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Vacina da Janssen tem resposta "robusta" contra variantes em estudo

Aplicado em dose única, imunizante é capaz de estimular a produção de anticorpos não neutralizantes e de células T, segundo pesquisa publicada na “Nature”

Por Revista Galileu

Com a disseminação descontrolada do coronavírus Sars-CoV-2 em diversos países, a ciência busca se certificar de que as vacinas em aplicação mundo afora sejam eficazes também contra as novas variantes do vírus causador da Covid-19. Nesse sentido, um novo estudo traz boa notícia em relação ao imunizante da farmacêutica norte-americana Janssen.

Publicada na revista científica Nature nesta quarta-feira (9), a pesquisa concluiu que a vacina Ad26.COV2.S é capaz de estimular respostas imunes contra a linhagem original do novo coronavírus e também contra algumas das principais variantes — Alfa (B.1.1.7, do Reino Unido), Beta (B.1.1351, da África do Sul), Gama (P.1, do Brasil) e Epsilon (CAL.20C, dos Estados Unidos).

Os resultados foram obtidos por meio de uma investigação feita com 20 pessoas entre 18 e 55 anos que já haviam participado de um estudo clínico mais amplo e randomizado de fase 1/2a. Analisando as respostas imunes celulares e os anticorpos produzidos, os pesquisadores perceberam que, no caso das variantes Beta e Gama, há uma menor produção de anticorpos neutralizantes na comparação com a reação ao vírus original.

Por outro lado, a produção de anticorpos não neutralizantes e das células T praticamente não foi impactada pelas variantes. Diante da eficácia demonstrada nos estudos de fase 3 da vacina da Janssen, acredita-se que esses integrantes do nosso “exército” de defesa possam ajudar a combater a Covid-19. “A proteção robusta da eficácia da vacina nessas regiões aumenta a possibilidade de que anticorpos não neutralizantes e/ou células T contribuam para a defesa”, observa, em nota, o imunologista Dan Barouch, da Escola de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

A pesquisa ressalta ainda que o imunizante teve bom desempenho nos testes realizados no Brasil e na África do Sul, onde muitas infecções são causadas pelas variantes. “Alternativamente, é possível que níveis baixos de anticorpos neutralizantes sejam suficientes para proteger contra a Covid-19”, comenta Barouch.

Como funciona a vacina Ad26.COV2.S?

O imunizante da farmacêutica Janssen, que pertence ao grupo Johnson & Johson, está previsto para chegar ao Brasil ainda em junho. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o país receberá 3 milhões de doses este mês, segundo informou o portal G1.

Como as vacinas terão prazo de validade até o dia 27, a aplicação terá que ser rápida. Por isso, Mauro Junqueira, secretário do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), disse ao site que a ideia é distribuir a primeira remessa de imunizantes somente entre as capitais.

Pelo contrato firmado com a farmacêutica, o país contará com mais 35 milhões de unidades a serem entregues até o fim de 2021. E, por ser uma vacina de dose única, o imunizante da Janssen promete acelerar o processo de vacinação.

Ele é baseado em vetores de um vírus que causa o resfriado comum (adenovírus sorotipo 26) e que, uma vez modificado para o desenvolvimento do imunizante, não se replica ou resulta em resfriado.

A vacina também utiliza o código genético da proteína spike do Sars-CoV-2. Assim, ao ser imunizado, o indivíduo recebe o material genético do coronavírus dentro do adenovírus, o que faz com que o corpo produza anticorpos contra o invasor.

Dessa forma, o organismo cria uma resposta imunológica e uma memória contra o Sars-CoV-2 e, caso a pessoa venha a ser infectada pelo vírus, o corpo irá reconhecê-lo e logo entrará em ação.

Foto: Marcely Gomes/Semcom

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