Por Agencia EFE
Dados mundiais divulgadas pela Organização das Nações Unidas mostram que os homens têm menos probabilidades de ter acesso ao tratamento da Aids e mais risco de morrer com doenças relacionadas ao HIV, já que menos da metade dos portadores do vírus estão sendo tratados adequadamente.
A lacuna entre homens e mulheres é maior na África Central e Ocidental, onde apenas 25% dos homens com HIV recebem tratamento antirretroviral contra 44% das mulheres, embora existam diferenças importantes em outras regiões do mundo.
Na América Latina, que inclui o Brasil, no entanto, a tendência não se repete: 58% dos homens já fazem o uso dos medicamentos necessários para combater o vírus. Entre as mulheres, o índice é de 59%.
Os dados foram revelados pelo relatório “Blind Spot” (Ponto Cego) publicado nesta quinta-feira (1º) pelo Programa Conjunto da ONU sobre o HIV/Aids (Unaids) por causa do Dia Mundial da Luta contra a Aids, que foca neste ano no acesso ao tratamento por parte de homens e crianças.
““Enfrentar as desigualdades que colocam as mulheres e meninas em risco de infecção pelo vírus está em primeiro plano na resposta à AIDS”, disse Michel Sidibé, diretor-executivo do Unaids. “Mas há um ponto cego em relação aos homens—os homens não estão usando os serviços de prevenção e testagem para o HIV e não estão buscando acesso ao tratamento na mesma escala que as mulheres.”
“Os homens não estão utilizando os serviços para prevenir o HIV ou para realizar exames para saber se têm o vírus. E nem estão tendo acesso ao tratamento na mesma medida que fazem as mulheres”, afirmou Sibidé, citando que 60% das mulheres com a doença são medicadas com coqueteis antirretrovirais.
Em todo o mundo, 36,7 milhões pessoas são portadoras do HIV, mas apenas 20,9 milhões têm acesso ao tratamento contra o vírus. Ainda assim, o número é quatro vezes maior do que em 2000.
O relatório divulgado hoje indica que, em nível global, a cobertura do tratamento entre homens de 15 anos ou mais foi de 47% em 2016. O índice chega a 60% entre as mulheres.
Devido à diferença em nível global, os homens têm mais chances de morrer que as mulheres de doenças relacionadas com a Aids, já que representavam 58% das mortes ligadas ao vírus em 2016. Os estudos mostram que, além disso, os homens são mais propensos do que as mulheres a começar o tratamento de forma tardia, a interrompê-lo e a não realizar o acompanhamento terapêutico. O relatório destaca que essas brechas e carências na cobertura de tratamento contribuem para novos ciclos de infecção.
A prevalência do HIV, segundo o documento, é “sistematicamente” maior” entre homens que fazem parte dos grupos de população-chave (incluindo profissionais do sexo, pessoas que usam drogas injetáveis, pessoas trans, pessoas privadas de liberdade, gays e outros homens que fazem sexo com homens – e seus parceiros sexuais).
Fora do sul e do leste da África, 60% das novas infecções pelo HIV entre adultos ocorrem entre homens. Os homens que mantêm relações sexuais com homens têm 24 vezes mais chances de contrair o HIV. Apesar disso, o uso de preservativo parece estar diminuindo na Austrália, na Europa e nos EUA.
O relatório da Unaids também afirma que cerca de 80% dos 11,8 milhões de pessoas que usam drogas injetáveis são homens, e que a prevalência do HIV entre eles supera os 25% em vários países. O documento defende iniciativas que façam os homens utilizarem os serviços de saúde e que esses serviços sejam mais acessíveis para eles, se adaptando às necessidades e às realidades do grupo. EFE
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