Parasitas evoluíram para ser mais infecciosos na hora do dia em que os mosquitos se alimentam. Descoberta explica por que as pessoas com a doença sofrem episódios regulares de febre
Por G1
Os parasitas da malária evoluíram para ser mais infecciosos na hora do dia em que os mosquitos se alimentam, para maximizar as chances de disseminação, mostra um estudo divulgado por pesquisadores da Universidade de Edinburgh nesta quinta-feira (4).
A descoberta explica por que as pessoas com a doença sofrem episódios regulares de febre. Estes ocorrem quando os parasitas que causam a malária se replicam na corrente sanguínea de pessoas ou animais infectados, em preparação para serem apanhados por um mosquito picador.
O estudo é o primeiro a fornecer fortes evidências para essa ideia, que foi sugerida pela primeira vez há 50 anos.
Como o uso crescente de mosquiteiros por pessoas nas regiões afetadas leva os mosquitos a se alimentarem durante o dia, os parasitas da malária também podem ter que adaptar seu comportamento para que possam espalhar a infecção durante o dia, sugerem os resultados.
Experimento com ratos
Os cientistas estudaram os ritmos diários de parasitas da malária e os mosquitos vetores, ou seja, os mosquitos que os espalham.
Em um experimento em laboratório com ratos, os cientistas usaram a luz e a escuridão para alterar separadamente os horários de dia e noite dos mosquitos e parasitas da malária. Ao alimentar alguns insetos durante o dia e outros durante a noite, eles aprenderam como a capacidade de ambos (os parasitas de causar infecção e a vulnerabilidade dos mosquitos a doenças) variavam dependendo da hora do dia.
Seus resultados mostraram que os ciclos de febre na infecção por malária provavelmente evoluíram para produzir formas do parasita que são infecciosas para os mosquitos em sincronia com os ciclos de alimentação dos insetos. Eles também mostraram que os mosquitos são mais suscetíveis à infecção durante o dia.
A Dra. Petra Schneider, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Edimburgo, disse: “Há muito se suspeita que parasitas da malária cronometram sua replicação para maximizar suas chances de transmissão por mosquitos. Nossas descobertas fornecem informações valiosas sobre como esta doença se espalha, e poderia informar medidas para controlá-lo”.
A malária
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Estes mosquitos costumam circular mais ao entardecer e ao amanhecer. Mas também picam durante a noite, em menor quantidade.
Pode causar febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça. Algumas pessoas também podem apresentar náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.
Dentre os métodos de prevenção estão o uso de redes protetoras em janelas e portas, mosquiteiros e repelentes.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a maioria dos casos de malária se concentra na região Amazônica, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Foto: Jim Gathany/CDC/Reuters