Com base no polissacarídeo pectina, equipe de pesquisadoras da Universidade de São Paulo desenvolveu produto sabor morango enriquecido com vitaminas B12 e D3
Por Revista Galileu
Embora dietas vegetarianas e veganas tragam benefícios à saúde, elas podem carecer de nutrientes essenciais, como as vitaminas B12 e D3, se não planejadas ou suplementadas corretamente. Por muito tempo, reunir os dois componentes em uma única pílula foi um desafio para cientistas. Mas, agora, brasileiras encontraram uma solução: a goma de mascar.
Em artigo publicado no periódico ACS Food Science & Technology, pesquisadoras da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP), apresentam uma goma de mascar que contém as vitaminas B12 (encontrada exclusivamente em produtos de origem animal) e D3 (presente em peixes e ovos e produzida pelo corpo quando somos expostos a um grau suficiente de luz solar).
Trata-se de um gel de pectina — um polissacarídeo extraído de frutas e verduras — com sabor morango. Ele é formulado sem qualquer ingrediente de origem animal para que indivíduos com alimentação baseada em plantas consumam diariamente a quantidade indicada dos nutrientes.
A primeira etapa do desenvolvimento do produto consistiu em criar uma emulsão. Para isso, as cientistas combinaram tampão de citrato, inulina, goma arábica, óleo de linhaça e vitamina D3. Separadamente, elas fizeram o gel de pectina, dissolvendo um tipo de pectina, cloreto de cálcio e vitamina B12 em um tampão de citrato.
Em seguida, a emulsão e o gel foram misturados com açúcar, resultando em um gel preenchido por emulsão. Após secar, o material se tornou uma goma de mascar avermelhada. Visando oferecer um produto comestível, as pesquisadoras adicionaram um sabor natural de morango e moldaram a goma em doces de aproximadamente 1,3 cm.
Em testes sensoriais, 120 pessoas avaliaram bem o gosto, a cor e o aroma do produto. Cerca de metade delas afirmou que comprariam a goma de mascar enriquecida com vitaminas B12 e D3, enquanto 36% disseram que talvez adquirissem. Em nota, as cientistas declararam esperar que esses resultados abram caminhos para que as comidas se tornem cada vez mais nutritivas.
Foto: ACS Food Science & Technology 2021