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Estudo brasileiro mostra que gordura no fígado eleva em 30% chance de desenvolver diabetes

Estudo conduzido por pesquisadores da UFMG, USP e UFRGS foi o primeiro na América Latina a relacionar gordura no fígado com diabetes

Por Futuro da Saúde

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) publicaram na sexta-feira, 14, um estudo que mostrou que a presença de gordura no fígado aumentou em 30% o risco de se desenvolver diabetes. Trata-se do primeiro levantamento a confirmar a relação das condições numa população da América do Sul – tal associação já havia sido apontada em outras pesquisas, mas em regiões do mundo como a Ásia.

Luciana Costa Faria, uma das autoras da pesquisa, contou que uma das principais motivações foi investigar se a esteatose hepática é um fator de risco para a diabetes. Como a diabetes já é conhecida por ser um fator de risco para a doença hepática gordurosa não alcoólica, os pesquisadores queriam descobrir se o contrário também é válido. E a resposta foi sim, os indivíduos acometidos pela esteatose têm mais chance de desenvolver diabetes. Os achados foram publicados no Cadernos de Saúde Pública e divulgados pela Agência Bori.

Após triagem, os 8,166 mil participantes, com idades de 35 a 74 anos, foram acompanhados por cerca de quatro anos por meio de entrevistas e exames clínicos que coletaram dados sociodemográficos e de saúde. Os pesquisadores detectaram diferenças em outros fatores clínicos comparando o grupo de participantes que tinha gordura no fígado com o grupo que não apresentava essa condição de saúde.

A maior prevalência foi encontrada em indivíduos do sexo masculino e com obesidade. Faria explica que a esteatose hepática está associada à obesidade central, condição que é mais facilmente encontrada em homens, por isso a maior incidência da doença neste grupo. Além disso, indivíduos acometidos pela esteatose exibiram níveis maiores de triglicerídeos, colesterol e ainda resistência à insulina.

Também foi constatado que a baixa escolaridade se torna um fator de risco para a doença. A pesquisadora considera que isso pode ser uma consequência do fato de que desse grupo geralmente tem menos tempo de fazer atividade física e possui hábitos alimentares menos saudáveis, seja por condições econômicas ou falta de conhecimento. 

A incidência de diabetes entre os participantes foi de 5,25%. Quando realizada a comparação entre os grupos com e sem esteatose hepática, os pesquisadores obtiveram uma incidência de 7,83% no grupo com esteatose hepática e de 3,88% no grupo sem esteatose.

Mesmo após ajustes de índice de comparação, o risco de surgimento de novos casos de diabetes permaneceu sendo maior no grupo de participantes com gordura no fígado comparados àqueles que não possuíam a condição.

Hábitos impactam na incidência de gordura no fígado

No Brasil, o cenário nutricional justifica a crescente dos índices de sobrepeso, obesidade e diabetes. A população exibe maus hábitos de alimentação e a doença hepática gordurosa não alcoólica é uma condição de alta prevalência, alcançando um índice de cerca de 25% da população geral, segundo a pesquisadora.

Luciana explica que os casos de esteatose hepática vêm aumentando principalmente devido à má alimentação e falta de exercício físico: “É uma questão de hábitos de vida”. Para ela, as conclusões obtidas a partir desse estudo expõem o quão importante é que profissionais da saúde reforcem a conscientização de seus pacientes ao “aconselhar e recomendar mudanças significativas nos hábitos de vida, principalmente atividades físicas regulares, dieta saudável, perda de peso e controle dos demais fatores metabólicos”. 

Além disso, os serviços de saúde também podem implementar a identificação de pacientes com esteatose hepática como medida preventiva contra o desenvolvimento de doenças crônicas, como a diabetes.

O próximo objetivo dos pesquisadores será investigar, na mesma população, se a doença hepática gordurosa não alcoólica está relacionada à uma maior incidência de doenças cardiovasculares. “A esteatose está em um contexto de um paciente com vários fatores metabólicos desfavoráveis, como obesidade, diabetes, elevação de triglicérides, infarto e AVC. Então são vários fatores de risco para doenças cardiovasculares e ateroscleróticas”, conclui Luciana.

Foto: Reprodução/Futuro da Saúde

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