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Variante Iota: o que se sabe sobre a cepa do coronavírus originada nos EUA

A variante B.1.526 foi prevalente na 2ª onda da pandemia em Nova York, período em que apresentou uma taxa de transmissão até 25% maior que as outras versões do Sars-CoV-2

Por Revista Galileu

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos indica que a variante Iota (B.1.526) do Sars-Cov-2 pode ser mais transmissível, apresentar maior potencial de escapar do sistema imune e aumentar a mortalidade da Covid-19 entre adultos na comparação com outras cepas circulantes. O estudo é do Departamento de Saúde e Higiene Mental da Cidade de Nova York e da Escola Mailman de Saúde Pública, da Universidade de Columbia.

As conclusões foram publicadas na plataforma medRxiv no último dia 7, em um artigo ainda não revisado por pares. Os pesquisadores analisaram conjuntos de dados referentes à população de Nova York, onde a cepa iota emergiu em novembro de 2020, e recorreram à modelagem matemática para determinar a taxa de transmissão, a habilidade de escapar da imunidade e o índice de mortalidade dessa versão do coronavírus.

As informações utilizadas foram coletadas de 1º de março de 2020 a 30 de abril de 2021. Entre os aspectos observados estão os casos suspeitos e confirmados de Covid-19, as hospitalizações, os óbitos, o percentual de circulação de diferentes variantes do Sars-CoV-2 e a vacinação.

A partir disso, foi possível notar que houve um crescimento rápido de infecções pela variante iota na segunda onda da pandemia em Nova York, de novembro a abril. As estimativas apontam que a sua taxa de transmissão foi entre 15% e 25% superior à das variantes conhecidas. Os pesquisadores também descobriram que a cepa iota contaminou indivíduos vacinados, escapando de 0% a 10% das respostas imunológicas.

Quanto à taxa de mortalidade por infecção, concluiu-se que a iota aumentou esse número em 46% para os adultos de 45 a 64 anos, em 82% para a faixa etária de 65 a 74 anos e em 62% para o grupo acima de 75 anos. No geral, a iota pode ter elevado em até 60% o risco de morte entre adultos com mais de 65 anos. A B.1.526 foi a cepa dominante na cidade de Nova York de novembro até março. Depois disso, o surgimento da variante alfa (B.1.1.7), mais infecciosa, fez com que a prevalência da iota diminuísse gradualmente.

“Nos chama a atenção porque [a iota] tem características de transmissão, escape da resposta imunológica e taxa de letalidade semelhantes à variante alfa, uma das quatro cepas de preocupação”, comenta o geneticista Salmo Raskin, diretor do laboratório Genetika, em matéria publicada por O Globo. A variante iota já foi detectada em todos os 52 estados dos EUA e em outros 27 países, mas não há casos registrados no Brasil.

Trata-se de uma variante de interesse, e não de preocupação, conforme as denominações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Enquanto a primeira categoria inclui as versões do vírus detectadas em vários países ou identificadas como causadoras de transmissão comunitária ou de múltiplos casos, a segunda contempla variantes associadas ao aumento da transmissibilidade ou da virulência, à mudança na apresentação clínica da doença ou à diminuição da eficácia das medidas sociais e de saúde pública ou de diagnósticos, vacinas e terapias.

Na visão dos autores do estudo, o trabalho destaca a importância da vigilância genômica como um pilar da resposta à crise sanitária. “A preparação e o monitoramento cuidadoso das variantes do Sars-CoV-2, suas características epidemiológicas e a severidade da doença são cruciais para o combate à pandemia de Covid-19, que continua sendo uma ameaça à saúde pública global”, constatam no artigo.

Foto: NIH/NIAID

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