Por Roger Santana, TV Gazeta
Dez dias após o parto do segundo filho, uma mulher de 37 anos disse que descobriu, nesta quinta-feira (1), que estava com uma compressa esquecida durante o procedimento, realizado em uma unidade de saúde da Serra, na Grande Vitória. A Secretaria de Estado da Saúde informou que a direção do hospital estadual abriu uma sindicância para apurar a situação. O Conselho Regional de Medicina (CRM) também vai investigar o caso.
Na noite de quinta-feira, Keila foi banheiro e descobriu o que estava causando as fortes dores. “Eu não estava aguentando de tanta dor, estava sentindo calafrios. Eu vi que meu corpo estava expelindo alguma coisa, comecei a puxar com muito cuidado”, conta Keila Oliveira. Ela disse que o que saiu pela cavidade vaginal foi uma compressa de 50 centímetros de comprimento. Para ela, não há outra explicação: a compressa foi esquecida durante o parto. “Eu fiquei em desespero. É uma situação muito delicada e complicada”.
A mãe dela, a dona de casa Antonieta Ramos, acompanhou a agonia da filha. “Ela estava febril, sentia dores e eu vi que não era normal”. O bebê nasceu no dia 20 de maio, no Hospital Jayme Santos Neves, cidade onde Keila mora. A mãe dela chora ao lembrar do sofrimento da filha durante o parto. “Deixaram ela sofrer durante 15 horas, em posições muito difíceis. Ela chamava os médicos e eles diziam que era falta de exercício. Depois, a enfermeira foi no quarto e falou que tinha rasgado alguma coisa por dentro”, lembra Antonieta.
A família acredita que os médicos foram negligentes, e quer acionar a Justiça contra o hospital. Outra reclamação é a falta de exames mais detalhados para comprovar que não há nenhuma infecção causada pela compressa esquecida.
Secretaria de saúde
A Secretaria de Saúde informou que direção da unidade de saúde abriu uma sindicância administrativa para investigar o que aconteceu durante o parto e que a paciente tem recebido toda assistência necessária.
CRM
O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo também vai investigar. O vice-presidente do CRM-ES, Dr. Aloízio Faria de Souza, afirma que é papel do órgão fiscalizar a ética médica. “Sempre que houver alguma suspeita de desvio de conduta ética ou algum desvio profissional, o Conselho abre uma sindicância para apurar os fatos”.
Para Aloízio Faria, dificilmente Keila terá infecção ou complicações clínicas. “Causa um desconforto, uma preocupação na família e na paciente, é natural. Mas em termo de dano, de sequela para o paciente, o risco é muito pequeno”, explica.