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Vacina nasal contra Alzheimer começa a ser testada em humanos

Ensaio clínico conduzido por hospital da Universidade Harvard, nos EUA, conta com a participação de idosos de até 85 anos que receberão duas doses do imunizante

Por Revista Galileu

O Brigham and Women’s Hospital, vinculado à Universidade Harvard, nos Estados Unidos, anunciou na última terça-feira (16) que está prestes a iniciar os ensaios clínicos com uma vacina nasal para prevenir e desacelerar a progressão do Alzheimer.
O trabalho é fruto de quase duas décadas de pesquisas lideradas por Howard L. Weiner, codiretor do Centro para Doenças Neurológicas do hospital, e tem como objetivo verificar a segurança e a eficácia do imunizante. “É um marco extraordinário”, declara Weiner, em nota. “Se os testes forem bem-sucedidos, isso pode representar um tratamento não tóxico para pessoas com Alzheimer e ajudar a prevenir a doença em pessoas de risco.”

E por que uma vacina nasal? A resposta para essa pergunta está no modulador imunológico Protollin, utilizado para desenvolver o produto. Trata-se de um agente intranasal que estimula o sistema imunológico. Composto por proteínas derivadas de bactérias, o Protollin já foi empregado com segurança em humanos como um suporte em outros imunizantes.

Sua tarefa consiste em ativar os glóbulos brancos encontrados nos gânglios linfáticos do pescoço e fazer com que essas células migrem para o cérebro, desencadeando a eliminação das placas beta-amiloides características dessa condição neurodegenerativa.

A Alzheimer’s Association destaca que, embora não se saiba exatamente o papel das placas, a maioria dos especialistas acredita que elas contribuem para bloquear a comunicação entre as células nervosas, o que interfere em processos vitais — e é justamente a destruição e a morte dessas células que resultam em perda de memória, mudanças de personalidade e demais consequências do Alzheimer.

“Há 20 anos temos evidências crescentes de que o sistema imunológico desempenha um papel fundamental na eliminação da beta-amiloide”, comenta Tanuja Chitnis, professora de neurologia no hospital universitário. “A vacina aproveita um novo ramo desse sistema para tratar a doença”, diz.

No total, 16 pessoas irão participar da primeira fase do estudo, recebendo duas doses da vacina em um intervalo de uma semana. Com idades de 60 a 85 anos, todas têm Alzheimer em fase inicial, registram sintomas e devem apresentar um bom estado geral de saúde para que não haja interferências na pesquisa. Os pacientes também precisam fazer um exame que comprove a presença da proteína amiloide no organismo.

Além da segurança, outro aspecto analisado será a tolerabilidade do imunizante. Os pesquisadores conseguirão avaliar ainda o efeito do Protollin na resposta imune dos pacientes, incluindo os impactos nos glóbulos brancos por meio de marcadores de superfície celular, perfis de genes e ensaios funcionais.

Foto: Robina Weermeijer/Unsplash

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