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Consumo de gordura trans pode aumentar o risco de Alzheimer, diz estudo

Altos níveis de gordura trans no sangue foram ligados ao aparecimento de demência na fase adulta.

 

Por Huffpost

 

Gorduras trans estão presentes nas chamadas “junk foods”, como ultraprocessados, comidas congeladas, batatas fritas e fast-food. Um estudo brasileiro revelou, inclusive, que esta gordura está presente até mesmo em alimentos que alegam ter “zero” gordura trans em sua composição. A caça às gorduras trans se deve ao seu efeito negativo à saúde do coração e, agora, um novo estudo sugere que ela também pode aumentar o risco de demência.

O estudo, publicado no jornal científico Neurology no final de outubro, mostrou que ter altos níveis de gordura trans no sangue pode aumentar o risco de ter Alzheimer entre 50% e 75%, em comparação às amostras de sangue com baixos níveis da gordura.

Pesquisadores acompanharam mais de 1,6 mil pessoas no Japão por 10 anos para averiguar o impacto da dieta na saúde.

Todos os participantes iniciaram o estudo sem sinal de demência. Também foram feitos testes no sangue dos pacientes para acompanhar os níveis de gordura trans na corrente sanguínea.

Em vez de submeter os pacientes a questionários frequentes, os pesquisadores utilizaram exames de sangue, “o que aumentou a validade científica dos resultados”, observou Dr. Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção de Alzheimer na Cornell Medicine em Nova York e co-autor do estudo. “Esse estudo é importante porque ele mostra evidências de que a o consumo frequente de gordura trans pode aumentar o risco de Alzheimer”, acrescentou Isaacson à CNN.

“Este estudo demonstra que há um resultado negativo para nosso cérebro, além do impacto ao coração, que está relacionado à dieta rica em gordura trans”, acrescentou o neurologista Dr. Neelum T. Aggarwal, também envolvido no estudo.

Durante o estudo, 377 participantes desenvolver algum tipo de demência e o alto nível de ácido elaídico, que é a gordura trans, no sangue foi significativamente associado a maior risco de desenvolver demência. “Os resultados sugerem que o ácido elaídico [gordura trans] mais elevado no sangue é um possível fator de risco para o desenvolvimento de demência por todas as causas em idade adulta. As políticas de saúde pública para reduzir a gordura trans produzida industrialmente podem ajudar na prevenção primária da demência”, concluiu o estudo.

Os pesquisadores afirmam que os participantes que tinham o costume de consumir doces industrializados tiveram um aumento do nível de gordura trans no sangue. Outros alimentos que são “fortes contribuidores” são margarina, doces industrializados, croissants e outros pães industrializados, sorvetes de massa e biscoitos vendidos em supermercados.

Por que gordura trans é perigosa?

Enquanto especialistas aconselham o consumo da gordura insaturada, a famosa “gordura boa”, e liberam a gordura saturada com moderação, encontrada nas carnes e manteiga, nenhum especialista encoraja o consumo da gordura trans.

Por aumentar o colesterol “ruim” (LDL) e ainda reduzir o colesterol “bom” (HDL), o que pode acarretar diversos problemas cardiovasculares, não há quantidade segura para ser consumida. Estudos comprovam que a gordura trans está relacionada ao aumento do risco de doenças cardíacas, como derrame, infarto, entre outros males.

Com tantas evidências de que essa gordura não é saudável, a indústria tem diminuído sua utilização de forma expressiva. Mas ela ainda é usada porque “é mais barata, dá mais sabor ao alimento e aumenta o prazo de validade”, conforme explicou a nutricionista do Idec, Laís Amaral, ao HuffPost em junho deste ano.

A gordura trans é formada por um processo químico no qual óleos vegetais são transformados em ácidos graxos trans. Esse processo confere sabor e crocância marcantes.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão que regulamenta o setor, discute formas de restringir o uso da gordura trans em alimentos. No ano passado, houve uma reunião para discutir sobre o tema e a agência prevê uma consulta pública ainda para este ano.

A agência tem duas opções em análise: a primeira é impor limites máximos de gordura parcialmente hidrogenada e a segunda é a total proibição.

 

Foto: DZEVONIIA VIA GETTY IMAGES