Cientistas norte-americanos notaram diminuição da substância e aumento do nível de estresse oxidativo em amostras sanguíneas de pacientes hospitalizados com a doença
Por Revista Galileu
Pacientes hospitalizados com Covid-19 têm menor nível de glutationa, o antioxidante fisiológico mais abundante do corpo. Pesquisadores norte-americanos observaram isso em amostras sanguíneas de indivíduos e publicaram seus resultados em 27 de dezembro na revista Antioxidants.
Os especialistas analisaram o sangue de 60 participantes internados com a doença e viram que eles tiveram também maior dano e estresse oxidativo. Assim como a queda de glutationa, o estado de estresse é associado a condições como envelhecimento, diabetes, infecção por HIV, distúrbios neurodegenerativos, distúrbios cardiovasculares, doenças neurometabólicas e obesidade.
As amostras do grupo de hospitalizados eram de adultos acima dos 21 anos. Elas foram comparadas com coletas de indivíduos saudáveis, realizadas antes do início da pandemia de Covid-19, em 2019.
Os resultados sugerem que uma suplementação com componentes da glutationa, conhecida como GlyNAC (abreviação de glicina e N-acetilcisteína), pode ser benéfica para pacientes com Covid-19. O suplemento reduz o estresse oxidativo e aumenta a presença do antioxidante, melhorando indicadores de saúde, segundo evidências anteriores.
Anteriormente, os autores do estudo, que atuam no Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, suspeitavam que os níveis de estresse oxidativo e de glutationa ficavam estáveis só até as pessoas completarem 60 anos de idade. A partir daí, havia uma tendência para a deficiência do antioxidante e para estresse oxidativo elevado.
Porém, o novo estudo sugere que a infecção pelo Sars-CoV-2 pode agravar essas mudanças que normalmente já chegam com a idade. “Ficamos surpresos ao ver que os pacientes com Covid-19 nos grupos de 21 a 40 e de 41 a 60 anos tinham muito menos glutationa e mais estresse oxidativo do que os grupos de idade correspondentes sem Covid-19”, conta Rajagopal Sekhar, um dos autores da pesquisa, em comunicado.
Vale notar que os defeitos provocados pela doença pioram conforme o envelhecimento, mas também ocorrem em todos os grupos etários de adultos, incluindo jovens. O estresse oxidativo gera acúmulo de radicais livres, moléculas altamente reativas que podem danificar células, membranas, lipídios, proteínas e até o DNA.
O que nos protege desse estresse é a glutationa, então, a deficiência do antioxidante é um verdadeiro problema. Quando as células falham em neutralizar os radicais livres, ocorrem danos celulares que podem afetar muitos processos fisiológicos.
Em estudo anterior, os cientistas viram que a suplementação de GlyNAC para idosos e pacientes com HIV reverteu várias anormalidades como inflamação, disfunção endotelial, resistência à insulina e melhorou a força muscular. Sekhar defende que os efeitos do suplemento em pacientes com Covid-19 ainda precisam ser investigados em futuras pesquisas.
Foto: NIAID