Em ensaio com 196 voluntários, o imunizante AADvac1 reduziu o declínio clínico e funcional provocado pela doença, além de diminuir o acúmulo de proteína neurodegenerativa
Por Revista Galileu
A vacina AADvac1, candidata a ser o primeiro imunizante contra o Alzheimer, demonstrou ser segura e promissora contra certos marcadores da doença durante a fase 2 de testes clínicos. Os resultados foram divulgados pela empresa de biotecnologia Axon Neuroscience em artigo publicado no periódico Nature Aging nesta segunda-feira (14).
Feito em pequena escala, o estudo contou com a participação de 196 voluntários em oito países europeus. Os pesquisadores vacinaram 117 participantes do ensaio e os compararam com o restante, que não recebeu o imunizante, tornando-se o grupo placebo.
Um total de 11 doses foram administradas em pacientes que tinham demência leve decorrente do Alzheimer. A fase 2 do ensaio clínico Adamant, durou cerca de um ano e visou testar a segurança, imunogenicidade e eficácia do produto.
A proposta da AADvac1 é ativar uma resposta imunológica de anticorpos anti-tau, que combatem as proteínas tau patológicas. Acredita-se que o acúmulo dessas substâncias está relacionado ao surgimento de vários estados de demência, como o Alzheimer.
Por outro lado, as versões normais das proteínas tau são benéficas, pois ajudam a estabilizar as estruturas que permitem a comunicação entre os neurônios.Por isso, a vacina pretende agir apenas na tau patológica e não na normal, deixando a resposta direcionada para que o tratamento seja seguro. E o imunizante já demonstrou ter alcançado tal requisito de segurança, segundo a Axon Neuroscience.
“O DAMANT atingiu com sucesso seu objetivo principal, com a AADvac1 tendo demonstrado ser segura e bem tolerada. A excepcional resposta de anticorpos anti-tau demonstrada pela vacina é especialmente importante no tratamento de idosos”, anunciou a empresa, em comunicado.
A vacina também reduziu o acúmulo de uma proteína da cadeia leve de neurofilamento (NfL), que está ligada à neurodegeneração. A concentração da substância no sangue caiu em 58%, segundo calcula a pesquisa.
Além do mais, o declínio clínico foi reduzido em 27% no grupo de vacinados que já apresentavam biomarcadores do Alzheimer, quando comparados àqueles indivíduos que tomaram apenas placebo. Já o declínio funcional desse subgrupo diminuiu em 30% devido à vacinação.
Todavia, ao realizarem testes com todos 196 os voluntários, os pesquisadores explicaram que ainda não detectaram sinais convincentes de que a vacina serve para neutralizar significativamente o declínio cognitivo. “Esses resultados devem, portanto, ser interpretados com cautela e exigirão confirmação no desenvolvimento clínico futuro”, escreveram os estudiosos.
Foto: Unsplash/CDC