Em amostras de sangue coletadas na Inglaterra, cientistas identificaram que o gene HLA-DRB1*04:01 está três vezes mais presente em pacientes assintomáticos
Por Revista Galileu
Uma equipe de cientistas liderada pela Newcastle University, no Reino Unido, identificou um gene que pode estar ligado à proteção contra a Covid-19. Chamado de HLA-DRB1*04:01, ele está três vezes mais presente em pessoas assintomáticas, o que sugere que quem têm esse gene é menos propenso a quadros mais graves da doença.
Os resultados foram publicados em abril na Wiley Online Library. O estudo avaliou amostras de sangue de 49 pacientes com Covid-19 grave, que estavam internados com insuficiência respiratória e não tinham doenças subjacentes, e de 69 funcionários de um hospital que testaram positivo para o vírus e eram assintomáticos.
Para comparação, os cientistas também incluíram um grupo controle com voluntários provenientes de um outro estudo, que avaliava a relação entre o gene HLA e os resultados de pacientes que tiveram uma articulação substituída cirurgicamente.
Após avaliar todas as amostras, os pesquisadores investigaram as diferentes versões dos genes presentes, chamadas de alelos. Diferentes alelos podem ter efeitos opostos em termos de resposta imunológica. Por isso, a pesquisa comparou os indivíduos assintomáticos com os sintomáticos para entender quais versões de gene poderiam ter qualidades “protetoras” contra a Covid-19. Foi assim que os cientistas encontraram a primeira evidência de que o gene HLA-DRB1*04:01 pode estar associado a casos assintomáticos da Covid-19.
Vale lembrar que o estudo incluiu apenas coletas do nordeste da Inglaterra, portanto, a equipe acredita que ainda será necessário avaliar os padrões genéticos de outras populações.
O gene HLA-DRB1*04:01 (também chamado de “gene do antígeno leucocitário humano” ou “gene do HLA”) está mais presente em pessoas no noroeste da Europa. Isso sugere que populações com ascendência europeia podem ter maior probabilidade de permanecer assintomáticas, mas, ainda assim, transmitem o vírus Sars-CoV-2 a outros grupos.
“Esta é uma descoberta importante, pois pode explicar por que algumas pessoas pegam Covid-19, mas não ficam doentes”, afirma Carlos Echevarria, coautor do estudo, em comunicado. “Isso pode nos levar a um teste genético que pode indicar quem devemos priorizar para futuras vacinações.”
Uma hipótese para explicar porque a incidência do gene HLA-DRB1*04:01 muda de acordo com a localização geográfica é a baixa presença de vitamina D em determinadas populações que vivem em áreas com menor exposição aos raios ultravioletas do Sol. No entanto, essa relação ainda está sendo investigada pelos cientistas.
“Isso ressalta a complexa interação entre o meio ambiente, a genética e a doença”, afirma David Langton, diretor da empresa ExplantLab, que ajudou a financiar o estudo. “Sabemos que alguns genes do HLA são responsivos à vitamina D e que os baixos níveis de vitamina D são um fator de risco para Covid-19 grave e estamos trabalhando mais nesta área.”
Foto: National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID)