Estudo mostra que Covid-19 matou mais enfermeiros no Norte que no Sudeste
Por Medicina S/A
Um estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) traçou um perfil dos profissionais de saúde mortos no primeiro ano da pandemia de covid-19 e mostrou que mais enfermeiros foram vítimas da doença na Região Norte que na Região Sudeste. O trabalho foi publicado na revista científica Ciência & Saúde Coletiva. A autora principal do artigo, Maria Helena Machado, diz que os dados regionais de mortalidade dos profissionais de saúde por covid-19 entre março de 2020 e março de 2021 são “uma fotografia real, crua e dura da desigualdade social que impera no país e no Sistema Único de Saúde [SUS]”.
A pesquisa mostra que, dos 582 mil enfermeiros que existem no país, apenas 7,6% estão na Região Norte, e 45,1%, na Região Sudeste. Mesmo assim, dos 200 enfermeiros mortos por covid-19 e contabilizados pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) no primeiro ano da pandemia, 29,5% eram do Norte e 26,5%, do Sudeste. Em números absolutos, foram 59 vítimas no Norte, e 53, no Sudeste. “É lá [Região Norte] que se vê com clareza onde o genocídio dos profissionais se deu forma mais aguda. É onde tem piores condições de trabalho e maior aglomeração da população desesperada por atendimento. O Amazonas foi um exemplo vivo do descaso com que a Amazônia Legal vem sendo tratada no país. Ela ficou muito descoberta e desprotegida”, disse a pesquisadora, em texto publicado pela Agência Fiocruz de Notícias.
O Amazonas foi o estado brasileiro em que houve mais mortes de enfermeiros no primeiro ano da pandemia, com 12,5% do total. São Paulo teve 10,5%, e Rio de Janeiro, 9,5%.
Subnotificação
Outro alerta trazido pela pesquisa é a possível subnotificação nos dados de profissionais de saúde vítimas da pandemia. O estudo cita números da Organização Mundial da Saúde (OMS) que estima pelo menos 115 mil profissionais da saúde vítimas da covid-19 até maio de 2021, em todo o mundo, mas considera que o total pode ser ainda maior.
Para o estudo da Fiocruz, foram usados os bancos de dados do Cofen e do Conselho Federal de Medicina (CFM), mas a pesquisa chama a atenção para o fato de não haver no país sistematização dos números de contaminados e de mortes entre os trabalhadores da saúde.
“É importante assinalar que a escassez e, por vezes, a ausência sistemática de dados sobre óbitos de profissionais de saúde em geral durante a pandemia é um fato grave. Isso implica um apagão de fatos que aconteceram e estão acontecendo com esses trabalhadores, gerando um cenário de incertezas na pandemia e no pós-pandemia”, diz um trecho do artigo.
Médicos e auxiliares de enfermagem
A disparidade entre a proporção de profissionais e a proporção de mortes também aparece entre médicos e auxiliares de enfermagem. Com apenas 4,5% dos médicos do país, mas teve 16,1% dos óbitos entre esses profissionais. Entre os auxiliares de enfermagem, 8,7% estão no Norte, enquanto 23,2% das vítimas dessa categoria profissional se concentram nesses estados.
A pesquisa mostra ainda que 75% dos médicos mortos estavam acima dos 60 anos, enquanto 80% dos técnicos ou auxiliares de enfermagem mortos estavam abaixo dessa faixa etária.
“A enfermagem tem uma inserção mais institucional, assalariada e com tempo de trabalho predeterminado. Boa parte da enfermagem no Brasil tem assegurado o direito formal à aposentadoria. Na medicina, é exatamente o contrário, pois infelizmente os médicos estão cada vez mais de forma autônoma no mercado profissional. A outra questão é que as categorias da enfermagem têm inserção no mercado de trabalho em fases da vida bastante distintas. Os técnicos podem iniciar a jornada por volta dos 18 anos, por exemplo. Os enfermeiros, assim como os médicos, precisam primeiro se formar na universidade, mas o curso de medicina é mais longo, fazendo que com que esses profissionais entrem mais tarde no mercado, o que também contribui para o prolongamento de suas carreiras”, analisa a pesquisadora.
O perfil dos profissionais da enfermagem mortos por covid-19 foi principalmente de mulheres negras. Entre os enfermeiros vitimados, 59,5% eram mulheres, enquanto, entre os auxiliares de enfermagem, elas eram 69,1%. Já em relação à raça, 31% dos enfermeiros que morreram por Covid-19 eram brancos, e 51%, pretos e pardos. Já entre os auxiliares e técnicos, 29,6% eram brancos e 47,6% pretos e pardos.
Entre os médicos, 87,6% das vítimas são homens, e 12,4%, mulheres. A pesquisa informou que dados sobre cor e/ou raça não estão disponíveis no caso dos médicos.
(Com informações da Agência Brasil)
Foto: Reprodução/Medicina S/A
Certificadora recomenda, pelo quarto ano consecutivo, renovação de duas certificações internacionais da Anadem
O processo, realizado nos dias 23 e 24 de janeiro, engloba a ISO 9001 e a ISO 37001; auditoria destacou comprometimento dos setores com a governança da instituição, além da seriedade durante o processo avaliativo
Brasília/DF, 25 de janeiro de 2023 – Pelo quarto ano consecutivo, a Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética) recebeu a

recomendação para a renovação das certificações internacionais NBR ISO 9001:2015 e NBR ISO 37001:2017 (Ciclo 2023-2025), que tratam dos sistemas de gestão da qualidade e de gestão antissuborno, respectivamente. Auditores externos da BGA Certificadora avaliaram os setores internos da instituição nos dias 23 e 24 de janeiro.
Durante a reunião de encerramento da auditoria com os gestores da instituição, o diretor de Gestão e Planejamento Estratégico da Anadem, professor José Antonio Ramalho, em nome do presidente Raul Canal, agradeceu o rigor e o empenho de todos em prol da renovação dos selos.
GOVERNANÇA COMO PONTO FORTE

Os auditores apontaram o comprometimento com a “governança” como um dos pontos fortes da maior rede de blindagem profissional do Brasil. Em sua essência, a governança corporativa estrutura regras e processos para que uma instituição alcance os objetivos propostos. “A gestão integrada está no DNA de vocês. Além disso, todos os anos verificamos mudanças físicas e aprimoramento de processos que mostram o comprometimento em sempre inovar”, afirmou o auditor Flávio Coelho.
Também foram apresentadas as potencialidades de cada área e algumas oportunidades de melhoria. O método de planejamento estratégico da Anadem, a matriz SWOT, também foi motivo de elogio.
Busca por medicamentos para a saúde mental cresce a cada ano
Por Medicina S/A
A comercialização de antidepressivos e estabilizadores de humor cresce a cada ano no Brasil. Conforme dados do Conselho Federal de Farmácia, a venda desses medicamentos cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021. A população brasileira recorre de forma progressiva aos fármacos em situações relacionadas à saúde mental. De acordo com um levantamento divulgado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países mais depressivos e ansiosos do mundo. Cerca de 5,8% da população sofre com a depressão e 9,3% possui problemas com ansiedade. Esses dados podem explicar o “sucesso” de ansiolíticos, antidepressivos e sedativos nos últimos anos.
Wellington Barros da Silva, professor da área de Epidemiologia da Universidade Federal de Sergipe e consultor do Conselho Federal de Farmácia, aborda a atuação dos antidepressivos e estabilizadores de humor no organismo humano: “Esses medicamentos, de uma forma geral, alteram o que nós chamamos de mediadores químicos, substâncias que o nosso organismo produz, responsáveis pelos estágios de humor.” Como, por exemplo, a dopamina e a serotonina, importantes neurotransmissores.
A produção dessas substâncias pelo corpo humano influencia diretamente o estado de humor das pessoas. Problemas como depressão e ansiedade alteram o funcionamento dos mediadores químicos e os medicamentos agem regulando a produção desses mediadores, com o objetivo de estabilizar a condição emocional de quem passa por isso.
Sobre os efeitos dos ansiolíticos e sedativos, Alline Cristina de Campos, professora do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, explica: “Eles vão atuar primeiramente no nosso cérebro, nele existem receptores específicos para esses fármacos. O que os remédios vão fazer é facilitar a inibição do nosso cérebro através de um neurotransmissor chamado Gaba e diminuir a ansiedade.” O Gaba é o ácido aminobutírico, principal neurotransmissor inibidor do sistema nervoso central. Ele atua como indutor de relaxamento e facilitador de concentração.
Por agirem diretamente no sistema nervoso, os antidepressivos e ansiolíticos devem ser utilizados com cuidado. O acompanhamento médico é fundamental para entender e controlar os efeitos desses fármacos. “Quando nós estamos há muito tempo sob o efeito desse medicamento, nosso corpo se acostuma e é como se o nosso cérebro começasse a produzir menores quantidades desses neurotransmissores. Se você retirar abruptamente esse medicamento, vai causar a ausência desse neurotransmissor, não completamente, mas no nível que o nosso cérebro precisa”, alerta a professora Alline. Desse modo, um processo de adaptação é necessário para readaptação do cérebro.
Perigo do uso indiscriminado
Assim como qualquer medicamento, os antidepressivos ou ansiolíticos podem causar a dependência dos pacientes se forem utilizados de forma indiscriminada. Wellington da Silva explica os aspectos fisiológicos desse uso: “Quando há alteração na produção dessas substâncias no organismo, ele tenta se reequilibrar reagindo ao medicamento, porque é uma substância estranha no nosso corpo”. A dependência passa pelas diversas alterações no mecanismo biológico do organismo humano.
Além disso, Silva também menciona os fatores sociais e culturais, em especial da sociedade brasileira. “É o uso abusivo e, muitas vezes, desnecessário de medicamentos que induz você a provocar um desequilíbrio entre o uso desse medicamento e a resposta do organismo. Isso vai provocar o fenômeno que nós chamamos de dependência”, aponta.
A pandemia ocasionada pelo vírus da Covid-19 também foi um fator considerável para o aumento da comercialização desses fármacos. De 2019 para 2020, o crescimento foi de 17% e, de 2020 para 2021, foi de 12%. O período de isolamento social e a incerteza sobre o coronavírus deixaram marcas na sociedade. “É um indício de que a pandemia de fato afetou a saúde mental das pessoas, provavelmente em função de algumas questões, como o confinamento a que nós fomos obrigados a ficar e a própria situação de ansiedade que é provocada por uma doença da qual não se tinha conhecimento nem nada”, indica Wellington da Silva. (Com informações do Jornal da USP)
Cientistas desenvolvem cinto que monitora insuficiência cardíaca
Cientistas desenvolvem cinto que monitora sinais fisiológicos ligados à insuficiência cardíaca e transmite dados em tempo real.
Por Futuro da Saúde
As doenças cardiovasculares (DCVs) são apontadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal causa de morte no mundo. Dentre elas, está a insuficiência cardíaca, doença crônica cujas estimativas de casos globais ultrapassam 64 milhões, que poderiam ser melhor gerenciados por meio de um monitoramento contínuo e em tempo real. Foi pensando nisso que cientistas da Florida Atlantic University realizaram um estudo e projetaram um cinto que monitora parâmetros fisiológicos relacionados à insuficiência cardíaca.
O estudo, publicado na revista Nature, indica que o monitoramento em tempo real dos sintomas da doença é importante para alertar os pacientes e provedores, possibilitando uma intervenção com medicamentos e evitando a necessidade de hospitalização. Nesse sentido, os cientistas projetaram um novo wearable em formato de cinto, que é colocado na cintura, mas também é combinado com eletrodos que ficam presos no peito e no abdômen. O dispositivo abrange as funções de um eletrocardiograma, detector de movimento e sensor de impedância torácica e monitor de frequência cardíaca.
Os dados levantados pelos sensores são transportados, sem a necessidade de um fio, para um aparelho smartphone por meio do bluetooth e, portanto, podem ser retransmitidos diretamente para os profissionais de saúde, que avaliam a situação de insuficiência cardíaca. O dispositivo foi testado para verificação e os resultados foram precisos, mesmo mediante diferentes atividades ou posições corporais.
Agora, esse cinto de monitoramento está sendo testado em diversos voluntários com o intuito de desenvolver um algoritmo que faça a previsão da insuficiência cardíaca a partir dos dados coletados.
A insuficiência cardíaca é caracterizada por uma anormalidade no coração que o torna incapaz de bombear o sangue necessário para suprir as necessidades do corpo. Isso faz com que o líquido se acumule nos pulmões, impedindo a oxigenação. Dados da American Heart Association, por exemplo, apontam que existem cerca de 6,2 milhões de pessoas diagnosticadas com insuficiência cardíaca nos Estados Unidos e as estimativas indicam que esse número vai aumentar para 8 milhões até 2030.
Foto: Reprodução/Futuro da Saúde
Mais Médicos deve ter critérios novos e rígidos, defende Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética
Programa é citado por ministra como uma das prioridades para os cem primeiros dias
Em sua retomada, o Mais Médicos deve privilegiar brasileiros e formados no Brasil, além de estabelecer exigências mais rígidas para o ingresso de profissionais. É o que defende a Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem) em carta aberta à ministra da saúde. Nísia Trindade mencionou o programa como uma das prioridades para os primeiros cem dias de governo.
O documento da Anadem elenca 11 ações prioritárias para a saúde. Com relação ao Mais Médicos, destaca um estudo que subsidia o Plano Nacional de Fortalecimento das Residências em Saúde, lançado em 2021, pelo Ministério da Saúde (por meio da SGTES), USP e OPAS/OMS, o qual indica que, de 2010 a 2020, o número de médicos passou de 315.902 para 487.275 no País.
“Dados referentes ao número de médicos corroboram a proposição da Anadem de que o Mais Médicos priorize a contratação de brasileiros e formados no Brasil. Para isso, é preciso a estruturação de programas de incentivo para que eles atuem em todos os cantos do território nacional, principalmente naqueles mais distantes dos grandes centros”, afirma Dr. Raul Canal, presidente da Anadem.
Para a atuação de médicos estrangeiros, a entidade defende, ainda, que é necessário manter a exigência do Revalida como pré-requisito para médicos formados no exterior, além de TOEFL (Test of English as a Foreign Language) ou similar para profissionais estrangeiros. Isso porque a fluência é fundamental para o atendimento, de modo a garantir a segurança e a qualidade assistencial.
FACULDADES DE MEDICINA
A carta também reforça a necessidade de rever a abertura de novas faculdades de medicina no Brasil, além da fiscalização rigorosa do ensino e atualização curricular. Após revogar portaria que trazia uma nova regulamentação do tema, a nova gestão terá a tarefa de reformular as regras relativas à criação de cursos de medicina no país.
“Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e do monitoramento 2016-2019 do Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal, revelam que o País atingiu a meta de criação de 11 mil vagas/alunos em cursos de graduação em medicina por ano. De 2010 a 2020, o número de médicos passou de 315.902 para 487.275, segundo estudo que subsidia o Plano Nacional de Fortalecimento das Residências em Saúde”, destaca o documento.
Remuneração baseada em valor incentiva melhores desfechos de saúde
Por Medicina S/A
Um projeto realizado pela Alice, gestora de saúde que tem por missão tornar o mundo mais saudável, demonstrou benefícios do modelo de remuneração baseada em valor (do inglês Valued Based Health Care – VBHC) em casos de litíase (formação de cálculo) ureteral no sistema de saúde suplementar. O modelo tem o pagamento atrelado ao melhor desfecho de saúde, independentemente do caminho escolhido pelo médico. O projeto pressupõe que, com a remuneração no modelo VBHC, não existe desalinhamento de incentivos na escolha do melhor tratamento para o membro – como a Alice chama seus pacientes. Isso vai na contramão do modelo mais comumente praticado no mercado: o pagamento por serviço (ou fee for service), no qual adotar uma conduta cirúrgica traz mais retorno financeiro para o profissional do que um tratamento clínico.
O formato foi testado durante 10 meses, de agosto de 2021 a junho de 2022. Os dados apontaram uma taxa de cirurgias de 36%, índice em linha com a referência de 33% respaldada em literatura especializada, como no artigo “Epidemiology and economics of nephrolithiasis Investigative & Clinical Urology” (Ziemba Justin B, Matlaga Brian, 2017). Enquanto isso, segundo dados da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, os gastos com cirurgias de litíase ureteral somaram mais de R$ 341 milhões em 2019, ficando atrás apenas dos gastos com cesarianas.
“Acreditamos que, por meio de modelos de parceria VBHC com profissionais de saúde e instituições parceiras, podemos entregar um melhor cuidado aos nossos membros e, ao mesmo tempo, conseguimos colaborar para a criação de um sistema de saúde mais sustentável, pautado no alinhamento de incentivos e na redução de desperdícios. Como isso em mente, estamos sempre trabalhando na Alice para criar modelos de colaboração inovadores e capazes de promover essa revolução no sistema”, explica Mário Ferretti, líder de excelência em saúde da Alice e um dos autores do projeto.
Remuneração baseada em valor X pagamento por serviço
Quando alguém é diagnosticado com cálculo ureteral, normalmente, há dois caminhos possíveis: a pessoa pode ser submetida a uma cirurgia para a remoção do cálculo que se encontra no seu ureter (ureterolitotripsia); ou o médico pode optar por um tratamento clínico – a chamada terapia expulsiva – receitando medicação para analgesia e para facilitar a saída do cálculo.
De acordo com protocolos baseados em evidências científicas, o caminho a ser adotado leva em conta a situação clínica da pessoa e o tamanho do cálculo.
“Se a dor estiver intratável, houver febre e os cálculos estiverem maiores que 10mm, deverão ser operados. Já nos casos em que a dor é aliviada com analgésicos e os cálculos apresentarem tamanho menor do que 10mm, pode-se adotar a terapia expulsiva com acompanhamento médico”, explica o especialista.
No modelo de pagamento por serviço (fee for service), mais comum no mercado de saúde brasileiro, a remuneração do médico é feita de acordo com o procedimento adotado. Assim, frequentemente há um desalinhamento de incentivos, já que a remuneração é muito discrepante se o médico opta por diferentes alternativas de conduta. A remuneração do especialista pode chegar a ser dez vezes maior se ele optar por uma cirurgia, por exemplo, o que pode levar a um viés – ainda que inconsciente – de maior indicação cirúrgica. No entanto, a literatura especializada aponta que em apenas um terço dos casos o tratamento cirúrgico é, de fato, o melhor caminho.
Visando colocar o membro no centro do cuidado e proporcionar os melhores desfechos de saúde, a Alice – que já opera com o modelo de pagamento baseado em valor – criou um protocolo para testar a remuneração VBHC para os diagnósticos de cálculo ureteral. O modelo propõe um cuidado integrado e comprometido com os resultados em saúde, onde o princípio fundamental é a maximização do valor para os membros. De acordo com o doutor Ferretti, esse formato proporciona mais alinhamento de incentivos, uma vez que, na Alice, quando há um diagnóstico de cálculo no ureter, a remuneração do especialista é a mesma independentemente da conduta adotada.
“O corpo clínico de urologistas da Alice é selecionado juntamente com as nossas instituições parceiras. Iniciamos com essa comunidade um projeto piloto de modelo de remuneração disruptivo e pioneiro no mercado de saúde do Brasil. Dessa forma, temos um melhor aproveitamento dos recursos dentro do sistema de saúde suplementar, priorizando sempre a melhor decisão para o membro. Assim é possível manter uma maior remuneração dos especialistas e ainda reduzir o custo total de tratamento da condição de litíase ureteral”, ressalta o médico.
Para complementar a remuneração e garantir o incentivo à maior entrega de saúde e experiência, a Alice também incorpora um percentual variável de até 50% na remuneração dos especialistas. A precificação desse modelo foi feita considerando a frequência esperada entre a adoção do tratamento cirúrgico ou clínico e o quanto essa taxa está em linha com a evidência científica presente em literatura.
A fim de garantir o bom funcionamento do VBHC, a Alice conta retaguarda parceira na maioria dos hospitais. Isso significa que, sempre que um membro com cálculo no ureter tiver indicação de internação por parte do Pronto-Socorro, a decisão final sobre essa conduta é de um dos urologistas dessa retaguarda, o que garante a aplicabilidade do formato de remuneração.
Modelo baseado em valor aumenta satisfação do paciente
O projeto, que foi realizado com aferimento de resultados preliminares de 28 pessoas, mediu a percepção do membro em relação ao tratamento, com base em uma escala de 1 a 5. Para a pergunta “Quão confortável você se sentiu em relação ao tratamento adotado pelo seu urologista?”, o índice ficou em 4,7 para os casos em que a pessoa foi atendida pela retaguarda médica da Alice, enquanto a média dos atendimentos por profissionais que não são da retaguarda é de 4,2.
O projeto observou indicadores superiores dos membros que, em alguma parte do processo, foram atendidos por um urologista da parceria da Alice com um hospital da Comunidade de Saúde da healthtech. “Esse indicador nos ajuda a entender que estamos indo pelo caminho certo. Estamos reconstruindo o sistema de saúde suplementar com a remuneração baseada em valor, atenção primária, coordenação de cuidado e tecnologia. É dessa forma que criaremos uma jornada cada vez mais personalizada para os nossos membros e tornaremos o mundo mais saudável”, finaliza Ferretti.
Foto: Reprodução/Medicina S/A
Sede da Universidade Corporativa Anadem, em Brasília, completa um ano de inauguração
Além de promover educação continuada para associados, colaboradores e sociedade civil, a UCA também conta com parcerias internacionais que investem em programas relacionados à medicina regenerativa e em outras importantes áreas da saúde
ENZO BLUM E ANDREW SIMEK
Brasília/DF, 21 de janeiro de 2023 – A Universidade Corporativa Anadem (UCA) comemora hoje o primeiro aniversário da sede. O espaço, que fica na capital federal, conta com duas salas de aula e de estudos e, também, com uma biblioteca. O projeto é encabeçado pelo presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética) Raul Canal e pelo diretor de Gestão e Planejamento Estratégico da maior rede de blindagem profissional do Brasil, Prof. José Antonio Ramalho.

No último ano, além de ministrar cursos de pós-graduação, de extensão e de aperfeiçoamento, a UCA fechou parceria com grandes instituições, como a R-Crio Células-Tronco. Juntas, são responsáveis por um acordo de cooperação técnica, científica e educacional com o Laboratory of Regenerative Biology and Bioengineering da Université Laval, em Quebec (Canadá), que tem como objeto a condução e o planejamento de programas e projetos em educação, pesquisa e intercâmbio para estudantes de diversas áreas da saúde.
A International Society for Cell & Gene Therapy, em Vancouver (Canadá), o International Center na University of Florida, além do KSCIA Kennedy Space (NASA), ambos nos EUA, são outras parcerias da UCA.
PAPEL EDUCACIONAL
O presidente da Anadem parabeniza e reforça a importância da Universidade na disseminação do conhecimento para o crescimento pessoal e profissional de seus associados e colaboradores, assim como de toda a sociedade civil. “A UCA tem cumprido o seu papel em garantir a realização de projetos educacionais éticos e socialmente responsáveis. Estamos satisfeitos e prontos, sempre, para ir além”, disse.
Para este ano, foi firmada uma parceria com a Fundação Dom Cabral, 9ª melhor escola de negócios do mundo, de acordo com o Ranking de Educação Executiva do Financial Times 2022, que resultou em um novo Curso de Pós-graduação em Gestão de Negócios em Saúde.
PUBLICAÇÕES
Em 2022 foram lançadas diversas publicações científicas, dentre elas: uma coletânea com sete livros sobre células-tronco, em parceria com a R-Crio; duas Revistas de Direito Médico e da Saúde; oito manuais sobre diversos temas, como ESG, Gestão de Pessoas e Logística Hospitalar; e dois livros, sendo um sobre enfermagem e outro sobre medicina regenerativa.
A UNIVERSIDADE
A UCA tem a missão de promover, por meio do fortalecimento dos fundamentos do Direito Médico e das medidas para Segurança do Paciente, um ambiente de aprendizagem, de conhecimento e de inovação para associados, profissionais e colaboradores que atuam no setor de saúde. O primeiro curso oferecido foi o de Pós-graduação em Direito Médico e Odontológico, em 2018. Atualmente, conta com 21 cursos e mais de 1.550 alunos matriculados.
A Universidade também se baseia na aprendizagem focada no desenvolvimento de competências, por meio de um processo de educação empreendedora que integra o desenvolvimento das dimensões humanas: saber conhecer, saber ser/conviver e saber fazer. A UCA se alicerça em fundamentos e princípios das teorias de aprendizagem cognitivista, humanista e sociocrítica e em propostas de notáveis educadores para o século 21.
Nos últimos três anos, foram publicados 24 manuais de estudo, 10 livros e 4 e-books acadêmicos. Além disso, são 142 webmeetings, palestras e mentorias ministrados pelos mais capacitados profissionais.
Panorama da obesidade: políticas públicas, novos medicamentos e tecnologia podem mudar cenário
Muito além de um problema de saúde pública, obesidade demanda um olhar estratégico e multidisciplinar para modificar sua tendência de alta
Por Futuro da Saúde
A obesidade está se tornando uma das piores pandemias não contagiosas da história. A Federação Mundial de Obesidade (WOF) aponta que são mais de 750 milhões de adultos vivendo com a condição em todo o mundo. O índice brasileiro em 2021, por exemplo, mostrou que 22,35% das pessoas estão acima do peso, segundo dados da pesquisa “Vigitel Brasil 2021”, realizada pelo Ministério da Saúde. A saída para mudar o panorama da obesidade passa pela prevenção – inclusive com a atuação de healthtechs –, políticas públicas que estimulem estilos de vida saudáveis, cuidado multidisciplinar e, dependendo do caso, tratamentos que podem incluir novos medicamentos que começam a chegar ao mercado.
E é um panorama que demanda ações rápidas, porque a tendência não é de melhora. O Atlas Mundial da Obesidade de 2022 revelou que um bilhão de pessoas em todo o planeta devem viver com o problema até 2030 e somente o Brasil deve ter quase 30% de adultos obesos, o que coloca o país entre os que mais enfrentam o sobrepeso. Entre os homens, aliás, os brasileiros só perdem para a China e os EUA; entre as mulheres a posição é a 5ª, atrás também de Rússia e Índia.
São números que se refletem ainda em forte impacto econômico nos sistemas de saúde. A pesquisa “A epidemia de obesidade e as DCNT: Causas, custos e sobrecarga no SUS” da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que o valor gasto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2019 para o cuidado do excesso de peso e da obesidade foi de R$ 1,5 bilhão. Estes cálculos consideram custos de tratamento, consultas, transferências para consultas médicas, pagamentos a cuidadores, perda de produtividade, redução de capital humano por doença, morte prematura, dentre outros.
Esse problema de saúde pública em ascensão no mundo é visto com preocupação pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), sociedade multidisciplinar sem fins lucrativos que reúne cerca de 500 associados espalhados por todo o país, dedicados ao estudo e ao tratamento. Um dos resultados recentes foi a publicação do posicionamento sobre o tratamento nutricional do sobrepeso e da obesidade.
Para Fernando Gerchman, médico endocrinologista e membro da Abeso, é um erro considerar a obesidade como uma questão meramente estética, que afeta a autoestima. O problema eleva o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, distúrbios articulares, fertilidade e aumenta as chances de desenvolver vários tipos de câncer, entre outras possíveis consequências. Sem contar a questão do preconceito: pesquisa feita pela Abeso e publicada em 2022 apontou que 85% das pessoas obesas já sofreram gordofobia. O estudo foi realizado com 3.621 brasileiros de 18 e 82 anos, de ambos os sexos.
De acordo com a nutricionista Luana Azevedo, uma boa alimentação e exercícios físicos nem sempre são suficientes para emagrecer e por isso esse tipo de patologia é considerada como Doença Crônica Não Transmissível (DCNT), assim como hipertensão, diabetes mellitus e câncer: “É uma doença estigmatizada e menosprezada, na qual coloca-se toda a culpa do excesso de peso na própria pessoa, sendo que é uma situação muito mais complexa”.
Políticas públicas e farmaeconomia para combater a obesidade
Por se tratar de um campo complexo, profissionais da saúde alertam para um olhar da esfera governamental. De acordo com Carlos Eduardo Barra Couri, médico endocrinologista, as políticas públicas no combate ao sedentarismo são fundamentais para um país mais saudável, porém é muito mais abrangente do que um projeto no papel:
“Como que o indivíduo vai fazer atividade física num bairro que tem o maior risco de morte por bala perdida? Precisamos de políticas de Estado, mas está longe de ser uma determinação fácil. Até o momento, não identificamos nenhuma política estratégica eficaz. Esse é o desafio para o Brasil e, cá para nós, para o mundo todo”.
Carlos Couri avalia que mesmo compreendendo que as doenças vindas da obesidade são caras e graves, é necessário um olhar estratégico para o tema. Isso porque diversos estudos clínicos conduzidos em ambiente controlado – em universidades e com voluntários – observaram que a taxa de sucesso da mudança do estilo de vida, ou seja, alimentação saudável e atividade física regular, é muito pequena. “Por isso que se fala que a obesidade é uma doença multifatorial”, sintetiza.
O médico ainda alerta sobre a questão de parte das pessoas achar que o excesso de peso é ‘falta de vontade’, já que há uma explicação científica para isso: “É que o nosso organismo não é adaptado para fartura e sim para escassez. Frente a qualquer perda de peso, ele se molda por mecanismo neuro-hormonais para reganho de peso”. Por isso, segundo ele, além das ações de prevenção e controle, como acompanhamento e mudanças de hábito, o tratamento medicamentoso pode ser um elemento-chave no processo como um todo – e no Brasil não existe nenhum no SUS.
Ele explica que, no SUS, a pessoa é acompanhada, quando acontece, por uma mudança no estilo de vida, com exercícios e alimentação saudável. E para aqueles que não conseguem perder peso, não há um tratamento, ou seja, não é oferecido ao indivíduo um medicamento. Só quando há uma indicação clínica e alguns pacientes conseguem fazer a cirurgia bariátrica: “Há uma lacuna aí. E como resolver isso? Precisa-se de um comitê técnico para determinar um protocolo para falar: ‘olha, o SUS vai começar a arcar com medicamento antiobesidade’.”
Assim entra a farmaeconomia, já que atualmente temos à disposição medicamentos com diferentes faixas de preço e eficácia. São necessários estudos sobre como calcular a população que vai ser beneficiada e o custo: “É necessário ver quanto vamos gastar agora, mas economizar lá na frente, isso que importa. É um bom momento para se discutir protocolos de tratamento de obesidade no SUS”, pontua Carlos Couri.
Como o SUS hoje não oferece tratamento, Couri avalia que a estratégia deveria considerar um protocolo que contaria com médico, educador físico, nutricionista e medicamento que o SUS arcaria para as pessoas, além da cirurgia bariátrica, indicada dependendo do caso.
Medicamentos para obesidade
Os fármacos podem ajudar no combate à obesidade, alegam os profissionais da saúde. Fernando Gerchman afirma que a Abeso “está planejando o desenvolvimento de diretrizes para o manejo da obesidade que incluam as novas tecnologias, como as novas medicações que serão lançadas no Brasil”. Uma delas é a semaglutida (Wegovy), da farmacêutica Novo Nordisk, aprovada no início do ano pela Anvis. A expectativa é que esteja disponível no mercado brasileiro no segundo semestre de 2023.
Priscilla Mattar, endocrinologista e diretora médica da Novo Nordisk, reforça a importância da aprovação do medicamento pela Anvisa: “É um marco no tratamento da obesidade, que precisa ser vista como uma doença crônica, progressiva e multifatorial e que carece de opções de tratamento”. Ela salienta que, assim como em outras condições crônicas, a obesidade deve ser tratada a longo prazo com o apoio de um profissional de saúde.
Nos estudos clínicos, o medicamento mostrou redução de aproximadamente 17% do peso corporal. O remédio é composto por semaglutida, mesma molécula presente no Ozempic, usado no tratamento de diabetes, mas em doses diferentes. Nos Estados Unidos, o Wegovy foi aprovado para a população adolescente.
“Para ser realmente eficaz é preciso fazer um tratamento com acompanhamento regular de um médico, aliado à alimentação equilibrada e saudável e à prática constante de atividade física. A obesidade tem tratamento e controle, mas não tem cura”.
Sobre o medicamento, o endocrinologista Carlos Couri vê com bons olhos: “É bem-vindo, seguro, eficaz e potente, porém o problema é o acesso ao tratamento”. Nos Estados Unidos, o Wegovy é comercializado por aproximadamente 1.400 dólares, o equivalente a cerca de 7 mil reais. Ainda não há determinação do valor no Brasil.
Outro medicamento que ainda está para ser liberado pela Anvisa é a tirzepatida, da farmacêutica Lilly. Ela é a primeira e única molécula de uma nova classe de medicamentos que atua nos receptores chamados GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon), dois hormônios incretinas naturais. Estes hormônios, secretados pelo intestino em resposta aos nutrientes, melhoram a secreção de insulina após uma refeição. O GIP demonstrou diminuir a ingestão de alimentos e aumentar o gasto energético, resultando em reduções de peso e, quando combinado com o GLP-1, com efeitos no controle da glicose no sangue e no peso corporal.
Rosana Silva, gerente médica da área de diabetes da Lilly, explica que a chegada de novos tratamentos para obesidade é muito bem-vinda: “Eles podem ser mais uma forma de apoio ao paciente para que possa alcançar suas metas de tratamento, sempre aliado à dieta e aos exercícios que, por vezes, podem não ser suficientes para a perda de peso por si só”.
No estudo de fase 3, no qual comparou-se tirzepatida em relação ao placebo, os pacientes que utilizaram tirzepatida 15 mg perderam em média 22,5% do peso, cerca de 24 kg em média, em 72 semanas. Em um desfecho secundário, 55% e 63% dos pacientes alcançaram uma redução de pelo menos 20% do peso corporal. O estudo foi feito em pacientes com obesidade ou sobrepeso, que possuíam pelo menos uma comorbidade, mas sem diabetes. Além do tratamento, os pacientes seguiram orientações sobre dietas e exercícios físicos. Os pacientes tinham, em média, 105 kg no início do estudo.
Nos Estados Unidos, o medicamento já foi aprovado para diabetes tipo 2 e a indicação para obesidade está em processo de revisão acelerada pelo FDA. No Brasil ainda não está aprovado.
Tecnologia aliada à saúde para mudar panorama da obesidade
Algumas healthtechs olham com atenção esse cenário e buscam amenizar os impactos na saúde pública. A GoGood – plataforma de bem-estar corporativo, surgiu quando Bruno Rodrigues, co-fundador e CEO, após viver o karatê profissionalmente por 16 anos, foi seguir uma carreira de liderança executiva.
Na empresa, percebeu que era difícil criar um time de alta performance justamente pelos maus hábitos da equipe: “Via o sedentarismo, o estresse, a má alimentação como barreiras evidentes de produtividade, e pensei em desenvolver uma forma de ajudar as pessoas a atingirem seu potencial”.
A startup opera em um modelo de benefício corporativo, possibilitando até 70% de desconto para os colaboradores em uma jornada de bem-estar completa. Ela dá acesso a mais de 1.300 academias em 17 estados, além de nutricionistas, psicólogos, personal trainers e médicos.
O foco do negócio é a transformação social, na qual as pessoas passem a valorizar mais a saúde e o bem-estar. “A grande mudança do paradigma da saúde é deixar de tratar a doença e passar a cuidar a vida das pessoas como um todo, 24 horas por dia, 7 dias por semana”, reflete Bruno. Ele acredita que junto ao desafio crescente das empresas de atrair e reter os melhores talentos, essa tendência abriu caminho para departamentos de RH oferecerem cada vez mais benefícios que materializem essa importância, justamente para trazer para perto os melhores profissionais.
Outro exemplo de healthtech é a Liti. A startup foi criada em janeiro de 2022, após uma experiência pessoal do cofundador da Liti, Fernando Vilela. Ele perdeu 25kg e teve o acompanhamento do sócio, o médico nutrólogo e especialista em medicina do esporte, Eduardo Rauen, um dos pioneiros da área no Brasil. “Entendemos que mudar o estilo de vida é um grande quebra-cabeça, algo contínuo e não momentâneo”, exemplifica.
A Liti orienta e acompanha o processo de perda de peso e os impactos na melhora da saúde metabólica. Como funciona? Foi desenvolvida uma balança proprietária de bioimpedância com alto nível de precisão, similar às que são utilizadas pelos melhores profissionais do país. Conectada diretamente ao app da Liti, possibilita um profundo entendimento sobre como o paciente reage a cada alimentação, levando a uma alta precisão clínica e individualizada.
“Healthtechs, como a Liti, buscam resolver a dor de um problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e que sobrecarrega o sistema público de saúde”, aponta Vilela. No final do ano, a healthtech anunciou um aporte de R$ 21 milhões. O investimento será usado para a expansão e investimento em produto e tecnologia. Mas o executivo compartilha que um dos principais desafios é evitar comparações com clínicas online e apps de emagrecimento:
“Nosso objetivo é transformar a saúde de milhões de pessoas na América Latina com doenças decorrentes de sobrepeso e obesidade e que poderiam ser evitadas com um estilo de vida saudável e equilibrado, apoiado por ferramentas de tecnologia para facilitar o dia a dia.”
Foto: Reprodução/Futuro da Saúde
Google e DeepMind avançam no desenvolvimento de chatbot médico
Espera-se que chatbot médico apoie decisões clínicas e proporcione triagem sobre as preocupações de cuidados primários dos pacientes.
Por Futuro da Saúde
Google e DeepMind — empresa do mesmo grupo focada em inteligência artificial — estão desenvolvendo uma ferramenta de chatbot médico com inteligência artificial chamada Med-PaLM. A tecnologia tem o objetivo de proporcionar respostas úteis, seguras e em linguagem simples para perguntas de pacientes e profissionais de saúde. Os pesquisadores envolvidos no projeto publicaram um artigo sobre a ferramenta.
Trata-se de um modelo de linguagem chamado de LLM (Large Language Models, em inglês), uma espécie de algoritmo que utiliza conjuntos de dados de texto e, a partir deles, reconhece, prevê e reproduz linguagem humana. Os pesquisadores avaliam que essa tecnologia pode apresentar uma gama de aplicações, como o apoio às decisões clínicas, resumo das descobertas de estudos, recuperação do conhecimento e triagem sobre as preocupações de cuidados primários que os pacientes possuem.
O estudo publicado reforça também a importância de técnicas que têm sido utilizadas para aprimorar o LLM. Como demonstração dessa evolução, um painel de médicos de médicos julgou que 62% das respostas de uma tecnologia anterior, o Flan-PaLM, eram exatas, em comparação com 93% do Med-PaLM, indicando que há um potencial de aprimoramento valioso.
Vale lembrar que em 2022, a OpenAI já havia lançado o ChatGPT, uma inteligência artificial de conversação que foi treinada por meio de dados da internet para proporcionar interações muito próximas às humanas. Esse chatbot se mostrou capaz de responder perguntas sobre uma diversidade de assuntos e reproduzir conteúdos de texto em demanda, ultrapassando a marca de um milhão de usuários.
Contudo, ChatGPT e o Med-PaLM surgiram com propósitos diferentes. A ferramenta lançada pela OpenAI atua diretamente sobre o consumidor final como uma tecnologia de demonstração. Já o chatbot do Google e DeepMind foi criado e treinado a partir de sete conjuntos de dados que incluem consultas de consumidores, exames médicos profissionais e pesquisas.
Apesar de reconhecerem a necessidade de aprimoramento do chatbot médico, os pesquisadores entendem que a tecnologia é uma grande oportunidade a ser explorada e possui uma aplicação útil para a medicina.
Foto: Reprodução/Futuro da Saúde
PL exige que SUS forneça medicamentos para pacientes bariátricos
Por Medicina S/A
Projeto de Lei 2863/22 torna obrigatório que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilize aos pacientes operados de cirurgia bariátrica medicamentos e suplementos nutricionais para o cuidado pós-operatório. Pelo texto, os medicamentos e suplementos nutricionais serão dispensados conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas aprovados pelos gestores do SUS.
A proposta prevê que, até a elaboração de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, os medicamentos e suplementos nutricionais constantes na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) devam ser distribuídos aos pacientes com obesidade submetidos a tratamento cirúrgico.
O autor da proposta, deputado Osmar Terra (MDB-RS), afirma que o SUS disponibiliza diversas formulações e suplementos nutricionais, desde sulfato ferroso, para tratamento da anemia por deficiência de ferro, até dietas altamente específicas para erros inatos do metabolismo, mas não são previstos para pós-operatórios de cirurgia bariátrica.
Nutrientes
“Além disso, as técnicas cirúrgicas mais utilizadas (como a gastroplastia com derivação intestinal em Y-de-Roux) provocam uma alteração no trajeto que o alimento percorre no sistema digestório, causando uma redução ainda maior na absorção de certos nutrientes, que ocorre especificamente em determinadas regiões do tubo digestivo”, observou o deputado.
Ainda segundo Terra, em consequência dessa situação, “muitos pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica vão necessitar de reposição profilática ou terapêutica de diversos medicamentos e suplementos nutricionais, muitos dos quais de baixo custo e já disponíveis no SUS, mas que não são dispensados a eles apenas por falta de previsão legal”. (Com informações da Agência Câmara de Notícias)
Foto: Reprodução/Medicina S/A