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Celebridades cobram esforços na luta contra o HIV durante conferência sobre Aids

Segundo a Unaids, faltam sete bilhões de dólares por ano para que esta doença deixe de ser uma ameaça para a saúde pública mundial até 2030

Por France Presse

A Conferência Internacional de Aids iniciou seus trabalhos em sessão plenária em Amsterdã com a participação de celebridades como o príncipe Harry, Charlize Theron e Elton John, em um contexto de preocupação sobre um vírus que afeta 37 milhões de pessoas em todo o mundo.

Milhares de delegados – pesquisadores, ativistas e portadores deste vírus mortal – estão reunidos desde segunda-feira (23) para esta conferência de cinco dias, cujas preocupações são, sobretudo, os efeitos do relaxamento em termos de prevenção e a redução do financiamento internacional.

Os participantes apontam também as estritas leis contra as drogas e o fato de que se compartilhem seringas como causas do ressurgimento do vírus HIV.

Nesta terça-feira, o príncipe Harry, a atriz americana de origem sul-africana Charlize Theron e o cantor britânico Elton John contribuiram com sua influência na 22ª Conferência Internacional de Aids para favorecer a arrecadação de fundos na luta contra o vírus.

A ganhadora do Festival Eurovisão da Canção de 2014, Conchita Wurst, que anunciou em abril que era soropositiva e seguia um tratamento antirretroviral, aproveitou a cerimônia de abertura de segunda-feira para destacar o fato de que ainda há milhões de pessoas que não têm acesso a medicamentos vitais.

Com um recorde de 36,9 milhões de pessoas afetadas hoje pelo HIV, os especialistas advertiram que não se deve baixar a guarda, apesar dos avanços.

“No Leste Europeu e no Centro da Ásia as novas infecções aumentaram 30% desde 2010”, declarou a presidente da Sociedade Internacional de Aids, Linda-Gail Bekker.

Trata-se da “única região no mundo onde o HIV aumenta rapidamente, em grande parte devido ao consumo de drogas injetáveis”.

ONU não alcançará seus objetivos
“Apesar dos notáveis avanços, o progresso para acabar com a aids é lento”, denunciou Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).

E alertou que não serão cumpridos os objetivos 2020 da ONU relativos à aids “porque há lugares demais no mundo onde as pessoas não obtêm os serviços de prevenção e tratamento que necessitam”.

O vírus HIV, que é transmitido principalmente por contato sexual ou sanguíneo e que provoca a Aids, infectou quase 80 milhões de pessoas desde o início dos anos 1980. Mais de 35 milhões faleceram.

“Quando nasci, há 20 anos, com o vírus HIV, a paisagem da epidemia era muito diferente a da atualidade”, explicou Mercy Ngulube, uma jovem ativista que assistiu à conferência.

“É realmente maravilhoso poder viver uma vida na que não preciso me levantar me perguntando se temos ferramentas para combater o HIV”, considerou. “Mas também é triste viver uma vida na que sei que possuímos tais ferramentas e que algumas pessoas não têm acesso a elas”.

Segundo a Unaids, faltam sete bilhões de dólares por ano para que esta doença deixe de ser uma ameaça para a saúde pública mundial até 2030.

“Não à guerra contra as drogas”
Uma das principais causas deste ressurgimento são as legislações repressivas sobre as drogas aplicadas em muitos países, especialmente no Leste Europeu e Ásia central, incluindo a Rússia.

Por isso, um grupo de associações presente na conferência lançou uma campanha intitulada “Just say no to the war on drugs” (“Diga não à guerra contra as drogas”), modificando um conhecido lema antidrogas americano da era Regan, nos anos 1980, “Just say no” (“Diga não” às drogas).

A Conferência também prestou homenagem a seis membros da Sociedade Internacional de Aids, mortos quando estavam a caminho da conferência de 2014, em Melbourne, no voo MH17 da Malaysian Airlines, que foi abatido.

“O mundo continua pedindo justiça pelo que aconteceu nesse terrível dia”, declarou Peter Reiss, um dos presidentes da conferência.

Foto: Robin Utrecht / ANP / AFP

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