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Fungo é uma das principais causas de morte de pessoas com HIV em Manaus

Estudo constatou que microrganismo do gênero “Histoplasma” gera uma infecção pulmonar chamada histoplasmose, que pode se espalhar por vários órgãos do corpo e ser fatal sobretudo em soropositivos

Por Revista Galileu

Pesquisadores de universidades brasileiras e da Espanha concluíram que o fungo do gênero Histoplasma é uma das principais causas de mortes de pacientes com o vírus HIV no Amazonas. Eles perceberam isso ao realizarem 61 autópsias no hospital da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, em Manaus.

A pesquisa foi publicada em 5 de abril no jornal científico PLOS Neglected Tropical Diseases. Participaram do estudo profissionais do próprio hospital e também da Universidade do Estado do Amazonas, da Universidade de Brasília e do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), na Espanha.

Os cientistas conduziram uma avaliação de amostras provenientes de lesões e de vários órgãos dos indivíduos mortos, como pulmão, fígado, baço, medula óssea e cérebro. Assim, eles puderam fazer uma análise genética e microbiológica de diversas cepas de Histoplasma encontradas nos falecidos.

O objetivo era avaliar como a histoplasmose, uma infecção no pulmão causada pela inalação desse tipo de fungo, podia contribuir com a mortalidade dos indivíduos. Em pessoas com HIV, esse problema se mostrou ainda mais fatal se não for tratado, pois danifica gravemente também outros órgãos.

Diferentemente dos soropositivos, a maioria das pessoas com histoplasmose quase não tem sintomas. Algumas se sentem debilitadas e apresentam febre e tosse, quadro às vezes acompanhado de dificuldade de respiração, de acordo com o Manual MSD de doenças.

“O problema é que não se sabe qual é a carga exata da doença em regiões endêmicas, já que seus sintomas são frequentemente confundidos com tuberculose”, explica Miguel Martinez, pesquisador do ISGlobal e coautor do estudo, em comunicado.

A pesquisa trouxe evidência de infecção por Histoplasma em um a cada três dos indivíduos mortos. Entre as pessoas com HIV, 38% apresentaram histoplasmose, sendo que a doença infecciosa causou a morte de 22% delas. “Apesar da alta mortalidade por histoplasmose, 75% dos casos não foram suspeitos clinicamente”, conta Natalia Rakislova, líder da descoberta.

Além disso, o estudo indica que há uma alta diversidade de cepas do fungo provavelmente circulando em Manaus. A condição causada pelo microrganismo é também endêmica em áreas dos Estados Unidos e de países da África e da América Latina.

Uma vez que a histoplasmose tem alta incidência e pode ser grave ao disseminar-se por todo o corpo, os pesquisadores não descartam a possibilidade de que pacientes com HIV tenham que tomar medicação antifúngica e fazer testes de rotina para prevenir mortes em regiões onde o Histoplasma é recorrente.

Foto: Natalia Rakislova et.al

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