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Unicamp desenvolve protótipo de vacina de proteção dupla contra vírus da zika e meningite

Estudo foi desenvolvido na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, em Campinas. Vacina poderá ser adaptada a tipos diferentes de meningite, de acordo com o perfil das localidades

Por G1 Campinas e Região

Pesquisadores da Unicamp em Campinas (SP) criaram o protótipo de uma vacina capaz de proteger contra o vírus da zika e a meningite menigocócica. O estudo realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), com apoio dos institutos de Biologia e Química e dois laboratórios da instituição, já resultou no pedido de registro da patente, além da publicação de um artigo na revista “Scientific Reports”.

Em entrevista ao G1, Marcelo Lancellotti, professor e orientador do estudo, explica que a combinação dessas duas doenças em uma única vacina pode otimizar a imunização.

Como bolhas de sabão
A ideia de reunir as duas patologias surgiu como um estalo enquanto o pesquisador lavava louça em casa.

Ao observar duas bolhas de sabão se unindo, refletiu sobre as características próximas entre as moléculas das doenças. As estruturas químicas do vírus da zika e da bactéria causadora da meningite são semelhantes.

“Elas são feitas por membranas muito parecidas com as nossas membranas celulares. Foi um estalo lavando louça. Imaginei as duas moléculas, de zika e meningite, juntas”.

Vacina personalizada
A FCF já estudava uma vacina para meningite há cerca de seis anos quando surgiu a possibilidade de combiná-la com o vírus da zika. A pesquisa também destaca que vacina poderá ser personalizada com diferentes tipos de meningite, no futuro.

Anticorpos
Para juntar meningite e zika, os pesquisadores usaram uma técnica chamada de cisalhamento, caracterizada pela agitação. Em seguida, a fusão foi usada para imunizar camundongos e os primeiros resultados surgiram: os animais desenvolveram anticorpos contra vesículas produzidas pela bactéria da meningite e o vírus.

A resposta, destaca Lancellotti, é imunológica e não representa resposta contra as doenças, uma vez que os animais testados não se infectam com os dois itens analisados durante o estudo.

A próxima etapa é dar continuidade aos testes para verificar a possibilidade de produzi-la em escala industrial. Lancellotti estima no mínimo mais cinco anos de estudos para que a vacina possa ser disponibilizada.

Além de mencionar que a metodologia é mais barata e simples, quando comparada à técnica de DNA recombinante (gene do vírus da zika é removido e introduzido em bactéria), ele ressalta que outra vantagem está no fato de que não usa ovos embrionários, comum, por exemplo, na vacina da gripe.

Foto: Antoninho Perri/Unicamp