Brasil completa hoje a marca de 500 mil médicos
São Paulo é o estado com maior número de inscrições médicas, ultrapassando 100 mil
O Brasil está prestes a atingir hoje (4) a marca de 500 mil médicos. Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), há precisamente 499.990 profissionais da medicina em atividade no País atualmente (dados desta quarta-feira, 4 de novembro). Concentrando 28,50% do total de inscrições ativas em solo brasileiro, São Paulo é o estado que possui a maior quantidade de médicos: ao todo, são 142.243 inscrições principais.
Embora o número seja expressivo (razão aproximada de 2,36 médicos por mil habitantes), o País sofre com uma grande desigualdade na distribuição da população médica entre regiões, estados, capitais e cidades do interior. Para, o presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), Raul Canal, analisando o cenário, não é difícil constatar que a má distribuição de profissionais não resulta de um suposto desinteresse dos médicos, que até chegam a migrar para essas regiões: “O que se observa é a falta de infraestrutura básica em algumas regiões, o que expõe um enorme abismo na saúde do Brasil”.
Com a pandemia da covid-19, os profissionais de saúde têm demonstrado o seu grande valor, embora efetivamente pouco se faça para reconhecê-los, avalia o especialista em Direito Médico e Odontológico. Só para se ter uma ideia da fragilidade mental dos profissionais da linha de frente, apenas 14,2% deles sentem-se preparados para lidar com o novo coronavírus, segundo pesquisa do Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. A maioria (64,97%) respondeu não estar apta para trabalhar na pandemia. O restante não soube responder.
“O Brasil precisa urgentemente melhorar as condições de infraestrutura de saúde e trabalhar numa melhor distribuição de profissionais, dando a eles o suporte que precisam. Assim como o SUS (Sistema Único de Saúde), esses profissionais precisam ser protegidos e valorizados, além de ter corrigida em suas deficiências a infraestrutura de atendimento na qual atuam. Muitas das vezes, são essas falhas estruturais que os impedem de prestar um atendimento mais adequado e humano aos pacientes, uma vez que precisam lidar com a falta de tudo. Neste momento em que a saúde é prioridade no mundo todo, temos uma chance inigualável de aprofundar o debate”, analisa Canal.
Exame de cera de ouvido pode revelar níveis de estresse
Pesquisadores desenvolveram método para medir níveis crônicos de hormônio associado a estresse sem a necessidade de exame de sangue
Por BBC
A cera de ouvido pode dar pistas sobre a saúde mental de um indivíduo, sugeriram pesquisadores.
Um estudo feito com 37 pessoas mostrou que um aumento do cortisol, o hormônio do estresse, pode ser medido a partir das secreções oleosas no canal auditivo.
Isso pode abrir uma janela para melhores maneiras de diagnosticar condições psiquiátricas, incluindo depressão, de acordo com o autor principal do estudo, Andres Herane-Vives.
Ele também desenvolveu um novo tipo de cotonete que não danifica o tímpano.
O cortisol é conhecido como o hormônio da “luta ou fuga”. Quando ele envia sinais de alarme para o cérebro em resposta a uma situação de estresse, ele pode influenciar quase todos os sistemas do corpo, do sistema imunológico à digestão e o sono.
Mas seu papel em transtorno — incluindo ansiedade e depressão — não é totalmente compreendido.
Herane-Vives, psiquiatra do Instituto de Neurociência Cognitiva do University College London, quer entender o que pode indicar níveis elevados ou baixos de cortisol.
Ainda é cedo, mas ele espera que isso possa ajudá-lo a estabelecer uma “medida biológica objetiva” para as condições psiquiátricas.
Em teoria, as pessoas com sintomas de problemas de saúde mental poderiam ter seus níveis de cortisol testados e isso poderia ajudar a formar o diagnóstico delas.
Atualmente, os diagnósticos de doenças e transtornos ligados à asaúde mental são amplamente subjetivos, portanto, esse método poderia fornecer aos profissionais uma ferramenta adicional para ajudar a tornar as avaliações mais precisas.
E um bom diagnóstico é “a única maneira de fornecer o tratamento correto”, disse Herane-Vives.
Ele poderia ser usado para avaliar quem pode ou não se beneficiar dos antidepressivos.
O cortisol pode ser medido no sangue, mas o exame revela apenas os níveis do hormônio de um indivíduo naquele momento.
E como os próprios exames de sangue podem ser estressantes, eles podem potencialmente dar falsos positivos.
Herane-Vives queria saber se os níveis crônicos de cortisol de um paciente — constantes por um longo período de tempo — poderiam ser medidos observando os tecidos do corpo em que se acumulam.
Ele estudou anteriormente se o cortisol poderia ser medido nos folículos capilares, mas para fazer isso você precisa de 3 cm de cabelo — o que nem todo mundo tem ou quer perder.
“Mas os níveis de cortisol na cera do ouvido parecem ser mais estáveis”, disse ele.
Herane-Vives fez uma analogia com outra criatura produtora de cera: as abelhas. Elas armazenam açúcar (o mel) em seus favos de cera, onde é preservado em temperatura ambiente.
Assim, os hormônios e outras substâncias são armazenados ao longo do tempo na cera do ouvido, que “produz mais cortisol do que amostras de cabelo”, disseram os pesquisadores.
A longo prazo, o método poderia ser desenvolvido para medir outras coisas como os níveis de glicose ou mesmo anticorpos contra vírus.
Foto: Andres Herane-Vives
Algoritmo identifica 'tossida de Covid' inaudível para humanos
Algoritmo criado nos EUA identificou corretamente as pessoas com Covid-19 pelo som de suas tosses
Por G1
Um algoritmo desenvolvido nos Estados Unidos identificou corretamente as pessoas com Covid-19 apenas pelo som de suas tossidas.
Nos testes, ele atingiu uma taxa de sucesso de 98,5% entre as pessoas que receberam um resultado oficial positivo no teste do coronavírus, aumentando para 100% nas que não tinham outros sintomas.
Os pesquisadores precisariam de uma aprovação regulamentar para transformá-lo em um aplicativo.
Eles disseram que a diferença crucial no som de uma tosse de um paciente assintomático de Covid-19 não pode ser percebida por ouvidos humanos.
‘Teste de piscina’
O algoritmo de inteligência artificial (IA) foi desenvolvido no laboratório do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
O cientista do MIT Brian Subirana, coautor do estudo, publicado no IEEE Journal of Engineering in Medicine and Biology, disse: “A maneira como você produz som muda quando você tem Covid-19, mesmo se você for assintomático.”
O mecanismo poderia ser usado “para triagem diária de estudantes, trabalhadores e do público, nas escolas, trabalho e transporte reabrirem. Ou até para testes de piscina para alertar rapidamente e evitar surtos em grupos”, diz o relatório.
Várias organizações, incluindo a universidade de Cambridge University, a universidade Carnegie Mellon e a start-up de saúde Novoic, no Reino Unido, têm trabalhado em projetos semelhantes.
Amostras de sons
Em julho, o projeto Covid-19 Sounds da Cambridge University relatou uma taxa de sucesso de 80% na identificação de casos positivos de coronavírus com base em uma combinação de respiração e sons de tossida.
Em maio, ele havia coletado 459 sons de amostra de tosse e respiração enviados por 378 membros do público — agora, ela tem um banco de cerca de 30 mil gravações.
O laboratório do MIT coletou cerca de 70 mil amostras de áudio, cada uma contendo uma série de tossidas.
Destas, 2,5 mil são de pessoas com casos confirmados de coronavírus.
‘Detectar câncer’
O especialista em inteligência artificial Calum Chace descreveu o algoritmo como “uma peça clássica de IA”.
“É o mesmo princípio de alimentar uma máquina com vários raios-X para que ela aprenda a detectar um câncer”, disse ele.
“É um exemplo de IA sendo útil. E, pela primeira vez, não vejo muita desvantagem nisso.”
Foto: Getty Images via BBC