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Bebê que esperava cinco meses por atendimento médico morre em AL

Alagoas não tem especialista para atender criança com doenças de coração. Cirurgia marcada em hospital do Paraná foi adiada duas vezes.

Um bebê morreu depois de esperar cinco meses por uma cirurgia do coração em Alagoas. O estado não tem especialistas para tratar doenças cardíacas graves. A saída era fazer a operação num hospital do Paraná, mas a cirurgia foi adiada duas vezes.

O pequeno Miguel tinha um mês de vida quando os médicos descobriram uma doença grave no coração. Os pais levaram a criança do sertão de Alagoas para Maceió. Foi quando souberam que o menino só poderia ser tratado em outro estado. Alagoas não tem médico especializado para esse tipo de atendimento em crianças. A vaga surgiu no Paraná, mas a operação foi desmarcada duas vezes.

Uma nota da Secretaria de Saúde de Alagoas mostra que no dia 30 de março a cirurgia foi adiada por problemas técnicos em um hospital em Curitiba. No dia 6 de abril, o mesmo hospital tinha cirurgião, mas desta vez não havia vaga na UTI. Miguel piorou e nesta quarta-feira (15) acabou morrendo.

“Se houve negligência ou não eu não posso dizer, o que eu posso dizer é que houve muita demora. Cinco meses não são cinco dias, cinco meses de luta aguardando essa transferência que nunca chegava”, fala o pai Marcos Lemos.

“A gente pode dizer que o caso do Miguel, assim como outros casos, vem só mostrar o quanto que existe uma necessidade de organização de uma rede para as crianças que possuem cardiopatia congênita. E a falta dessa organização é que pode ter levado a demora para a transferência do Miguel”, diz a médica Maria Celeste Mesquita.

Há três anos o Ministério Público de Alagoas determinou que a Secretaria de Saúde contratasse uma equipe de especialistas para tratar das crianças que nascem no estado com doenças grave no coração, mas até hoje essa determinação não foi cumprida.

Nesta quinta-feira (16), outras duas crianças estão internadas em hospitais de Maceió a espera de uma cirurgia do coração. Margarida Lemos, mãe de Miguel, disse que não gostaria que os pais dessas crianças passassem pelo mesmo sofrimento dela.

“Ele estava bem para ir pra UTI para fazer a fazer a cirurgia. O que fizeram com o meu filho eu espero que nunca façam com o deles”.

O que defensor público Ricardo Melro encaminhou para a justiça para tentar, pelo menos, amenizar essa situação em Alagoas.

“Pedimos para que o juiz determinasse o estado de alagoas e município de Maceió para contratar um centro de referência fora de Alagoas enquanto não se habilita o centro de referência local. Enquanto isso não sai do papel essas crianças tem que vir aqui e estamos ingressando com as ações individuais. Me soa meio absurdo já que temos uma decisão.”

A Secretaria de Saúde do estado de Alagoas disse que ainda neste mês irá vai firmar convênio com o Hospital do Coração, em Maceió, para atender às crianças cardiopatas. Com isso, os pacientes passarão a ser acompanhados ambulatorialmente e, no segundo semestre deste ano, eles vão poder fazer as cirurgias em Alagoas, evitando que as crianças tenham que ser transferidas para outros estados.

O Hospital Angelina Caron, de Curitiba, disse que recebe um número muito grande de pacientes de alto risco em sua UTI pediátrica. São situações de extrema urgência, que requerem internação imediata e eles atendem dentro do possível.

Fonte: http://g1.globo.com/
Foto: photl.com

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