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Como a mamografia pode indicar risco de doença cardiovascular

No último dia 15 de março, foi divulgado pela American Heart Association e publicado na revista científica Circulation: Cardiovascular Imaging um estudo que aponta como as calcificações encontradas nas mamas estão vinculadas ao risco de doenças cardiovasculares.

Por Uol Viva Bem

Foram realizados exames de mamografia em mais de 5.000 mulheres norte-americanas para analisar se as BACs (calcificações arteriais da mama) visualizadas na imagem tinham alguma relação com a doença cardiovascular aterosclerótica. Os resultados da pesquisa mostraram que as mulheres que tiveram calcificação arterial da mama presente em sua mamografia tinham 51% mais risco de desenvolver doença cardíaca.

Segundo os autores responsáveis pelo estudo, esse achado pode ser útil para determinar o risco de doença cardíaca e AVC em mulheres. A calcificação da artéria mamária é caracterizada pelo acúmulo de cálcio na camada média da parede da artéria mamária, que está diretamente associado ao fator envelhecimento, diabetes tipo 2, pressão alta e inflamação, para além disso, é também um indicador de rigidez nas artérias.

Este estudo também apontou que a calcificação da artéria mamária foi mais comum entre as mulheres que se identificaram como brancas ou hispânicas/latinas, e menos provável em mulheres identificadas como negras ou asiáticas.

É importante ressaltar que a BAC não é o mesmo que a calcificação da camada interna da artéria (a camada em contato com o sangue), que comumente é vista em pessoas que fumam ou têm níveis elevados de colesterol. A calcificação da artéria mamária é um achado comum na mamografia, caracterizado como uma área branca nas artérias mamárias, mas até o momento não estaria relacionado ao câncer, ainda de acordo com os autores.

O principal ponto deste estudo não é alarmar a população, mas servir como utilidade preventiva, pois revela que a mamografia, além de já ser uma ferramenta importante na detecção do câncer de mama, também pode indicar precocemente doenças ligadas ao coração, e aumentar as chances de cura e tratamento após diagnóstico precoce.

“Atualmente, a calcificação arterial mamária visível nas mamografias não é considerada um padrão a ser relatado. Alguns radiologistas incluem esses dados em seus exames de mamografia, mas isso não é obrigatório”, explicou Carlos Iribarren, coautor do estudo e pesquisador PhD da Kaiser Permanente Division, em Oakland, Califórnia (EUA).

“Esperamos que nosso estudo incentive uma atualização das diretrizes para relatar calcificação arterial mamária. Esta pesquisa moveu a agulha para a recomendação de avaliação de rotina e relato de calcificação da mama arterial em mulheres na pós-menopausa”, diz Iribarren.

Ainda de acordo com a atualização estatística de 2022 da associação responsável pela pesquisa, as doenças cardiovasculares serão as principais causas de morte entre as mulheres americanas, por isso faz-se tão necessário o estudo para diagnosticá-las.

Na opinião de Natalie A. Cameron, pesquisadora e especialista, o desconhecimento é o maior vilão para essas mulheres. “Nos EUA, mais mulheres relatam que estão preocupadas com o risco de câncer de mama do que com doenças cardíacas, e apenas metade delas está ciente de que as doenças cardíacas são a principal causa de morte em mulheres”, aponta a autora do editorial que acompanhou o estudo.

Mamografia: prevenção importante
Recomendada pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer), a mamografia é um exame de rotina que deve ser feito a cada dois anos em mulheres a partir dos 50 anos de idade. No entanto, no Brasil, a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), o CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem) e a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) já passaram a recomendar a mamografia anual para as mulheres a partir dos 40 anos, visando o diagnóstico precoce e a redução de mortalidade.

Nota-se que assim como em outros exames de rotina, que não necessariamente estão diretamente relacionados à cardiologia, a mamografia desempenha um papel importantíssimo no momento de prevenção e descoberta de doenças.

De acordo com Edilberto Rocha, coordenador da ginecologia e obstetrícia do Hospital Santa Joana, no Recife, muitas vezes os ginecologistas, obstetras e mastologistas são os únicos médicos aos quais as mulheres vão com regularidade.

“Por isso, muitas vezes, somos responsáveis pelo diagnóstico de doenças que não são específicas das nossas áreas e pelo posterior encaminhamento para os especialistas adequados”, observa Rocha. Assim, a mamografia segue sendo o exame que apresenta o melhor custo-benefício, pois quando realizada anualmente por mulheres acima de 40 anos contribui diretamente para a redução da mortalidade a partir do diagnóstico.

Estilo de vida equilibrado e uma alimentação saudável
Manter um estilo de vida equilibrado que englobe uma alimentação saudável, uma rotina produtiva e uma boa relação com exercícios físicos não precisa ser utópico.

O conjunto dessas ações ajuda a preservar o corpo ativo, o coração livre de doenças e a mente em alerta. Além disso, impede o agravamento de doenças crônicas.

O mais importante é dar o primeiro passo para a mudança de hábitos nocivos ao corpo. Visto que à medida que o físico envelhece, começa a ser mais notária e agressiva as alterações nos músculos e nas articulações, que resultam em um declínio na sensação de “força”.

Para a construção de um estilo de vida benéfico é imprescindível incluir a saúde preventiva, uma boa nutrição, recreação e exercícios regulares em sua lista de prioridades. Por exemplo, a falta de uma alimentação balanceada é a principal causa de alguns dos fatores de risco das doenças cardiovasculares, como a obesidade, diabetes, hipertensão, colesterol e os triglicérides elevados.

“Por isso, é fundamental alimentar-se bem, de maneira equilibrada e sem excessos”, salienta Nagila Raquel Teixeira Damasceno, diretora executiva do Departamento de Nutrição da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo).

“Um estilo de vida mais saudável, antes ou depois de qualquer diagnóstico, é importante. Obesidade e ingestão de álcool são fatores com os quais a gente precisa se preocupar. Cuidar do peso, do exercício, da mente, ingerir álcool com muita moderação, são coisas que a gente pode modificar, mudando o que acontece no nosso corpo. É importante realizarmos o combate aos fatores de risco modificáveis. Tem que mudar o que pode ser mudado”, afirma Clarissa Mathias, médica residente da Oncoclínicas Bahia.

Atualmente, a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda cinco porções diárias de frutas, vegetais e legumes. Estes alimentos, além de reforçarem a imunidade do organismo, contribuem para combater a obesidade, a hipertensão e o diabetes.

Foto: Getty Images

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