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Parkinson pode ter três tipos diferentes, mostra estudo

Com a ajuda de inteligência artificial, pesquisadores classificaram a doença de acordo com o ritmo em que os sintomas avançam em cada paciente; descoberta, se validada, pode ajudar a aprimorar o tratamento

Por CNN Brasil

Uma nova pesquisa, conduzida por pesquisadores da Weill Cornell Medicine, em Nova York, Estados Unidos, descobriu que o Parkinson pode ter três subtipos diferentes, baseados no ritmo em que a doença progride em uma pessoa. As descobertas foram publicadas na revista científica npj Digital Medicine, no dia 10 de julho.

O estudo também descobriu que os diferentes tipos de Parkinson são marcados por genes distintos. Os achados, se validados, podem aprimorar como a doença é tratada, com o uso tanto de medicamentos novos, quanto os já existentes para tratar especificamente cada tipo da doença.

“A doença de Parkinson é altamente heterogênea, o que significa que pessoas com a mesma doença podem ter sintomas muito diferentes”, explica o autor sênior do estudo, Fei Wang, professor de ciências da saúde populacional e diretor fundador do Institute of AI for Digital Health (AIDH) no Departamento de Ciências da Saúde Populacional da Weill Cornell Medicine, em comunicado à imprensa.

“Isso indica que provavelmente não há uma abordagem única para tratá-la. Podemos precisar considerar estratégias de tratamento personalizadas com base no subtipo de doença de um paciente”, acrescenta.

Como o estudo foi feito?

Para definir esses três subtipos, os pesquisadores usaram aprendizado de máquina, um tipo de inteligência artificial, para analisar registros clínicos anônimos de dois grandes bancos de dados. Eles também exploraram o mecanismo molecular por trás de cada subtipo, por meio de análise de perfis genéticos e transcriptômicos (expressão dos genes) dos pacientes.

Por exemplo, um tipo específico de Parkinson teve ativação de genes relacionados à neuroinflamação, ao estresse oxidativo e ao metabolismo. Além disso, a equipe de pesquisadores encontrou diferenças nas imagens cerebrais e fluido cerebrospinal dos três tipos.

Tipos baseados em padrões de progressão

Os pesquisadores classificaram os diferentes tipos de Parkinson com base em seus padrões distintos de progressão, ou seja, como os sintomas evoluem. Com isso, foram definidos três tipos de Parkinson:

  • Inching Pace (PD-I): doenças com gravidade basal leve e velocidade de progressão leve, representando 36% dos participantes do estudo;
  • Moderate Pace (PD-M): casos com gravidade basal leve, mas que avançam em uma velocidade moderada, representando 51% dos participantes;
  • Rapid Pace (PD-R): casos com taxa de progressão dos sintomas mais rápida.

Possíveis medicamentos para os diferentes tipos de Parkinson

Os pesquisadores usaram as descobertas para identificar possíveis candidatos a medicamentos já existentes que poderiam ser reaproveitados no tratamento dos diferentes tipos de Parkinson. Para isso, eles usaram dois bancos de larga escala com dados de mundo real (como prontuários médicos e informações de dispositivos de saúde, por exemplo) de pacientes para confirmar se esses medicamentos poderiam ajudar a reduzir a progressão de Parkinson.

Os bancos de dados utilizados para a análise foram o INSIGHT Clinical Research Network, com sede em Nova York, e o OneFlorida+ Clinical Research Consortium, da Flórida. Ambos são parte da National Patient-Centered Clinical Research Network (PCORnet).

“Ao examinar esses bancos de dados, descobrimos que as pessoas que tomam o medicamento para diabetes metformina parecem ter melhorado os sintomas da doença — especialmente os sintomas relacionados à cognição e quedas — em comparação com aquelas que não tomam metformina”, afirma o primeiro autor do estudo, Chang Su, professor assistente de ciências da saúde populacional e também membro do AIDH na Weill Cornell Medicine.

Esse achado foi observado, principalmente, entre os participantes com o subtipo PD-R, ou seja, com maior taxa de progressão de Parkinson e com maior risco para ter sintomas cognitivos logo no início da doença.

Se as descobertas forem validadas por outros estudos e ensaios clínicos, elas poderão ser ferramentas úteis para o avanço do tratamento da doença.

Foto: Visoot Uthairam/Getty Images

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