Diagnóstico de problema na placenta saiu tarde, diz mãe que perdeu criança. Exames estavam normais até antes do parto, informa Santa Casa de Franca.
A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) investigam as circunstâncias do parto com um bebê morto na Santa Casa de Franca (SP). A mãe acusa o hospital de ter demorado em diagnosticar descolamento de placenta, mesmo depois de apresentar sangramento em diferentes atendimentos.
Em nota, o hospital informou que chegou a atender a paciente com o sangramento, mas que seus exames estavam normais até antes da cirurgia e que o descolamento foi imprevisível.
A coladora de peças Bruna Iara da Silva, de 19 anos, relata que procurou a Santa Casa pela primeira vez em 21 de maio. Assim ela diz ter feito nos dias 27, 28 e 29 de maio – na última vez ficou internada -, contando que teve como resposta que estava tudo bem com seu bebê.
Mas, ainda no dia 29, depois de ser submetida a exames que mais uma vez não apontaram problemas, ela afirma que foi levada às pressas para a sala de parto da unidade hospitalar para a realização de uma cesariana às pressas.
Naquele momento, a mãe diz que sentiu que filha estava morta, principalmente por não notar movimentos dela em sua barriga e pela alegação dos médicos de que havia ocorrido um descolamento de placenta – esta foi apontada mais tarde como causa da morte na certidão de óbito.
“Saíram todos para levá-la para o berçário, depois o médico veio, enfermeira, pedindo desculpa, que infelizmente tentaram de todas as formas reanimar meu bebê, mas que ela não sobreviveu”, lamenta Bruna.
Investigações
O caso foi registrado no 1º Distrito Policial de Franca, que instaurou inquérito nesta terça-feira (2) para apurar como foi realizado o atendimento e se houve erro médico. O delegado Luís Carlos da Silva afirma que ouvirá familiares da paciente e profissionais envolvidos no atendimento, além de pedir um exame de corpo de delito na mãe da criança.
“Se houve erro médico e foi determinante para a morte da criança, ele [médico] responderá por homicídio culposo, por imprudência, imprudência ou por imperícia”, afirma.
A morte no parto também gerou uma sindicância no Cremesp. O delegado regional do conselho em Franca, Ulisses Martins Minicucci, diz que em primeiro lugar vai solicitar o prontuário e ouvir os médicos que atenderam a paciente na Santa Casa. “Por enquanto temos duas versões, a família e da Santa Casa. Agora vamos ouvir a versão dos médicos”, afirma.
Para o pespontador Franklin Edson Souza e Silva, pai do bebê que morreu antes de nascer, a Santa Casa deve ser responsabilizada na Justiça. “Foi muito médico que atendeu. Não tem como afirmar de qual médico foi o erro. Creio que a Santa Casa é responsável por todos que estão ali”, afirma.
Santa Casa
A Santa informou, em nota, que Bruna procurou atendimento com queixa de sangramento e que permaneceu internada por 24 horas para acompanhamento do feto. Nesse período, segundo o hospital, foram realizados exames de cardiotocografia e ultrassonografia, “os quais apresentaram resultados normais.”
Também informou que, com o fim do sangramento, a jovem foi liberada com orientações de retornar em caso de nova intercorrência e que, na madrugada do dia 29, ela voltou por causa de um novo sangramento, “recebendo todos os cuidados médicos e de enfermagem.”
“Até as 6h45 o quadro da paciente mantinha-se estável; em virtude de um repentino sangramento, a mesma foi encaminhada para o Centro Obstétrico, sendo iniciada uma cesárea de urgência, porém, devido a um imprevisível descolamento de placenta, o bebê não resistiu”, comunicou.
Fonte: http://g1.globo.com/
Foto: Marie Smith, via Flickr