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Médicos poderão diagnosticar depressão pela fala e escrita, prevê IBM

Projeção faz parte da lista elaborada pela empresa de cinco inovações tecnológicas de maior impacto para os próximos cinco anos

 

Por Felipe Machado
Da Veja Online

A empresa de tecnologia IBM divulgou nesta quinta-feira suas cinco apostas de inovações que terão maior impacto nos próximos cinco anos. A lista, chamada de “IBM 5 em 5” é uma publicação anual baseada em tendências sociais e de mercado e em tecnologias surgidas dos laboratórios de pesquisa da empresa. As estimativas contidas na lista deste ano têm em comum o uso de computadores e sensores para aumentar da capacidade de análise de dados de forma a ajudar seres humanos a tomar as melhores decisões:

 

Diagnóstico de saúde mental por meio das palavras

Doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson, e problemas de saúde mental, como depressão e psicose, poderão ser diagnosticados por meio da fala e da escrita. A empresa aposta que a análise de padrões da comunicação de pacientes com o uso de computadores poderá ajudar os médicos em diagnósticos mais precoces.

“Os computadores cognitivos podem analisar a fala de um paciente ou palavras escritas para procurar indicadores encontrados na linguagem, incluindo significado, sintaxe e entonação. Combinar os resultados dessas medições com os dispositivos vestíveis e sistemas de imagem (MRIs e EEGs) pode ajudar a criar um panorama mais completo do indivíduo para os profissionais de saúde, ajudando-os a identificar, compreender e melhor tratar as doenças em questão”, diz o relatório da IBM.

Cientistas da companhia já trabalham com transcrições e áudio de consultas psiquiátricas e com técnicas de aprendizagem de máquinas para encontrar padrões de fala que ajudem os médicos a prever e monitorar precisamente as psicoses, esquizofrenias, manias e depressão. “Hoje, cerca de apenas 300 palavras são suficientes para ajudar os médicos a prever a probabilidade de psicose em um paciente”, diz a empresa.

 

Aumento da capacidade visual

Tecnologias que permitem que se veja informações que estão além do espectro visível humano, como ondas eletromagnéticas, já existem, mas a avaliação da IBM é que elas são caras e têm uso restrito a poucas aplicações. A aposta da empresa é que, nos próximos anos, a combinação de dispositivos que detectam detalhes invisíveis – ou pouco visíveis – com inteligência artificial ajudaria os seres humanos na tomada de decisões.

“A tecnologia de hiperimagem pode ajudar um carro a ver através de nevoeiro ou chuva, detectar condições de estradas perigosas e difíceis, como gelo escurecido, ou nos informar se há algum objeto próximo, sua distância e tamanho. A tecnologia de computação cognitiva consegue ‘raciocinar’ e reconhecer que poderia ser uma lata de lixo ou um cervo atravessando a estrada, por exemplo, ou um buraco que poderia resultar em um pneu furado”, afirma a IBM.

Outras aplicações possíveis com essa tecnologia seriam analisar um alimento para ver se ele é seguro para a ingestão e ou se um cheque é legítimo, por exemplo.

 

As informações serão organizadas com ajuda de um “macroscópio”

Em meio à crescente oferta de dados gerados por sensores e outros dispositivos digitais, uma necessidade que deverá ser atendida nos próximos anos é a organização de grandes quantidades de informação para que conclusões possam ser tiradas. A IBM dá nome ao conceito de sistema com esse fim de “macroscópio”.

“Ao agregar, organizar e analisar dados sobre clima, condições do solo, níveis de água e sua relação com as práticas de irrigação, por exemplo, uma nova geração de agricultores terá insights que os ajudarão a determinar as escolhas corretas. Será possível, por exemplo, saber onde plantar e como produzir ótimo rendimento no plantio enquanto se conserva suprimentos de água”, avalia a empresa.

A IBM estuda desde 2012 protótipos desse tipo de aplicação em uma vinícola comercial na Califórnia.

 

Laboratórios médicos do tamanho de um chip

A análise de partículas presentes em fluidos corporais como saliva, lágrimas, sangue, urina e suor será feita por meio de minúsculos “laboratórios” contidos em um chip. O rápido avanço da nanotecnologia média fará com que, em pouco tempo, eles possam ser inseridos no organismo e tenham habilidades para fazer o diagnóstico precoce de doenças, informando se precisamos ir ao médico.

“Esses dados, combinados com demais dados de outros dispositivos habilitados para IoT [internet das coisas, na sigla em inglês], como monitores de sono e relógios inteligentes, seriam analisados por sistemas de IA [inteligência artificial] para gerar insights futuros. Quando tomados em conjunto, esses dados permitirão dar uma visão em profundidade da saúde das pessoas e alertar para os primeiros sinais de problemas, ajudando a parar uma doença antes que ela progrida”, prevê a companhia.

Os cientistas da empresa trabalham atualmente em chips capazes de isolar biopartículas de até 20 nanômetros (cada nanômetro equivale ao milionésimo de um milímetro) de diâmetro – uma escala que dá acesso a DNA, vírus e exossomas (micropartículas produzidas pelas células do corpo).

 

Monitoramento da poluição por sensores inteligentes

O uso de sensores eletrônicos para detectar poluentes que são invisíveis ao olho humano poderia combater problemas antes que seus efeitos se tornem visíveis. As máquinas trariam a vantagem da detecção precoce e da troca de informações em tempo real entre elas.

“Redes de sensores IoT [internet das coisas] sem fio conectadas à nuvem fornecerão monitoramento contínuo da vasta infraestrutura de gás natural, permitindo que vazamentos sejam encontrados em questão de minutos em vez de semanas, reduzindo a poluição e os resíduos e a probabilidade de eventos catastróficos”

Cientistas da IBM trabalham atualmente em projetos de monitoramento de produtoras de gás natural e em programas de proteção ambiental do governo dos Estados Unidos.

 

Foto: iStock/Getty Images