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Academias de Ciências e de Medicina dos EUA admitem edição genética de embriões humanos no futuro

Especialistas estabeleceram critérios recomendados para que manipulação seja feita de forma mais ética e segura

 

Por G1

 

Um relatório da Academia Nacional de Ciências e da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos afirma que, no futuro, a edição do DNA de gametas (espermatozoides e óvulos) ou embriões humanos poderá ocorrer, mas propõe restrições para isso de acordo com as condições do paciente.

A manipulação genética hereditária (que passa entre as gerações) deve ser permitida apenas em casos de condições sérias e com supervisão rigorosa. No caso de mudanças não hereditárias, as academias defendem que a edição ocorra exclusivamente para tratamento e prevenção de deficiências.

Alguns cientistas defendem que o método possa ser usado para manipular características como a cor dos olhos, cabelos ou pele de um bebê, por exemplo. O relatório se posiciona de forma contrária.
 

As academias defendem seis critérios que devem ser cumpridos para que seja permitida a edição genética de seres humanos:
1. A ausência de outras alternativas razoáveis;
2. Restringir a edição de genes que possa causar uma doença ou condição grave;
3. Existência de dados pré-clínicos e/ou clínicos críveis sobre riscos e potenciais benefícios para a saúde;
4. Supervisão contínua e rigorosa durante os ensaios clínicos;
5. Planos abrangentes para o acompanhamento da geração atual e das seguintes a longo prazo;
6. Reavaliação contínua dos benefícios e riscos para a saúde e a sociedade.

 

A recomendação ocorre depois da descoberta de uma nova e revolucionária técnica de edição genética: o Crispr. Após cientistas conseguirem aprimorá-la para uso prático em 2012, em 2015 sua popularidade explodiu e seus usos são incontáveis. Já foi usado para alterar o genoma de embriões humanos, criar cães extramusculosos, porcos que não contraem viroses, amendoins antialérgicos e trigo resistente a pragas.

O mecanismo consegue “recortar” o código genético de forma precisa e sem um custo financeiro alto – até então, a edição do DNA ocorria de forma cara e demorada. Recentemente, um grupo de pesquisadores chineses chegou a injetar células editadas por meio de Crispr em um paciente com câncer de pulmão. Reconhecendo que a técnica está sendo usada em experimentos no mundo todo, as academias nomearam um comitê para examinar os problemas científicos, éticos e governamentais que envolvem a edição do DNA humano.

“A edição do genoma humano é uma grande promessa para a compreensão, tratamento ou prevenção de muitas doenças genéticas devastadoras”, disse Alta Charo, co-presidente do comitê. “No entanto, a edição do genoma para aprimorar características ou habilidades além da saúde comum levanta preocupações sobre se os benefícios podem compensar os riscos e sobre como tal justiça será disponibilizada apenas para algumas pessoas”, completou.

O documento foi revisado e comentado por especialistas de 11 universidades dos EUA. A revisão foi supervisionada por Harvey Fineberg, da Fundação Moore, e Jonathan Moreno, da Universidade da Pensilvânia.

 

Foto: Chris Bickel / Science Translational Medicine (2017)

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