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Por que a vida melhora depois dos 50

Os melhores anos não ficaram para trás, diz autor de “A curva da felicidade”

Por Mariza Tavares, G1 Rio de Janeiro

Você acha que, aos 50 anos, chegou no fundo do poço e que sua vida não tem perspectivas? Que produtividade, criatividade e prazer estarão cada vez mais distantes, ou fora do horizonte, daqui para a frente? Prepare-se para seus melhores anos, que ainda estão por vir. Esse é o tema do mais recente livro de Jonathan Rauch, premiado jornalista norte-americano: “The happiness curve: why life gets better after midlife” (em tradução livre, “A curva da felicidade: por que a vida fica melhor depois da meia-idade”).

A curva que dá nome ao livro é no formato da letra U, ou seja, a satisfação com a própria vida vai caindo entre a faixa etária compreendida entre os 20 e 40 anos, atingindo seu ponto mais baixo aos 50, para depois subir de novo e atingir seu pico aos 60 e 70. A tese é resultado de estudos em larga escala, com uma ressalva: foram feitos em sua maioria com americanos e europeus, levando em conta condições semelhantes de renda, emprego, saúde e casamento em diferentes faixas etárias. Mesmo considerando nossa dificuldade de poupança e as mazelas do sistema de saúde, muitas das reflexões do autor podem mudar o modo de encarar a velhice.

Rauch lista os estereótipos mais comuns e afirma que a verdade sobre o envelhecimento é mais encorajadora do que parece, usando sua trajetória como pano de fundo (ele se aproxima dos 60). Em primeiro lugar, diz que chegar aos 50 não é entrar numa zona de perigo, e sim num momento de transição, que não está necessariamente vinculado a uma crise. Isso porque envelhecer é um processo que não ocorre de repente – é lento e cumulativo, o que esvazia sua dramaticidade. Em resumo: temos tempo para nos acostumar com a passagem do tempo.

Em segundo lugar, ensina Rauch, não acredite que você obrigatoriamente ficará infeliz porque está mais velho. O jornalista conta que, aos 45 anos, depois de ganhar prêmios importantes, seu pensamento recorrente era jogar tudo para o alto e abandonar a carreira. “Não teria me ajudado em nada, talvez só tivesse piorado as coisas”, lembra. “Aos 20 ou 30 anos, somos ambiciosos e competitivos, ansiosos para acumular capital social. Depois da meia-idade mudamos nossas prioridades e nosso foco passa a ser aprofundar nossa conexão com pessoas e atividades que tenham valor para nós”, explica. Em seu livro, Rauch desmonta outro estereótipo: o de que a infelicidade na meia-idade é para os malsucedidos. Segundo ele, quanto mais bem-sucedido, mais vulnerável a pessoa acaba se tornando, porque nunca está satisfeita: é quase um círculo vicioso de vitórias seguidas de uma sensação de vazio e desapontamento.

Por último, mas não menos importante: os melhores anos não ficaram para trás e sua trajetória não está em queda livre. O fato de ainda não se sentir realizado não significa que isso não possa acontecer mais tarde, quando sabemos o que queremos. Estudos nos EUA mostram que pessoas entre os 55 e 65 anos são mais propensas a abrir empresas do que aquelas entre os 20 e 34. O risco é isolar-se e não compartilhar esses sentimentos, como se fosse uma vergonha um adulto ter necessidade de dividir expectativas e temores.

Foto: YouTube

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