Quarenta famílias. Pessoas que perderam ou foram vítimas de erros médicos. Os casos foram recebidos pela Associação das Vítimas de Erro Médico de Pernambuco (Asvem-PE), desde a sua criação em 2013. A própria instituição surgiu por esse motivo: a engenheira Urbânia Possidônio Carvalho, 47 anos, morreu menos de dois meses após fazer uma histerectomia. Segundos suas irmãs, que fundaram a Asvem, a engenheira teve lesão intestinal durante a cirurgia, quadro que não foi informado pelo profissional de saúde. Hoje, seus familiares vão ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pedir que o caso não seja arquivado.
“Depois de passar dois anos com a polícia e passar pela mão de sete delegados, o processo chegou ao MPPE neste ano. Esse lapso imenso de tempo aconteceu por ausência de corpo técnico que avaliasse o prontuário da minha irmã. Apesar das várias evidências da investigação, a polícia não tinha provas técnicas para indiciar o médico. A delegacia remeteu o material ao MPPE que, por sua vez, enviou à Justiça solicitando o arquivamento”, criticou Urbanira Carvalho, irmã da engenheira. O grupo vai pedir a intervenção do procurador- geral, Carlos Guerra de Holanda. Quer mudar o encaminhamento dado pela titular da 27º promotoria da Justiça Criminal, Rosangela Furtado.
Segundo Urbanira, no relatório enviado pela polícia ao MPPE é dito que “…devido a impossibilidade administrativa de nomeação de Perito Médico Legista Criminal para análise do prontuário da vítima, bem como de atribuir ao perito médico legista análise de erro médico, fica esta autoridade policial impossibilitada, embora haja fatos que levam a crer em erro médico, de indiciamento. Solicitando desde já que o doutor representante ministerial requisite perante o juiz a nomeação de perito médico-legista”. A Asvem-PE alega que essa recomendação não foi cumprida e que um analista ministerial em medicina foi que avaliou o prontuário. Ela revelou que a associação planeja apresentar um projeto especial de criação de uma Delegacia de Crimes contra à Saúde, que detenham melhor a acolhida desse tipo de investigação.
A perseverança também faz parte do cotidiano da técnica de enfermagem aposentada Jacy Lima, 50 anos. Em 2011, após uma cirurgia para remoção de um cisto no ovário com alta em 24 horas, ela apresentou infecção generalizada e voltou para o hospital em estado grave. Ficou 75 dias internada, sendo 33 na UTI e 12 dias em coma. Perdeu o rim esquerdo, o baço, apêndice e 30% do intestino. Prestou queixa na polícia. O médico foi indiciado por lesão corporal grave. No entendimento do MPPE, o caso foi considerado lesão leve. Jacy procurou a ouvidoria do MPPE que vai reavaliar o processo para dar um novo parecer. “Vou lutar até o fim. Não vou desistir nunca”, afirmou.
Fonte: http://www.folhape.com.br/
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