Família registrou ocorrência após divergência nos laudos do hospital e IML. Hospital de Jundiaí (SP) também abriu sindicância para investigar o caso.
A Polícia Civil informou nesta quarta-feira (10) que vai pedir a exumação do corpo da diarista Rosalva Gomes Rodrigues, de 53 anos. Ela faleceu após uma cirurgia para retirada da tireoide – importante glândula que produz diversos hormônios no corpo humano – em um hospital de Jundiaí (SP). A morte da mulher começou a ser investigada pela polícia após a família registrar um boletim de ocorrência ao perceber que as necropsias feitas pelo Hospital São Vicente de Paulo, onde a cirurgia foi realizada, e o Instituto Médico Legal (IML) apontaram causas diferentes para a morte.
Em nota, o hospital afirma que também abriu sindicância para apurar o caso. “Esta medida foi tomada após publicação do boletim de ocorrência feito pela família e, caso seja necessário, a diretoria tomará medidas administrativas contra os envolvidos.”
Rosalva deu entrada para fazer a cirurgia no dia 1º de junho e morreu no dia seguinte. O laudo elaborado pelo hospital aponta que a diarista teve uma parada cardíaca após um laringoespasmo, um tipo de inflamação nos músculos na região da laringe que teria ocorrido enquanto ela estava no centro em que os pacientes ficam após a cirurgia. Entretanto, a necropsia do IML constatou que o óbito teria sido causado por hemorragia pós-cirurgia e choque hipovolêmico – caracterizado pela perda de grandes quantidades de sangue e líquidos causados devido a hemorragias.
Segundo o delegado titular do 1º Distrito Policial, Paulo Sérgio Martins, a investigação vai apurar se houve erro médico por parte da equipe que realizou o procedimento. “No momento não existem provas suficientes para caracterizar um homicídio. Vamos apurar a eventualidade do erro médico e, se isso ocorreu, quem ocasionou a morte”, explica.
O delegado explica que, caso seja caracterizado o crime, o responsável poderá responder por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. “Em casos de erro médico, este crime é cometido devido a imperícia do profissional no ato da cirurgia. Pode ser um cirurgião que fez um procedimento que causou uma hemorragia, uma enfermeira que deu alguma medicação errada, etc. São várias possibilidades. Vamos entender em que momento houve o possível erro para individualizar a culpa”.
Ainda de acordo com Martins, tanto a equipe médica quanto os familiares foram intimados para comparecer na delegacia e prestar depoimentos. Eles devem ser ouvidos até o começo da próxima semana. A polícia também solicitou detalhes do laudo do Instituto Médico Legal. O inquérito deve ser concluído em 30 dias.
‘Cirurgia simples’
A morte repentina da diarista causou revolta na família, que não acredita no laudo entregue pelo hospital. “Ficamos assustados e revoltados, porque minha mãe morreu em uma cirurgia muito simples”, diz o filho da diarista, Bruno Rodrigues Reis, em entrevista ao G1.
De acordo com ele, Rosalva não tinha problemas de saúde e passaria pela cirurgia para retirar um nódulo. “O nódulo era benigno, mas os médicos recomendam que ele seja retirado para evitar uma possibilidade de câncer. Como ela tinha hipotireoidismo, iria viver com reposição hormonal após a retirada da tireoide”, explica.
A cirurgia teve duração de aproximadamente três horas. No começo da noite, no dia seguinte ao da cirurgia, a família recebeu uma ligação do hospital e, após chegarem na unidade, os parentes da paciente foram informados sobre a morte da diarista.
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Fonte: http://g1.globo.com/
Foto: Mire de rien, via Flickr