Familiares da jovem Jéssica de Paula, de 21 anos, denunciam que os médicos do Hospital Municipal Modesto de Carvalho, em Itumbiara, no sul de Goiás, demoraram a diagnosticar que ela estava com uma infecção, o que provocou a morte da paciente. A garota deu à luz duas semanas antes na mesma unidade de saúde. Ela morreu no domingo (21).
Segundo o marido da Jéssica, ela deu à luz por meio de cesariana realizada no hospital no dia 7 de junho e teve alta três dias depois. Ele conta que a esposa começou a sentir fortes dores na barriga quando estava em casa e, quatro dias depois de deixar a unidade de saúde, ser internada novamente.
“Ela estava com a barriga inchada e com muita dor. Ela teve algumas bolhas na barriga e colocaram uma bolsa de água quente que queimou a barriga dela. Depois disseram que ela estava com uma infecção gravíssima e precisava fazer uma cirurgia para tirar a bactéria”, contou o marido de Jéssica, Wanderson Ricardo de Oliveira.
O pai da jovem, Altair Evangelista de Paula, afirmou que acredita que o hospital demorou a diagnosticar o problema. “Disseram que tinha uma manchinha na barriga e que não achavam que era uma infecção tão grave e, infelizmente, aconteceu isso aí”, desabafou.
A avó de Jéssica, Selma das Graças, reclamou do atendimento do Hospital Municipal. “Nunca vi por bolsa de água quente em cima da barriga da menina que já estava inchada. Queimaram a barriga dela, criaram três bolhas”, contou.
Depois que a primeira cirurgia foi feita, ela foi internada na UTI de um outro hospital. Porém, o quadro de saúde dela se agravou, e foi necessário fazer uma nova cirurgia. Ela não resistiu à infecção e morreu na madrugada de domingo. Ela foi enterrada no mesmo dia em Centralina (MG), cidade natal da jovem.
Segundo o diretor técnico do Hospital Municipal Modesto de Carvalho, o médico Mac Arthur, a paciente foi diagnosticada com infecção grave logo que retornou ao hospital e ela foi medicada para tentar reverter o quadro clínico.
O médico informou ainda que as bolhas e manchas escuras na pele da paciente eram resultado da infecção, e não de uma queimadura causada pela compressa quente. “Bolhas e necroses eram consequências da ação da bactéria. A bolsa de água quente foi usada para aliviar a dor”, afirmou.
Ainda de acordo com o hospital, Jéssica foi submetida a uma cirurgia para remover a necrose causada pela infecção e encaminhada diretamente para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital conveniado à rede municipal de saúde.
Justiça
Jéssica deixou uma filha de 4 anos de idade e outra com duas semanas de vida. O avô das crianças, Altair de Paula, afirmou que procura justiça. “A justiça tem que ser feita, não por dinheiro, nem por nada, mas porque eu não quero que outra vida acabe igual à vida da minha filha”, disse.
“A gente tem que fazer alguma coisa, não pode ficar assim não. Se aconteceu conosco pode acontecer com outras pessoas”, reforçou o sogro de Jéssica, Nilton de Oliveira.
Para o diretor-técnico do Hospital Municipal Modesto de Carvalho não houve falha médica. “A paciente recebeu toda a assistência médica possível de obstetras, ifectologistas e cirurgiões”.
Fonte: http://g1.globo.com/
Foto: http://www.itumbiara.go.gov.br/