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Saiba como ocorrem os testes clínicos da vacina contra chikungunya no Brasil

Após resultados favoráveis nos EUA, ensaio de fase 3 do imunizante do Instituto Butantan é realizado com jovens voluntários em São José do Rio Preto (SP); confira como participar

Por Revista Galileu

Os primeiros testes clínicos da vacina do Instituto Butantan contra a chikungunya começaram no Brasil. O imunizante VLA1553 passou a ser testado esta semana em adolescentes no município de São José do Rio Preto (SP), conforme anunciou a entidade na última sexta-feira (4).

A vacina desenvolvida em parceria com a farmacêutica Valneva Áustria GmbH é até agora a única em fase 3 dos ensaios clínicos. O produto já passou por um estudo concluído de fase 1/2 nos Estados Unidos, onde também ainda está sendo testado na terceira etapa em adultos.

“Essa vacina é um desenvolvimento para conter uma doença regional, do Brasil. Apesar de não ter um mercado grande para ela fora do país, o Butantan se preocupa com a mitigação desse tipo de vírus. E a vacinação é o caminho para diminuir os riscos”, explica Wellington Briques, diretor médico do Instituto Butantan, em comunicado.

O que já se sabe sobre a vacina

A VLA1553 é feita com tecnologia do vírus atenuado. Nos testes de fase 1/2 nos Estados Unidos, iniciados em março de 2018 com 120 adultos, o imunizante demonstrou 100% de soroconversão, isto é, de produção de anticorpos detectáveis no soro sanguíneo. As estruturas de defesa foram mantidas mesmo após um ano.

Em setembro de 2020, na fase 3, em 44 locais também nos Estados Unidos, a vacina foi testada em outros 4.115 adultos. O produto gerou anticorpos neutralizantes em 98,5% dos voluntários, 28 dias após a aplicação da dose única. Eventos adversos foram em sua maioria leves e moderados, sendo resolvidos três dias depois da vacinação.

Bem tolerada por todas as faixas etárias nos ensaios clínicos, a VLA1553 foi premiada com a designação de revelação (Breakthrough Designation) pela Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória norte-americana.

Como ocorrem os testes no Brasil

O estudo terá duração de 15 meses e irá avaliar a segurança e imunogenicidade da vacina em 750 adolescentes na faixa entre 12 e 17 anos.

A análise não irá se restringir apenas a São José do Rio Preto, mas também irá passar por outros seis centros de pesquisa nas cidades de São Paulo (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Aracaju (SE) e Campo Grande (MS).

De acordo com o Butantan, essas regiões foram escolhidas porque nelas a chikungunya é endêmica. A doença identificada no Brasil pela primeira vez em 2014 é causada por um vírus homônimo, transmitido aos seres humanos pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue e da zika.

Presente em mais de 100 países, a enfermidade afeta todos os sexos e idades e tem como principais sintomas a febre alta, dores intensas nas articulações dos pés, mãos, dedos, tornozelos e pulsos, além de dor de cabeça, nos músculos e manchas avermelhadas na pele.

“As manifestações começam de dois a 12 dias após a picada do mosquito, sendo que cerca de 30% das pessoas não apresentam sintomas”, informa o instituto. “A doença pode ser mortal, especialmente quando o paciente já apresenta outras comorbidades. Além disso, pode deixar sequelas graves nas pessoas que contraírem o vírus”.

Participe

Voluntários que queiram participar dos primeiros testes da vacina em São José do Rio Preto precisam ser moradores da região. As inscrições são feitas pelo e-mail [email protected], manifestando o interesse em fazer parte do ensaio clínico. A pesquisa é realizada no Centro Integrado de Pesquisa – Hospital de Base de São José do Rio Preto.

Foto: Instituto Butantan

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