Vinte e três pesquisadores estão engajados no projeto, sob a vice-coordenação do professor do Instituto de Saúde de Nova Friburgo, da Universidade Federal Fluminense (ISNF/UFF), Cláudio Fernandes.

Fragilidades
De acordo com Fernandes, foram percebidas deficiências no processo de qualidade no mercado de EPIs. Segundo ele, os materiais disponíveis no Brasil não são adequados.

“Apesar de o marco regulatório brasileiro prever que as empresas sejam registradas e mantenham a qualidade, ainda não existe no Brasil um processo de vigilância dessa qualidade. A gente não tem feito isso de maneira ativa. A crise da covid expôs ainda mais esse problema”, disse o professor.

Há fragilidade nos materiais disponíveis tanto para proteção de médicos, enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, entre outros profissionais da saúde, como também da população que, segundo ele, vai precisar usar máscara de barreira ainda durante muito tempo.

O segundo aspecto negativo é a concentração de produção em um único país (China), o que torna a indústria muito dependente do mesmo fornecedor.

Cláudio Fernandes destacou que o Brasil tem capacidade tecnológica para fazer conversão industrial e aplicar também suas experiências nesse campo. “Nova Friburgo está recepcionando essa ideia.”

O município serrano fluminense tem mais de 1,3 mil empresas da área têxtil e, particularmente, da moda íntima. “É claro que isso não é suficiente, porque a EPI é outra expertise”, reconheceu Fernandes. Mas existem similaridades em alguns aspectos que permitem uma conversão tecnológica mais ágil.

Em Nova Friburgo, estão situados dois grandes polos de pesquisa que reúnem setores de saúde, microbiologia, imunologia, biologia voltada às necessidades humanas da UFF, e o polo de engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), com química de polímeros, têxteis, entre outros setores.

Expectativa

O projeto aguarda a liberação dos recursos pela Faperj. A ideia é que o centro de pesquisa possa iniciar os trabalhos até o final deste ano, dada a urgência da pandemia.

No momento, está sendo feito o levantamento tanto das tecnologias empregadas atualmente quanto das demandas das secretarias municipais de Saúde sobre o uso de EPIs.

Atualmente, 180 empresas do Polo de Moda Íntima de Nova Friburgo já estão fabricando 11 milhões de máscaras de barreira de tecido por mês para a população.

Fernandes lembrou que as indústrias têxteis têm enxergado potencial para agregar valor a determinados tipos de tecidos. O intuito é que eles possam ter um uso maior na área de máscaras para o setor da saúde.

Um dos elementos mais importantes na confecção de uma máscara do tipo N95, cuja capacidade de filtração chega a 98%, é um filtro chamado meltblow, que fica situado entre as camadas externa e interna do artigo. De acordo com o professor, apenas duas empresas no mundo fabricam o meltblow. Com isso, a disponibilidade do produto é bastante reduzida e o preço, em geral, elevado. As máscaras de algodão utilizadas no cotidiano têm proteção entre 50% e 70%.

As indústrias têxteis da região estão avaliando produzir alternativas ao meltblow, que tenham as mesmas condições de proteção, mas que sejam tecidos novos e competitivos, inclusive, no mercado internacional.

Fernandes acredita que, com apoio do novo centro de pesquisa, as empresas terão mais capacidade de chegar a esse estágio. E não só para fabricar máscaras, mas capotes, macacões, gorros, aventais, uma série de outros equipamentos de proteção para os profissionais da saúde.

Integração

As universidades do Rio de Janeiro que participam do projeto vão se integrar com as indústrias que desejarem realizar uma adaptação para produção de EPIs de maior qualidade voltados a equipes de saúde.

Com o centro de pesquisa, as universidades conseguem prestar um serviço ao gestor público, avaliando a qualidade de produtos que estão no mercado, bem como dando suporte à indústria que queira fabricar um produto melhor, desenvolver sua linha de produção, fazer adaptações e capacitar a equipe.

Detalhes como a costura ultrassônica, por exemplo, que não deixa perfurações na máscara que possam permitir a passagem ou vazamento de elementos, são fundamentais na confecção de EPIs para a saúde.

O professor disse ainda que, após a implementação, o novo centro de pesquisa vai poder comparar os produtos e avaliar a evolução do setor.

Estão engajados no projeto o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo (Sindvest), o Polo de Moda do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), as empresas Quipo e Media Glass, especializadas em inteligência artificial, bigdata e telemedicina, e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), por meio do projeto da Rede de Empresas Fluminenses contra Efeitos da Covid-19.

 

Foto: Reuters

Covid-19: estudo sobre casos no Brasil inicia nova fase em 133 cidades

As três primeira etapas entrevistaram 90 mil pessoas

 

Por Agência Brasil

 

O estudo Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil (Epicovid19-BR), coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em parceria com o Ministério da Saúde, anunciou o início da quarta etapa de testes que irá abranger 133 cidades do país. A pesquisa ocorrerá de 20 a 23 de agosto e será financiada com recursos do programa Todos pela Saúde e do ministério.

O estudo é a maior pesquisa populacional em andamento no mundo a estimar a prevalência do novo coronavírus. “Os números de casos de infecção, internações e mortes por coronavírus se mantêm altos dia após dia no Brasil. Neste momento, precisamos das melhores evidências para embasar ações, preservar a saúde e prevenir mortes evitáveis de brasileiros”, destacou o epidemiologista e coordenador geral do estudo, Pedro Hallal.

Resultados

As três primeiras etapas, realizadas de 14 a 21 de maio, 4 a 7 e 21 a 24 de junho, entrevistaram cerca de 90 mil pessoas. Com base nos primeiros resultados, o estudo estimou que existem cerca de seis casos reais não notificados para cada um oficialmente confirmado. De acordo com a pesquisa, de cada cem pessoas infectadas, uma vai a óbito no Brasil.

A pesquisa documentou ainda que, em um mês, a prevalência (proporção de pessoas contaminadas) dobrou na população: os percentuais passaram de 1,9% (1,7% a 2,1%, pela margem de erro), na primeira etapa, para 3,1% (2,8 a 4,4%), na segunda, e alcançaram 3,8% (3,5% a 4,2%), na última etapa. Nesse mesmo intervalo de tempo, o distanciamento social (percentual de pessoas que ficaram em quarentena em casa) caiu de 23,1% para 18,9% dos entrevistados.

Desigualdade

A pesquisa identificou também diferenças grandes da prevalência da doença entre regiões brasileiras, grupos étnicos e socioeconômicos. Na região Norte, segundo o estudo, 10% da população, em média, têm ou já teve covid-19; no Sul, esse percentual está em torno de 1%. Os 20% mais pobres apresentaram o dobro do risco de infecção em comparação aos 20% mais ricos. O grupo mais vulnerável, os indígenas, tiveram risco de infecção cinco vezes maior do que os brancos.

“Mostramos que os pobres e os indígenas são os grupos mais vulneráveis, que requerem ainda mais atenção de políticas de saúde pública”, disse Hallal.

A pesquisa apontou ainda que as crianças têm a mesma chance de se infectar com o novo coronavírus do que uma pessoa adulta.

Sintomas

Segundo o estudo, aproximadamente 90% das pessoas infectadas com o novo coronavírus apresentaram sintomas. Os cinco mais frequentes, relatados por cerca de metade dos entrevistados com anticorpos para a covid-19, foram: dor de cabeça (58%), alteração de olfato ou paladar (57%), febre (52,1%), tosse (47,7%) e dor no corpo (44,1%).

 

Foto: Agência Senado

Máscaras também podem reduzir gravidade da Covid-19, conclui estudo

Um novo estudo concluiu, após o exame de vários casos, que o uso de máscaras reduz a carga viral a que estaramos expostos e, se infectados, a manifestação da doença seria mais branda ou mesmo assintomática

 

Por BBC

 

Autoridades de saúde e governos de vários países recomendam ou tornam obrigatório o uso de máscaras porque elas diminuem as chances de pessoas infectadas espalharem o novo coronavírus.

Porém, um novo estudo concluiu que o uso de máscaras também reduz a carga viral à qual estamos expostos e, se infectados, a manifestação da doença pode ser mais branda ou mesmo assintomática.

A pesquisa realizada nos Estados Unidos pelos médicos Monica Gandhi e Eric Goosby, da Universidade da Califórnia, e pelo pesquisador Chris Beyrer, da Universidade Johns Hopkins, examinou vários casos e concluiu que a exposição ao coronavírus sem consequências graves devido ao uso de máscaras pode gerar uma imunidade em toda a comunidade e reduzir a propagação da doença.

Muitas pessoas continuam se recusando a usar máscaras mesmo diante da informação de que elas evitam que se contaminem os outros. Mas agora o estudo sugere que as máscaras podem ter um grande benefício individual para quem as usa, o que é um incentivo a mais para seu uso.

O estudo foi publicado no “Journal of General Internal Medicine”.

O efeito da carga viral

Os médicos Gandhi, Goosby e Beyrer compararam dados de várias situações: algumas nas quais os grupos usavam máscaras, outras nas quais eles não usavam. E depois fizeram uma relação entre isso, a carga viral à qual as pessoas foram expostas e as de infecções leves ou assintomáticas.

A infecção assintomática pode ser problemática porque promove a disseminação do vírus por pessoas infectadas sem que elas saibam. Mas, ao mesmo tempo, ser assintomático e não gravemente doente é benéfico para o indivíduo, dizem eles.
Além disso, taxas mais altas de infecção assintomática levam a taxas mais altas de exposição ao vírus.

Os pesquisadores reconhecem que a resposta imune de anticorpos e células T a diferentes manifestações da Covid-19 ainda está sendo analisada, mas as evidências encontradas nos dados do desenvolvimento dessa imunidade celular, mesmo com uma infecção leve, são encorajadoras.

Evidências

A conclusão de que os usuários de máscaras são expostos a uma carga viral mais baixa, que resulta em uma infecção mais leve, é ​​apoiada pelo estudo de três importantes acumulações de evidências: virológica, epidemiológica e ecológica.

As máscaras — dependendo do tipo e do material — filtram a maior parte das partículas virais, embora não todas. Há algum tempo acredita-se que a exposição a esse baixo nível de partículas virais provavelmente produz uma doença menos grave.

Resultados de experimentos realizados no passado com humanos expostos a diferentes volumes de vírus não letais demonstraram sintomas mais graves em indivíduos que receberam uma carga viral mais alta.

Com o novo coronavírus, a experimentação não é possível nem ética, mas os testes realizados em hamsters que simulavam o uso de máscaras separando os animais com uma parede divisória feita de máscara cirúrgica, não só mostraram que os hamsters protegidos eram menos propensas à infecção, mas que, quando eram infectados com Covid-19, tinham sintomas leves.

Em termos de evidência epidemiológica, os médicos indicam que as altas taxas de mortalidade observadas no início da pandemia parecem estar associadas a intensa exposição a alta carga viral antes da introdução do uso de máscaras.

Caso do cruzeiro argentino

Um caso recente em particular é notável: o de um navio de cruzeiro na Argentina, onde todos os passageiros e tripulantes receberam máscaras após a detecção de um surto de Covid-19.

Nesse ambiente fechado, 128 das 217 pessoas a bordo tiveram resultado positivo para coronavírus. No entanto, a maioria dos infectados (81%) permaneceu assintomática.

Como evidência ecológica, pesquisas indicam que países e regiões que estão acostumados a usar máscaras faciais para controle de infecção, como Japão, Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Tailândia e Coréia do Sul, não sofreram tanto em termos da gravidade da doença e mortalidade.

O mesmo aconteceu com os países que aplicaram a máscara com antecedência. Além disso, mesmo quando esses países registraram o ressurgimento dos casos de Covid-19 ao retomar a atividade social e econômica, as taxas de mortalidade permaneceram baixas, corroborando a teoria da carga viral, afirmam os autores do estudo.

Em conclusão, os médicos argumentam que o uso universal de máscaras durante a pandemia deve ser um dos fundamentos mais importantes no controle da doença e advogam que essa medida seja tomada em particular nos Estados Unidos, onde as diretrizes não são homogêneas e parte da população continua a resistir, por vezes violentamente, contra o uso de máscaras.

Eles observam que durante a devastadora pandemia de gripe em 1918, os americanos adotaram com sucesso o uso de máscaras em público, mas a resposta às recomendações atuais dos Centros de Controle de Doenças (CDC) tem sido mista.

O uso de máscaras tem duas vantagens. O primeiro é proteger outras pessoas, evitando a propagação do vírus por uma pessoa infectada. Se essa preocupação com os outros não for suficiente, talvez a segunda vantagem — benefício individual — seja uma motivação mais eficaz.

 

Foto: Getty Images/ BBC

Jovens, aceleradores dos focos de propagação de coronavírus, resistem a manter isolamento no verão

Festas e boates em países do hemisfério norte, que estão no verão, contribuem para a disseminação da pandemia.

 

Por France Press

 

Os jovens são apontados por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e por autoridades da área como aceleradores dos focos de propagação do novo coronavírus. Porém, eles fazem parte de um grupo difícil de convencer a manter o distanciamento social em pleno verão no hemisfério norte.

“Perguntem: eu realmente tenho a necessidade de comparecer a esta festa?”, afirmou na quinta-feira (6)o diretor de Emergências Sanitárias, Michael Ryan. No fim de julho, a OMS já tinha insistido neste tema.

A chegada das férias e a suspensão dos confinamentos provocaram a saída às ruas, em larga escala, de pessoas com idades entre 15 e 25 anos, ansiosas por diversão.

As casas noturnas são consideradas pelos profissionais de saúde como “ninhos” da Covid-19. A Suíça, um dos primeiros países a reabrir as discotecas, sentiu o problema.

Em Genebra, entre 40% e 50% dos casos detectados na última semana de julho “estavam ligados a pessoas que frequentaram discotecas e bares, locais com áreas de dança, ou onde as pessoas ficam muito próximas”, afirmou o professor e diretor do Serviço de Prevenção de Infecções do Hospital Universitário de Genebra, Didier Pittet.

Em outros países, as discotecas permanecem fechadas, ou reduzidas a simples bares com as pistas de dança proibidas, como em Ibiza, uma das capitais mundiais das festas.

Isso não impede os jovens e seu desejo de diversão, com muitas festas ao ar livre.

Perto de Manchester, festas de música eletrônica reuniram entre 2 mil e 4 mil pessoas. Em Londres, a polícia atua para desmantelar festas ilegais.

Em Paris, o Bosque de Vincennes virou o epicentro das “free party”, festas clandestinas de música eletrônica, sem o uso de máscaras ou distanciamento social.

Para os organizadores, como Antoine Calvino, “a festa é vital. É uma válvula de escape e uma zona de tolerância sem igual”.

Confinamento ou liberdade total

A Alemanha também está em alerta. O diretor do Instituto Robert Koch, Lothar Wieler, chama as festas de “temerárias”.

“Os jovens jovens, apesar de estatisticamente menos suscetíveis a ficarem gravemente doentes, podem infectar suas famílias”, advertiu.
O número de contágios, em geral assintomáticos, aumenta.

No Canadá, as pessoas com menos de 39 anos representam a maior parte dos novos casos. Os jovens “não são invencíveis” ante o vírus, destacou a coordenação de saúde pública.

Em todos os países, as autoridades tentam reduzir o fenômeno.

O epidemiologista do Ministério da Saúde da Espanha, Fernando Simón, destaca que os jovens representam “o grupo mais difícil de controlar, com um estilo de vida e vontade viver muito diferentes dos outros”.

Ele sugeriu algum tipo de controle, que poderia incluir “um mecanismo punitivo, mas sem demonizar estas pessoas”.

É difícil, porém, encontrar um equilíbrio no discurso direcionado ao grupo.

“O que os jovens entenderam?”, questiona o sociólogo Mariano Urraco. “Antes era confinamento, agora liberdade. Para eles, não se trata de liberdade condicional, mas de liberdade total”, explicou.

A prefeitura de Madri criou uma campanha sobre a importância do uso da máscara, apesar do incômodo que provoca.

O vídeo mostra jovens bebendo cervejas, depois em uma discoteca, uma UTI e no final uma cerimônia de cremação, com a frase: “Há coisas que provocam mais calor que uma máscara. Proteja-se, proteja a todos”.

Imunidade geracional

Diante da impotência das autoridades, alguns propõem o pragmatismo.

“Deixem os jovens serem infectados, não vamos enviá-los para o Exército”, sugere Eric Caumes, especialista em doenças infecciosas, do hospital Pitié-Salpétrière, em Paris.

Como os jovens não respeitam as restrições, ele propõe tirar proveito da situação: “Este grupo etário poderia adquirir de maneira mais rápida uma imunidade coletiva. Mas os idosos teriam que ser protegidos com máscaras dentro das casas”.

“O ideal seria que todos os menores de 30 fossem imunizados de forma natural e que conseguíssemos proteger os maiores de 50 até a chegada de uma vacina ou tratamento eficaz”, conclui.

 

Foto: John Macdougall / AFP

Guarulhos faz testes rápidos para covid-19

Exames podem ser agendados nas unidades básicas de saúde do município

 

Por Agência Brasil

 

A Prefeitura de Guarulhos, na Grande São Paulo, oferece testes rápidos para covid-19 em pessoas que tiveram contato com pacientes infectados pelo novo coronavírus. Os exames podem ser agendados nas unidades básicas de saúde do município. A testagem também está disponível para motoristas de transporte público, entregadores de aplicativos e trabalhadores da segurança pública.

Serão feitos mutirões nas quintas e sextas-feiras em diversos pontos da cidade. Hoje (7), o atendimento ocorre na tenda do Bosque do Maia, das 9h às 15h. Nos dias 13 e 14 ocorrerá no Terminal de Ônibus da Vila Galvão; nos dias 20 e 21, no Terminal de Ônibus Pimentas (estrada Juscelino Kubitschek de Oliveira, 4.494, Jardim Albertina); e nos dias 27 e 28 no Supermercado Comercial Esperança (estrada Guarulhos Nazaré, 4.201, Jardim São João). Sempre no mesmo horário. Para ser atendido basta levar o documento de identidade e cartão do Sistema Único de Saúde.

Os testes são feitos com uma amostra de sangue colhida com uma picada no dedo e os resultados saem em 15 minutos.

 

Foto: Governo de São Paulo