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Metabolismo pode estar por trás da propensão de mulheres ao Alzheimer

Metabolismo pode estar por trás da propensão de mulheres ao Alzheimer

Pesquisa inédita feita por brasileiros revela que mulheres com Alzheimer apresentam metabolismo reduzido de gordura no organismo

Por Metrópoles

Embora se saiba que a incidência de Alzheimer é o dobro em mulheres do que em homens, a medicina ainda não sabe explicar o que está por trás da estatística. Uma pesquisa feita por brasileiros, porém, indica uma resposta inusitada para o fenômeno: um aminoácido.

O estudo, publicado no dia 7 de janeiro na revista Nature Molecular Psychiatry, mostra que pacientes do sexo feminino com perda de memória leve ou Alzheimer apresentam níveis reduzidos de um aminoácido chamado carnitina livre no sangue.

A molécula é essencial no metabolismo de gorduras, permitindo que elas sejam transportadas com eficácia pelo organismo até o interior das células. No cérebro, elas são aproveitadas pelos neurônios para reforçar suas membranas — sem gorduras, eles ficam mais suscetíveis a danos. Quanto maior a queda da carnitina, mais grave é o quadro de Alzheimer, segundo o estudo.

Os pesquisadores acreditam que o metabolismo ineficaz de gordura pode ser a explicação que faltava para entender a recorrência em mulheres. Além disso, a carnitina pode indicar novas abordagens para diagnóstico e tratamento da doença.

Como foi feita a pesquisa?
A pesquisa analisou amostras sanguíneas de duas coortes distintas, uma no Brasil e outra nos Estados Unidos. O grupo incluía 125 participantes, entre pacientes diagnosticados com Alzheimer, pessoas com comprometimento cognitivo leve e indivíduos saudáveis.

Os cientistas estudaram diretamente a relação da carnitina com a demência inspirados em pesquisas anteriores feitas em ratos, que mostraram melhora das funções cognitivas quando o aminoácido era suplementado.

“É o primeiro estudo que mostra o potencial da carnitina de forma robusta como um indicador importante de gravidade em casos de mulheres com Alzheimer”, explica Mychael Lourenço, professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e um dos líderes do estudo.

Uso na prevenção e tratamento
Os achados também abrem caminho para a criação de testes diagnósticos menos invasivos. Avaliar a dosagem de carnitina no sangue, por exemplo, pode complementar exames como a punção lombar, que avalia o líquido espinhal em busca de biomarcadores do Alzheimer.

Embora ainda sejam necessários mais estudos para confirmar se a reposição de carnitina pode ter impacto na progressão do Alzheimer, os cientistas acreditam que o achado representa um avanço significativo na busca por tratamentos mais eficazes. O próximo passo é expandir a pesquisa para grupos maiores de pacientes, para validar os resultados e testar novas estratégias de intervenção.

O que é o Alzheimer?
No Brasil, estima-se que o Alzheimer atinja mais de 1,5 milhão de pessoas, respondendo por quase 90% dos casos de demência no país.

A doença compromete a função cognitiva, a memória e a autonomia dos pacientes, surgindo quando começam a ocorrer acúmulos de proteínas tóxicas dentro do cérebro. A doença ainda não tem cura nem tratamento eficaz.

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Foto: Getty Images


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